quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Ou quer que eu desenhe?

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Rap do Adeus

Atacando de Mc Naninha!
Perdoem a falta de estilo e experiência, fui influenciada pelo som constante em meu carro...
A falta de concordância verbal e nominal, os erros de português e as gírias estão presentes para se adequarem ao estilo 'periférico' do tema.
Licença poética, pode ser? :)

RAP DO ADEUS

Era tipo uma paixão, daquelas de televisão
Em que os anos vão passando e não rola erosão
Mesmo longe, a presença um no outro era forte
E um dia tinham dito, junto tamo até a morte
Três anos se passaram, e mesmo estando com outra
Não largava do pé dela, mesmo todos sendo contra
Iludiu, encantou, encheu ela de esperança
Tipo assim, quando se dá um doce para uma criança
Disse que amava, que sonhava, que queria mais que tudo,
E quando viu que ela queria, se mostrou um vagabundo
O cara chega e diz (meu irmão, presta atenção!),

'Aí, eu menti, não te amo mais não
Era carência, era apego, e não a porra da paixão
As coisa acaba aqui, muda aqui minha previsão
Dá o fora, bonequinha, hoje aqui eu sou Tigrão!'
Depois ainda vacila, dá uma de cusão,
Ofende tua família, teus amigos, teus irmão,
Joga pro ar suas crenças e te vira do avesso
Mostrando que homem só muda mesmo de endereço

Uns dias depois vem balançando o rabinho,
Retirando o que disse, tipo assim, bem bonzinho,
Se faz de desentendido, ô dó, coitadinho
Diz que nunca queria que tudo fosse assim
Que não queria que o que disse fosse o fim
Que ela era referência em sua vidinha vazia
E que nada daquilo era de fato - não valia

E a mina trouxa, mesmo assim quase caiu,
Pensou no prego, achou que curte, sua família tudo viu
Que dentro dela ainda era forte, o coração batia a mil
Quando leu suas palavras, seu ar quase sumiu
Pensou em dar pra trás, perdoar aquele vadio
Mas pela ofensa ou vergonha, ou pela humilhação
Talvez por amor próprio, pra poupar seu coração
Deu adeus àquele jogo de suja sedução
Pôs um fim em mais um ciclo de pura obsessão

Num lampejo de razão, se levantou e disse não!
E se lembrou de um verso, feito por um irmão
'Me humilhar não vai, vai tirar o caralho,
Levanta teu rabo MESQUINHO e sai!'

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Hoje eu ODIEI São Paulo

Pois é, quem ainda não sabia que eu sou volúvel?

Ontem de madrugada cheguei em São Paulo odiando mais do que nunca a mesma cidade que me encantou alguns dias atrás. E a sensação de estar de volta a Gothan City não passou nem perto de ‘estar em casa’. Pelo contrário, é como se eu estivesse viajando e chegando num lugar onde eu não queria estar. E a de ter deixado meu verdadeiro lar para trás.

Já há alguns anos penso em sair de São Paulo, e me mudar de mala e cuia pra Ilhabela, cidade onde praticamente nasci e vivi toda a minha infância. A cidade mais pacata do mundo fora de temporada, e a que, na verdade, guarda meu coração, além da maioria das minhas histórias e amores.


Certas coisas de fato não têm preço, e viver uma vida colorida é uma delas. Ter qualidade de vida no seu cotidiano, outra. Criar seu filhos (imaginários, por enquanto) num lugar mais seguro e bonito, outra maior ainda. Viver junto à Mãe Terra... ah...


Às voltas com este pensamento, me pego imaginando uma vida ideal. Acordar, ter um trabalho honesto e que me traga tranqüilidade financeira. Nada de mais, nunca fui materialista, apenas ganhar o suficiente para poder pagar minhas contas e poder tomar uma coisinha de vez em quando. Poder caminhar a beira do mar quando enfim o descanso pudesse ser aproveitado, curtir uma praia aos fins de semana, ou um frio e chuva batendo nas árvores a 2 metros de mim. Poder ver algumas estrelas no céu de vez em quando. Receber os amigos e oferecer meu lar, minha casa, minha cidade, para aqueles que a valorizam.


Na realidade, em palavras, isso não parece nada de mais. É impossível traduzir em palavras a mudança que se dá em mim estando aqui e estando lá. A irritação, a tensão, o nervosismo, o mau humor que me dominam cada vez que estou ‘sampando’. E a leveza de espírito quando estou lá.
Diversas vezes as pessoas me perguntam se eu conseguiria mesmo viver em um lugar tão pacato... e eu própria me questiono sobre como seria abrir mão de certas coisas que só mesmo a cidade grande proporciona: vida social intensa, cinema na esquina de casa, Mc Donald´s em cada bairro. Mas isso é muito? Qual a escala de valores que as pessoas usam para definir o que é bom mesmo e o que é meramente circunstancial?


São dilemas básicos, que podem ser traduzidos em uma simples confrontação: natureza menos luxo pode resultar em felicidade?


O que você escolheria? Uma prancha nova ou um PlayStation de Natal para seus filhos?


Um quintal macio e verde com tatus-bola ou um playground de areia com um trepa-trepa?


Uma noite de amor no Harmony, com ofurô aquecido, ou numa praia meio mambembe, com teto solar natural?


Tem todo o lance do apego à minha família... consigo eu viver sem ver as carinhas de minha mana e minha mãe todos os dias? Consigo me limitar a vê-las de fim de semana? 200 km separam o litoral de nossa capital... consigo eu atravessar essa distância em virtude de um sentimento que, a princípio, bateria todo santo dia de meu Deus? Ou será que aí sim eu valorizaria as pessoas queridas que tenho ao meu redor, ao invés de às vezes trata-las como cachorros, simplesmente por estar irritada com o fato de não respirar muito bem nessa metrópole maluca?


Muitas questões, poucas respostas, ações menos ainda.


Pé no freio, vida real, pois por enquanto o semáforo encontra-se vermelho.


Alô, Nana, tem alguém aí? Ou seu espírito gnomo, como a sábia Marli definiu, já está lá novamente?


Muitos desejos, poucas realizações, coragem menos ainda.


Vai crescer? Ta difícil? Quer moleza senta na gelatina...
A vida é uma só, e somos responsáveis por toda a felicidade ou tristeza que dela advém... seja ela referente à uma cidade especial, um relacionamento traumático, uma mudança de emprego. Falta coragem? Pra ser feliz?


Eu estou fazendo a minha escolha.


E você? Quando vai fazer a sua?

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Hoje eu amei São Paulo

Ontem eu fui pra praia, e voltando pra São Paulo, amaldiçoei Gothan City. Passando por Cubatão, com aquelas chaminés cuspindo fumaça, eu me senti num cenário tipo assim, SinCity, sabe como é?
E detestei morar em São Paulo.

Mas hoje, caminhando na Av. Paulista rumo ao Reino de Piratópolis, mais conhecido como Stand Center, eu vi um besouro voando no céu.

Sim! Um besouro!

Foi como ver uma luz no fim do túnel, e perceber que, no meio destes arranha-céus, ainda existe alguma vida selvagem.

Uns 30 metros pra frente, notei uma plantinha, um pequeno brotinho de algum tipo de mato ou praga vegetal, crescendo entre uma fissura no concreto da calçada. Nessa hora então eu quase chorei. É a natureza vencendo a guerra.

E ali, andando na Paulista, em meio a executivos, proletariados, banqueiros e mendigos, ouvindo SNJ e cantarolando “Se tu lutas tu conquistas é tipo assim...” eu me senti invadida por um sentimento enorme de amor pelo mundo, de amor pelas pessoas, de vontade de dar 100 reais pro mendigo bêbado da esquina comprar um mé, e de pegar no colo aquele cachorrinho fofo e cheio de sarna que me seguiu por um tempo. Vontade de sorrir pra todo mundo sem me importar se correria o risco de escutar baixarias, e de ter 10 milhões pra pagar o tratamento daquela mulher que tem câncer e usa máscara de Michael Jackson na esquina da Rua Antônio Carlos.

Senti vontade de abraçar aquele pivete neguinho que olhou pra mim com cara de fome, de trazer ele pra casa e dar sorvete na boca dele, sem ter medo de ele ter uma dúzia de manos parceiros que viriam correndo roubar o meu apê.

O mais impressionante foi que, ao ser invadida por este sentimento, eu me peguei olhando pra Paulista com carinho e devoção, afinal ela já foi palco de tantas histórias da minha vida.

O Parque Trianon, onde eu costumava ir fumar um cigarro escondida do segurança da porta do Dante, ali na saída da Peixoto Gomide. O ponto de ônibus em frente ao Center 3, onde eu e uma amiga uma vez conhecemos uma garota muito louca que nos apresentou uma parte da vida que geraria histórias durante muitos anos. O antigo Subway, onde matei tantas laricas. A esquina da Joaquim Eugênio de Lima, onde uma vez um quadro foi pintado sob a mira de 4 olhos apaixonados.

Tanta história! Tanta coisa... O Mambo Bazar, onde já cometi pequenos delitos e vi meu professor gato de Inglês andando com uma sunga tipo gay assumidaço, e me decepcionei. A Casa das Rosas, o Masp, onde vi meu primeiro Monet e me apaixonei pelo Impressionismo... puta que pariu!

Então eu cheguei em casa, olhei pela minha janela gradeada, vi uma dúzia de outros prédios, e lá na frente, uma andorinha, que mesmo assim, sozinha, fazia o verão dela. Sorri... ‘se tu lutas tu conquistas tipo essas...’
São Paulo... amada por uns, odiada por outros... leva o nome de um santo, que até hoje protegeu a cidade de ser dominada como tantas vezes tememos. A cidade que abriga uma diversidade enorme de raças, culturas, crenças, e que permite que ainda possamos ver o sol surgir ou a Serra do Japi lá no fundinho, onde estaria o horizonte. A cidade que é cheia de conhecimentos, de ignorância, tecnologia, de circunstâncias às quais sobrevivemos... cidade de parques, de bairros, de vilas, de vielas, de comunidades, de músicas, de fé, de fuga. De gírias, de medo, de pesadelos, Vaz de Lima...

Hoje eu amei São Paulo. Tipo um delírio... eu não via nada, apenas a cidade, apenas o meu lar.

Com suas cores cinzas, seu becos e periferias, com sua pobreza típica de megalópole. Hoje eu amei a 5ª maior cidade do mundo, e fiz parte dela como nunca havia feito. Me senti parte do cenário, mais uma cabeça, mais um pontinho no pontilhismo urbano da minha cidade, mais uma pessoa entre tantas outras, entre tantas histórias, e senti que nenhuma das maiores infelicidades é tamanha perto do tamanho dessa cidade que é São Paulo.

Porque hoje, e somente hoje, eu vi um besouro voar no céu...