Como herança de uma família de italianos e portugueses, adquiri nos últimos anos o gosto pela cozinha. Avessa às artes culinárias por puro preconceito feminista, foi uma deliciosa surpresa entrar em contato com as magias do criar, cozinhar, alimentar.
Comida é símbolo de afeto. Desde cedo o bebê recebe os seios de sua mãe e o leite dele proveniente como fonte inquestionável de amor e segurança. Ora, por que com os adultos seria tão diferente? Alimentar sua família, servir os amigos, não seria um ato igualmente afetivo, amoroso, de cuidar de quem se ama?
Nos últimos tempos, descobri meu amor pelos antepastos. Roubando dicas aqui, acrescentando coisas ali, dando vazão ao puro feeling gastronômico, fui criando um cardápio humilde porém cuidadoso de receitas fáceis e charmosinhas. E qual não foi o encanto de descobrir que, para a família e amigos, o momento da cozinha era um programa especial, Dia de Cozinhar.
Na minha casa todos sempre cozinhavam e eu ficava de fora, vendo TV ou no máximo lavando pratos. Foi maravilhoso finalmente me incluir nas tarefas culinárias e descobrir o prazer de ver o alho, picado com carinho, se juntar ao fio de azeite cuidadosamente despejado na panela de inox. A voz de meu pai me vem imediatamente à memória: “Todo bom prato, filha, começa com alho, azeite e cebola num fundo de panela”. Está certo pai - o cheiro contamina o ambiente; bocas salivam, olhos pulsam ao ver os tomates, cebolas e temperos serem unidos num abraço gastronômico. A fatia do pão italiano serve de leito à mistura simples e honesta, formando uma bruschetta ao pomodoro das mais caseiras. A folha de manjericão é um ornamento aos olhos: hora de se deleitar.
Com o passar do tempo, fui ganhando segurança. Nunca soube usar o sal, visto que vivo numa família de hipertensos. Como flexibilizar o paladar e agradar a todos? Pura arte humana de se relacionar! Uma experiência aqui, outra ali, o saleiro na mesa garante a segurança da situação. Tem pra todos. Afinal, nem sempre o que está sendo levado em conta é o sabor em si, mas arte do processo, da criação, das descobertas de um novo tempero ou da habilidade incrível de uma amiga de cortar rapidamente os ingredientes: criação coletiva porém liderada, assim é o cozinhar amoroso que une a fome, a vontade de comer e o desejo de cuidar, com delicadeza, dos desejos alheios.
Bruschettas, molhos, pastas. Símbolos de afeto que pouco têm a ver com comida. Iniciante na gastronomia, porém veterana do amor, entrei em um dilema sobre em qual seção este texto melhor se encaixaria. Pura formalidade, como a separação e ordenação dos pratos de uma refeição. Na dúvida, resolvi por priorizar o concreto, a comida em si – não fosse isso, serviria de bom grado meu coração numa bandeja, totalmente imerso num fio de carinho e pedaços de consideração.
Comida é símbolo de afeto. Desde cedo o bebê recebe os seios de sua mãe e o leite dele proveniente como fonte inquestionável de amor e segurança. Ora, por que com os adultos seria tão diferente? Alimentar sua família, servir os amigos, não seria um ato igualmente afetivo, amoroso, de cuidar de quem se ama?
Nos últimos tempos, descobri meu amor pelos antepastos. Roubando dicas aqui, acrescentando coisas ali, dando vazão ao puro feeling gastronômico, fui criando um cardápio humilde porém cuidadoso de receitas fáceis e charmosinhas. E qual não foi o encanto de descobrir que, para a família e amigos, o momento da cozinha era um programa especial, Dia de Cozinhar.
Na minha casa todos sempre cozinhavam e eu ficava de fora, vendo TV ou no máximo lavando pratos. Foi maravilhoso finalmente me incluir nas tarefas culinárias e descobrir o prazer de ver o alho, picado com carinho, se juntar ao fio de azeite cuidadosamente despejado na panela de inox. A voz de meu pai me vem imediatamente à memória: “Todo bom prato, filha, começa com alho, azeite e cebola num fundo de panela”. Está certo pai - o cheiro contamina o ambiente; bocas salivam, olhos pulsam ao ver os tomates, cebolas e temperos serem unidos num abraço gastronômico. A fatia do pão italiano serve de leito à mistura simples e honesta, formando uma bruschetta ao pomodoro das mais caseiras. A folha de manjericão é um ornamento aos olhos: hora de se deleitar.
Com o passar do tempo, fui ganhando segurança. Nunca soube usar o sal, visto que vivo numa família de hipertensos. Como flexibilizar o paladar e agradar a todos? Pura arte humana de se relacionar! Uma experiência aqui, outra ali, o saleiro na mesa garante a segurança da situação. Tem pra todos. Afinal, nem sempre o que está sendo levado em conta é o sabor em si, mas arte do processo, da criação, das descobertas de um novo tempero ou da habilidade incrível de uma amiga de cortar rapidamente os ingredientes: criação coletiva porém liderada, assim é o cozinhar amoroso que une a fome, a vontade de comer e o desejo de cuidar, com delicadeza, dos desejos alheios.
Bruschettas, molhos, pastas. Símbolos de afeto que pouco têm a ver com comida. Iniciante na gastronomia, porém veterana do amor, entrei em um dilema sobre em qual seção este texto melhor se encaixaria. Pura formalidade, como a separação e ordenação dos pratos de uma refeição. Na dúvida, resolvi por priorizar o concreto, a comida em si – não fosse isso, serviria de bom grado meu coração numa bandeja, totalmente imerso num fio de carinho e pedaços de consideração.