Os dedos tamborilam o teclado em busca das palavras. Letras
e letras se alinham e dançam sob meus olhos, enquanto perco o foco e avisto ao
longe. Palavras se formam; frases desconexas e sentidos soltos marcham à
frente, delineando nossa história na tela-papel em branco. Entro em transe; os
dedos frenéticos se movem; os arquivos da memória são esquadrinhados em busca
dos significados há muito atribuídos, as sentenças vão sendo construídas e
dadas ao longo deste novo e tardio julgamento. Paro: releio. A pele do rosto se
avermelha. Está ali a nossa condenação – mais um texto obscuro, condenado a
permanecer escondido, mais uma confissão, oculta para sempre nas velhas pastas do PC.