quinta-feira, janeiro 29, 2009

Sobre livros e leituras

"O belo só continua belo quando acompanhado do bom e do verdadeiro" - Platão

Quem me conhece sabe: sou apaixonada por livros. Acredito piamente que, como dizia Marco Túlio Cícero, uma casa sem livros é como um corpo sem alma. Parafraseando outro dos grandes mestres, Jorge Kishikawa, quando fico sem ler, tenho hipoglicemia na alma - e por isso meu carro, meu quarto, minha casa e meu mundo é totalmente recheado de livros.

Como sério vício que possuo, a compulsão por comprar e trocar livros é grande. Me ponha dentro de uma Livraria Cultura e é capaz de me acharem somente dias depois, já meio desnutrida dentro do estoque. Tenho o péssimo hábito de, com muita frequência, comprar vários livros ao mesmo tempo – o que, invariavelmente, resulta numa pilha constante em cima do meu baú, que tento há anos (juro, anos) zerar e nunca consigo. Novos títulos vão sendo agregados à esta pilha, vários sendo lidos ao mesmo tempo, sem qualquer ordem ou sistematização. Meu vício é caótico.

Neste exato instante, olho para esta pilha de livros. No momento, ela conta com 9 títulos (Cem sonetos de amor de Pablo Neruda, já semi-lido; A ignorância e Risíveis Amores de Milan Kundera, meu autor preferido; Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley – devidamente recomendado pela querida Luli - , O guardião de memórias, de Kim Edwards e Fragmentos e Aforismos de Nietzsche, todos os 3 intocados; Filosofia Incomum de Marcia Tiburi e O Mundo de Sophia de Jostein Gaarder, ambos parcialmente lidos; e O Vendedor de Sonhos de Augusto Cury).

A pilha empacou especificamente por causa deste último livro. Nunca gostei do Augusto Cury, mas comprei o livro por recomendação de um amigo. Sequer li a contracapa, e quando comecei a leitura, logo no prefácio já saquei a arrogância do autor. Odeio gente arrogante, incluindo a mim mesma em certos estados alterados de humor, e por isso mesmo resolvi ler a peça. Empaquei. Não aguento mais ler nem uma linha sequer, e tenho ganas de, pela primeira vez desde a sexta série (com Ensaio sobre a Cegueira, do mestre Saramago), abandonar a leitura do livro pela metade – acreditem, é algo impensável para mim.

O problema não é o conteúdo do texto (bom, maneirinho, bem elaborado), mas o tom explícito de auto-ajuda. Me enerva. Assim como a leitura de certas revistas te faz se sentir “menos alguma coisa” (a Caras, a menos rica; a Boa Forma, a menos em forma; a Vogue, a menos bem-vestida; a Contigo, a menos informada; a Veja, a menos politizada), os livros que se apresentam tão claramente de auto-ajuda me fazem me sentir uma completa fracassada. Não apenas pelo tom simplório da escrita, que vamos combinar, é ótima no quesito “texto acessível a todos”, mas pelo grau de hipotetização absoluta dos personagens, pela estereotipia massiva em torno de todas as situações, do conto de fadas às avessas, puro estigma.

Acredito, não apenas como ser humano, mas também como terapeuta, que toda forma de estigmatização é preconceituosa – o livro, nesse nível, não deixa a desejar, pois lentamente vai mostrando ao leitor que dentro de todo ser humano existem aspectos opostos, dinâmicos, extremos. O bêbado irrecuperável aos poucos vira um sábio bonachão; o intelectual arrogante vira um humilde e emotivo pai de família; o ladrãozinho mequetrefe começa a aprender a dividir. Nada mais lúcido.

Tudo lindo se não fosse o maior dos clichês, e a verdade é que os clichês me incomodam horrores. Talvez eu mesma seja o cúmulo do clichê – uma psicóloga completamente maluca que toma remédios restritos, um curador ferido, um pajé meio zuado – mas tenho percebido, ao longo da vida e da profissão, que os clichês, por si só, não transformam nenhum indivíduo. Por consequência, não acredito que o livro do querido Dr. Cury, que, como ele mesmo proclama em seu prefácio, “escreve há mais de 25 anos e publica há 8, mais de 3 mil páginas inéditas”, vá ser um gatilho bem sucedido das mudanças sociais que ele tenciona catalizar. Tenho visto exemplos mais eficazes, mais próximos da realidade, alcançarem as massas com mais fervor – é o caso do lindíssimo Comer, Rezar e Amar, A cidade do Sol ou mesmo A cura de Schopenhauer, todos bests sellers menos renomados ou de fama tardia. *

O óbvio apelo religioso do livro também me incomoda. O jeito "não estou querendo defender a coisa, mas já defendendo...” do autor ao citar passagens bíblicas ou o próprio Jesus de Nazaré me soam lavagem cerebral subliminar – o que é totalmente diferente do que colocar pitadas de uma espiritualidade latente que está prestes a explodir, de forma não-religiosa, como em Comer, Rezar e Amar.

A realidade tal como se apresenta (negativa, massacrante, muitas vezes turva e vingativa) parece ser um meio muito mais ágil de tocar as pessoas. Todo mundo já viveu a dor, a perda, a ilusão, o que gera identificação imediata por parte do leitor. A verdade é que um texto belo e gramaticalmente bem escrito já não atinge a alma humana como agente de mudanças, apenas tangencia aquele sentimento de “uh-oh, realmente tem algo errado”. Como já dizia Platão, o belo só permanece belo se acompanhado do bom e do verdadeiro.

Confesso que sou intensa – sendo assim, apenas o drama realmente me comove e me agrega algum valor. Falo apenas por mim, e talvez aqui esteja sendo tão arrogante quanto o que mais detesto. Afinal, quem sou eu para criticar tão abertamente alguém que atingiu a fantástica marca de “7 milhões de livros vendidos somente no Brasil”? Admitamos, é um feito. E, na realidade, será que eu mesma conseguiria reunir elementos tão intrincados como o Dr. Cury, e ainda promover uma história com sentido e efeito romântico como em O Vendedor de Sonhos?

Honestamente não sei. Minhas idéias literárias jamais saíram do mundo das idéias, e nem mesmo sei se um dia se transformarão em tinta sobre celulose. Eis aqui um manifesto pró-realidade, e tão somente isso. Se a intenção é incentivar a independência emocional, nada melhor do que um belo drama caótico sobre a própria dependência. Não precisa nem prometer uma ajuda – todo mundo sabe que somente o desejo é responsável pela mudança. Nesse sentido, uma leitura simples e direta como Ping – a busca de um sapo por uma nova lagoa já é super bacana e lúdica (e nesse caso eu conheço os efeitos pois eu mesma recomendo a leitura para meus pacientes), ou Pollyana, que como bem disse o querido Fiore, foi o primeiro livro de auto-ajuda escrito, mas muito bem disfarçado de romance. Pros mais politizados, A Revolução dos Bichos também dá no que pensar, apesar do nítido tom anti-comunista, ou então absolutamente qualquer um dos livros do Kundera. O fato é que livro bom é como filme bom: depois de ler, você ainda fica pensando. Literatura que você lê e depois esquece é tão obsoleta quanto um Big Mc - fácil digestão, fácil excreção (argh).

Quanto à leitura do livro, penso em insistir mais um pouco. Fiquei sabendo, recentemente, que O vendedor de sonhos será uma trilogia, o que me faz me sentir culpada em não ler sequer o primeiro volume até o final (os outros, me desculpem, não vai dar). Como em toda situação em que me pego sendo crítica demais, espero que o que estou cuspindo pra cima caia bem no meio da minha testa – do contrário, fatalmente meu universo particular de livros ‘líveis’ tornará a se restringir às biografias, romances realistas ou fantasias água-com-açúcar. E viva o Crepúsculo!

*Referências Bibliográficas:
“Comer, Rezar e Amar” – Elizabeth Gilbert. Objetiva, 2007.
“Pollyanna” – Eleanor H. Porter. Nacional, 1987.
“A cidade do sol” – Khaled Hosseini. Nova Fronteira, 2007.
“Ping – a procura de um sapo por uma nova lagoa” – Stuart Avery Gold. Best Seller, 2007.
“A Revolução dos Bichos” – George Orwell. Globo, 1945.
"A cura de Shopenhauer" - Irvin D. Yahom. Ediouro, 2005.
"Crepúsculo" - Stephanie Meyer. Intrínseca, 2008.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

. just for the records.

Caos

2 horas e meia depois de ter deixado para trás minha amada ilhota, reconheci, num piscar de olhos, que estava no inferno.


Foram outras 2 horas e 40 minutos para atravessar os 9km que separam a entrada de São Paulo da minha casa, trajeto este feito inteiramente pela Marginal do Tietê. O cenário, caótico, me embrulhou o estômago: um mar de carros se espalhava por todos os lados, sob um céu pesado e negro de chuvas.

Demorei o mesmo tempo que percorri 200km para atravessar o que era para ser o grande facilitador da vida urbana, não fossem os milhões, bilhões, trilhões de caminhões barulhentos, sujos, cuspindo fumaças negras em cima de mim, em pleno horário proibidíssimo para seu trânsito.

Outros carros se esmagavam como sardinhas em lata. Olhei ao redor, um grande estacionamento a céu aberto. Me senti sufocar. O estômago revirava. A irritação crescente dominava meus sentidos e a vontade era de gritar, chorar, me indignar contra a realidade em que vivia. A claustrofobia me alcançou: não havia para onde ir, por onde sair, nenhuma outra alternativa. Estava presa. Meu coração absolutamente ressentido.

Me lembrei, em poucos segundos, do meu velho e abandonado projeto de deixar esta cidade cinzenta, e me perguntei: por que? Por que ainda estou aqui? O que me prende? O que afinal eu quero do meu futuro?

As pessoas se xingavam. As buzinas quebraram minha cabeça. O cheiro fétido parece ainda estar em mim. A tristeza era geral.

Onde fomos parar? Que tipo de vida é essa, em que as pessoas passam o dia trabalhando até desenvolverem uma úlcera, viciadas no próprio tédio, e quando vão para casa, enfrentam uma verdadeira viagem, na qual morrem lentamente pelo excesso de monóxido de carbono?

Que tipo de vida é essa oferecida pelo nosso mundo, ou pela merda do nosso governo, que me pune pela falta de documentos, mas que fecha os olhos para a verdadeira horda de transgressores engravatados que legislam sobre nossas cabeças, todos os dias?

Por fim, que tipo de vida leva a grande massa do nosso país, que perde a saúde tentando ganhar a vida, sustentar a família, construir algum patrimônio, fazer algum dinheiro, para depois, anos mais tarde, gastar todo este dinheiro para recuperar a saúde?

É um completo contrasenso, esse não pode ser o mundo que sonhamos em viver, não pode ser esta a vida com que contamos, não podem ser estes os valores que defendemos. Este não é o mundo que planejei para mim, esta é a extinção, desculpem, não aguento mais, vou vomitar.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Ode à autenticidade

Não atendo Pierrots; não finjo Colombinas...

Difícil te ler sem poder, a um mesmo tempo, te ver e te escutar. Saber de você é um paradoxo – te tenho próximo à distância, te afastas quando está perto de mim. Num mar de rostos o teu se iluminou, com um pouco de solidão eu pude te sentir. Onde estás quando estás ao meu lado? Em que subterfúgios te escondes? Que meios existem de acessar seu eu real?

Por que persegues padrões ideais? Por que hiperdimensionar algo tão simples? Gosto do teu semblante tranquilo, de seu tipo comum, cansei de super-homens e tampouco pretendo ser mulher-maravilha. Não preciso de cerimônias. Por que temes a realidade? Seja você mesmo que de certo me encantarei por seus atributos; finja tuas qualidades e me terás distante, não abraço máscaras, não atendo Pierrots nem finjo Colombinas. Por que forjas esta naturalidade tão pouco convincente? Não há dramas desta vez, não há entrelinhas num contrato fraudulento – sou eu essa, quem é você?

Mostre a mim a sua face mais secreta e a receberei como um presente – o objetivo não é te amar, e sim te conhecer. A honestidade mais profunda é meu maior afrodisíaco, arrisque você a ser genuíno, autêntico, espontâneo, jogue suas fichas em você mesmo e leiloe sua paixão. Reconheço o brilho da sinceridade quando a vejo, identificarei no seu olhar se aceitar meu desafio - nessa mesa de jogo apostei minha alma. A sorte está lançada, estarei esperando do outro lado da roleta.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

A Ex

Entre todas as figuras míticas e imponentes de nosso vasto imaginário popular, nenhuma é tão temida, enigmática e desprezada quanto Ela. Mais odiada do que a Sogra Mala, mais vingativa do que a Madrasta Má, mais canalha do que O Chefe, ela se faz onipresente, assombrando as cabeças desequilibradas e já um tanto fodidas da maioria das namoradas. É ela: a Ex-Mulher.

Falar sobre a Ex-Mulher não é como falar sobre qualquer tipo de ex. A primeira letra maiúscula que carrega não é por acaso – ela é a Rainha das Ex, cujo cetro é o papel onde está escrito, preto no branco, que algum dia ela já foi chamada de Esposa. O casamento concreto (seja civil, seja religioso) é a coroa da Ex-Mulher, e o divórcio a ruína das namoradas subsequentes do homem em questão.

Pior do que a Ex-Mulher, só mesmo a sua espécime evoluída e mais aperfeiçoada: a Mãe-da-Minha-Filha (ou Filho, mas preferi o termo Filha). Essa é a filha-da-puta de todas as filhas-da-puta, víbora das víboras, ganhando até mesmo dO Político ou do Vizinho-do-Lado. Os problemas do relacionamento entre uma mulher e um homem que venha com o clássico “chaveirinho” geralmente passa pela Mãe-da-Minha-Filha, existindo, é claro, raríssimas exceções.

A verdade é que a Ex-Mulher goza de um papel extremamente poderoso na relação já fracassada com seu ex-marido, especialmente quando há uma criança envolvida. E, geralmente, tal poder foi conquistado às custas de muita manipulação, chantagem emocional e ameaças judiciais envolvendo a guarda do pimpolho. Isso faz com que, quando se trata da Ex-Mulher, todo cuidado seja pouco, o homem acaba pisando em ovos e, via de regra, ela acaba possuindo todos os benefícios e prioridades que deseja.

Fatalmente, o(a) fedelho(a) é a desculpa perfeita. Por causa “dele(a)”, o homem se torna mais suscetível aos caprichos da Ex, o que é o gatilho perfeito para que a Nova Namorada se torne uma louca obsessiva e enciumada. Desconte-se aí o fato de que a criança não tem culpa, e tem-se um caldeirão borbulhante e propício a futuras encrencas.

O fato do casamento ter acabado e, portanto, não ter sido bem-sucedido, parece irrelevante aos olhos da Nova Namorada, que tende a priorizar o fato de que, algum dia, aquela foi uma relação forte. Forte a ponto de gerar rebentos e quiçá ligações espirituais primariamente “eternas”, o que, no final das contas, acaba sendo: a Mãe-da-Minha-Filha possui um vínculo eterno e extremamente significativo com o homem em questão, coisa que a Nova Namorada não tem – se é que algum vínculo de fato existe!

Uma hora ou outra, a Ex-Mulher dá sinal de vida. Geralmente, acontece em datas comemorativas. Aniversários, Natal, Domingo de Páscoa. A desculpa novamente tende a ser o(a) pirralho(a), mas toda Nova Namorada que se preze sabe que, em 99,99% dos casos, tem boi na linha. A verdade é que a grande maioria das Ex-Mulheres simplesmente não suporta saber que seus ex-maridos seguiram em frente e que hoje comem alguma menininha bonitinha da vizinhança. Essa postura obviamente infantil acaba, fatalmente, recaindo sobre a Nova Namorada, que passa a sacar que tem algo errado no número cada vez mais frequente de telefonemas.

Dá-se início à tragicomédia: ela bota o cara na parede. Ele está tendo um caso com a Ex-Mulher??? O cara nega. Ela pega o celular dele, obsecada, procura o número, não acha, tenta um apelidinho, acha dúzias de mensagens. Não interessa que todas sejam sobre a criança (que a estas alturas, já está sendo encarada como A Culpada da História, outra figura lendária de nosso imaginário), o fantasma já foi criado e, acreditem em mim, dificilmente será exorcizado por completo.

A bosta está feita: a Nova Namorada já não quer conviver com a criança (se é que algum dia elas foram apresentadas), todo aniversário infantil é motivo pra torcer o nariz e a Ex-Mulher, sentada em seu trono de Impiedade, gargalha de sua vingança final: o casal está desgastado, irritado e, invariavelmente, a célebre frase dá o golpe final: “Você sabia que eu tinha filhos”.

Homens e mulheres do meu Brasil varonil! Qualquer psicanalista de beira de estrada sabe que a situação é infinitamente pior se a criança em questão for uma menina – a competição entre a Nova Namorada e a filhota será inevitável. A verdade é que o cara já tem uma princesinha na vida dele, já existe uma Mulher-da-sua-Vida, que será sempre e para sempre sua prioridade. Bota água no feijão: a menina é filha de alguém que, antes dela, foi a primeira Mulher-da-Vida-dele.

O palco está armado. Um pandemônio! O circo foi convocado: senhoras e senhores, é dia de marmelada! Quem tem estômago fica, quem é mais carente tende a sair fora. Em algumas situações, a ex-nova-namorada fica sabendo, semanas depois, que o cara reatou com a Ex-Mulher, se sente uma bosta pro resto da vida e desenvolve um sério trauma em relação a homens com filhos, divórcios e Ex-Mulheres. Em outros casos, ela nunca fica sabendo que a Ex-Mulher era, na verdade, uma pessoa bacana, mas também uma leoa faminta e dedicada à sua prole.

Entretanto, na maioria das situações, uma coisa é fato: a imagem mortífera da Ex-Mulher acaba sendo confirmada - ela é novamente eleita, por unanimidade de votos, pelo milionésimo ano consecutivo, a Verdadeira Destruidora de Namoros, e continuará a assombrar inexoravelmente as neuroses das mulheres solteiras em idade reprodutiva. Mais do que isso, ela se torna (injustamente?) responsável pelas crendices populares mais aterrorizadoras: a de que é o primeiro casamento o que importa, a de que ex boa é ex morta, e blablabla.

Que se faça justiça: há de se aceitar o outro tal como ele é. Infelizmente, a Ex-Mulher pode fazer parte do pacote. Cabe a cada mulher e a cada homem darem tratos à bola de suas insegurança. Deixem as mulheres de serem neuróticas, deixem os homens de serem cagões, deixem as Ex de serem umas assholes e toquem suas vidinhas. Cada um tem aquilo que merece – se no caso, ex boa for ex morta... bom... sabe lá...

Brincadeiras à parte, que atire a primeira pedra quem não conhece alguma Ex-Mulher fantástica de alguém. Conheço várias. Dúzias. São ótimas. Leoas, é verdade... mas, como eu já disse antes, tudo depende do grau de segurança e de confiança do casal... tema chato. Tema polêmico.

Papo prum outro post.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

A falta

Já faz quase um ano da felicidade de nós dois
E eu já não sinto saudades dos meus tempos de você
Daquelas noites compridas
Dos sonos mal dormidos
Dos dias intermináveis
Das horas arrastadas em mim
Dos banquetes de migalhas
Do coração amargo na boca
Do estômago na minha garganta
Amor meu, eu não sinto mais falta de você
Mas sinto sim falta de mim
E dos meus sonhos desfigurados
E das fantasias que lacro no peito
Da serenidade dos meus planos
Da coragem de saltar das alturas
Da minha velha fé no futuro
Do meu eterno sorriso debochado
O nosso fardo, meu amor, de repente pesou demais
(Eu o retirei dos ombros pra poder respirar em paz)
Hoje em dia só sinto saudades naquelas noites sem lua
Meu peito paralisa de escuridão
O respirar congela e congela
A solidão entra pela porta dos fundos
E me surpreende nua
Meu bem, a falta não é de você
A falta sequer é de mim
A falta é do que sonhei
Do que acreditei enfim
E que agora enterro nos porões sujos da memória
Essa minha velha senhora a me zombar do passado
Usando truques de feitiçaria
Eu te varro pra debaixo do tapete
E finjo que você jamais existiu
Amor, o que eu sinto falta em você
É a parte que você roubou de mim
A que sente saudade de ter saudade
E daquela saudade que jamais tem fim.