terça-feira, novembro 24, 2009

Brincando de casinha


9 em cada 10 mulheres irão se lembrar, pensando nos tempos de criança, de 2 brincadeiras que absolutamente TODA menina já brincou: “brincar de casinha” e “brincar de boneca”. Na verdade as duas brincadeiras são bem semelhantes: consiste em, basicamente, fantasiar uma série de situações, geralmente domésticas e amorosas, e encená-las, seja com as bonecas, seja pessoalmente.

Os anos vão passando e estas brincadeiras tendem a ser abandonadas, mas toda mulher há de concordar que a essência do brincar de casinha permanece em nossas fantasias, quando imaginamos namorar com este ou aquele carinha, quando nos tornamos adolescentes e nos sentimos quase independentes, quando sonhamos em ter nossa própria casa, quando temos os primeiros namoros de verdade.

Nossos primeiros relacionamentos são o cúmulo da brincadeira de casinha, a gente acha que ama o namorado mais do que tudo nesta vida, faz planos de casar, escolhe o nome dos filhos e o pior: a gente acredita de coração que tudo isso vai acontecer. Com o passar do tempo, a gente segue brincando de casinha, não faz mais tantos planos assim, pois já tomamos o suficiente na cabeça pra não sonhar tão alto, mas secretamente ainda vemos se o sobrenome do namorado fica bem com o nosso próprio nome.

Então chega um dia em que você de repente se dá conta da realidade e não consegue evitar de se perguntar: quando é que a brincadeira de casinha deixa de ser brincadeira e passa a ser realidade? Quando é que a brincadeira assumiu ares mais sérios e resolveu virar verdade, assim, da noite para o dia, e a relação antes descompromissada pede por mais seriedade? Será que é preciso incorporar toda a responsabilidade de uma vida adulta, assumir os verdadeiros compromissos de uma relação a dois, e abandonar o lado divertido da fantasia? Indo mais além: é possível continuar brincando de casinha, mesmo que a relação tenha se tornado uma realidade sólida e indiscutível?

Conheço casais que se desintegraram após o pedido de casamento, ou após irem morar juntos. Parece que transferiram todo o peso da realidade para dentro da relação, e esqueceram de brincar de casinha. A vida diária se transformou num martírio sem fim onde um não corresponde exatamente à expectativa do outro, pois a diferença entre fantasia e realidade é grande demais. Talvez o segredo do sucesso dos casais que permanecem juntos ao longo de muitos anos seja verdadeiramente preservar o lado divertido, leve e brincalhão de seu jogo de bonecas, aquele em que se continua sonhando e morando em castelos encantados a despeito da conta de luz vencer no final do mês. Talvez apenas vislumbrar a seriedade da vida real na hora de dar um jeito de pagar o IPVA no comecinho do ano, mas depois continuar sonhando que o seu Fiat Palio 2003 é, na verdade, uma bela carruagem.

Quem sabe dê pra continuar achando mais importante que seu bebê tenha um quarto rosa ou azul, ao invés de se irá nascer com saúde. Talvez tudo isso nos proteja de certas faces da realidade que são cruéis demais: a falta de grana no fim do mês, o bebê que nasceu prematuro, a insegurança em relação ao marido.

Talvez brincar de casinha seja realmente muito mais gostoso e proveitoso, se não for uma completa negação da vida real. Saber discriminar a fantasia da realidade é um sinal de maturidade, e elemento indispensável para se seguir numa vida adulta e minimamente bem-sucedida. Do contrário, estaremos todos nos enganando.

É como diz a velha frase: intenção sem ação é apenas ilusão. Se a vida é uma brincadeira, brinquemos com maturidade...

terça-feira, novembro 17, 2009

coisas que não voltam atrás

Três coisas que não voltam atrás:

A flecha, quando lançada;
A palavra, quando proferida;
E a oportunidade, quando perdida.

Ah, o tempo. Senhor ingrato do arrependimento!

quarta-feira, novembro 11, 2009

Sinais de que você está envelhecendo


Você compra seu próprio protetor solar
(não pega emprestado da mãe);

Você faz exame de colesterol
(e se preocupa);

Você faz exercício pro bem do seu coração
(e cansa fácil);

Você checa suas finanças quase que diariamente
(e se preocupa);

Você começa frases com "no meu tempo..."
(e não se censura);

Você guarda as papeletas do VisaElectron
(e se preocupa);

Você compra um talão inteiro de Zona Azul
(e dura pouco);

Você fica em Sampa no feriado porque não quer mais pegar trânsito...

... e mesmo assim se preocupa!


PS: Sério, nunca achei que eu teria um talão de Zona Azul. Eu via o da minha mãe e parecia tão distante... coisa de gente grande.

terça-feira, novembro 03, 2009

Em paz com a paz


Andei examinando a minha produtividade literária. Ao longo dos meses, a curva andou decrescendo. Minha cabeça anda meio sossegada de idéias.

Já sabendo que minha criatividade redatória tem tudo a ver com a minha ansiedade, e percebendo que, após a tempestade, meu coração agora vive a calmaria, comecei a achar estranhamente positiva minha falta de ter o que dizer.

Após trancos e barrancos, meu emocional finalmente começa a assentar. Em plena volta do feriadão, eu me sinto em paz.

E uma vez que estar em paz nunca foi fácil pra mim, veio a necessidade de escrever.

Coisa difícil esta, ficar em paz com a paz, após tantos anos de drama.