quinta-feira, janeiro 28, 2010

Alguém acredita nisso?



Quando eu digo que não assisto mais TV aberta, me chamam de burguesa. Pode até ser, mas... alguém aí já assistiu a nova propaganda da NET, aquela com a Cláudia Leite?

Pra quem nunca viu, parabéns, sorte a sua. A mulher canta umas 300 vezes o refrão “Eu quero é mais, por isso eu sou NET, eu quero é mais é ser feliz completamente”. Não bastasse a música grudar na cabeça, a voz da Cláudia Leite ser chata e o comercial passar a cada 10 minutos, você ainda tem que engolir a seco e acreditar que a única coisa que faz a Cláudia Leite ser feliz completamente é assinar a NET.

Tá. Não basta ela ser linda, ter um puta corpo, ser casada com um cara lindo, ter tido um filho lindo (e estar novamente magra em 15 dias), ter milhões de reais na conta, viver de cantar, viajar pra caralho, ter mil roupas maravilhosas, ter o cabelo liso, ter uma legião de fãs, ser considerada uma pessoa de sucesso, sair na Caras a cada 2 meses, ter preferência no consultório do esteticista, PODER PAGAR o melhor esteticista, ter hábitos saudáveis e unhas que jamais mancham o esmalte.

Não. Ela tem que assinar a merda da NET, cujo sinal cai quase todo dia.

Fico puta com essas coisas. Parece que tão tirando uma da minha cara. Bicho, se a felicidade fosse assinar a NET, eu estaria dando pulinhos de alegria.

Se bem que na TV a cabo não passa a propaganda da Cláudia Leite. Isso sim deve ser a felicidade.

PS: E pra quem estiver pensando em fazer um discurso sobre “dinheiro não traz felicidade” e sobre o quanto alguém pode ter tudo isso e não ser feliz e blábláblá-wiskas-sachê-blablabla, já fica aqui o meu recado: vai tomar na Net e seja muito feliz (rá!)!

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Felicity Porter (flashback)




Impedida de fazer qualquer coisa por causa de uma mega conjutivite, resolvi remexer no passado e despertar lembranças: voltei a assistir Felicity, seriado transmitido pela Sony em 1998. Na época eu tinha 15 anos e estava começando o 1º colegial, usava óculos fundo-de-garrafa, aparelhos fixos nos dentes e era um tanto quanto deprimida.

Assistir Felicity me trazia uma falsa sensação de segurança, uma luz no fim do túnel de que, passados aqueles anos horríveis de escola, a minha vida inteira mudaria a partir do momento em que eu pusesse os pés na faculdade. Eu seria mais velha, teria finalmente amigos, estudaria apenas o que eu quisesse, tiraria óculos e aparelho, e viveria tantas emoções diferentes que eu finalmente iria poder me considerar uma pessoa feliz (algo que eu não cheguei nem perto de ser durante toda a minha adolescência).

Hoje, olhando para trás, chego quase a sentir pena de mim mesma, daquela menina que achava que os sentimentos que a invadiam ficariam do lado de fora da Universidade, presos no passado. Aquela ingenuidade quase irritante que não desconfiava que além de ser apenas uma fantasia, no Brasil tudo é muito diferente e eu jamais poderia cursar o pré-médico e depois mudar pra Artes Plásticas. Hoje isso tudo me traz um gosto amargo na boca, uma sensação terrível de desmaio quando penso que a felicidade nunca esteve no futuro, nunca esteve na faculdade (a qual nunca curti tanto assim), nunca esteve nos garotos.

Hoje, assistindo Felicity, me sinto atropelada pela nostalgia, a saudade daquele tempo que não volta mais, das coisas que eu nunca vivi e das quais sinto tanta falta. Às vezes me pego pensando que eu já vivi sim um primeiro grande amor; de repente me flagro tendo esperanças de finalmente encontrar meu Ben Covington, de finalmente ser feliz. Percebo então, com alguma tristeza, que já vivi tudo isso, já encontrei diversos pares, já fiz os meus cursos, virei adulta.

Com certa relutância aceito então que só me resta agora continuar, inexoravelmente, caminhando para frente, em busca das história que ainda não foram vividas, e que talvez jamais serão... angústias...

sexta-feira, janeiro 08, 2010

I wish...


Achei esta figura no blog de uma amiga e confesso que me fez pensar.

É nesta época que todo mundo resolver fazer suas listinhas de resoluções de Ano-Novo, e eu devo admitir, quase envergonhada, que há mais ou menos 10 anos eu não faço uma.

Pra falar bem a verdade, acho as listas de resolução de ano-novo um porre! Nunca as encarei como metas, e sim como promessas, cobranças, limitações.

É claro que nisso entra a minha perspectiva, minha maneira, às vezes um tanto negativista, de enxergar as coisas. Mas a real é que, na minha vida, jamais consegui cumprir as benditas resoluções escritas num papelzinho.

Então me peguei pensando sobre as minhas verdadeiras metas, o que eu realmente tenho a intenção de fazer, no que realmente quero concentrar esforços, e devo dizer que muitas das metas continuam as mesmas que no ano passado, mas se encontram em diferentes etapas.

Quero, para 2010, um consultório cheio de pacientes que eu possa ajudar, mas não cheio por haverem muitas pessoas doentes, e sim porque muitas pessoas doentes resolveram procurar ajuda.

Quero que esta profissão me traga recompensas, mas não quero jamais esquecer que uma das principais recompensas de ser psicóloga é ver a vida em movimento, é ver a mudança, e que isso definitivamente não tem dinheiro que pague.

Quero amigos à minha volta, mas não somente velhos amigos que eu insisto em puxar para junto de mim sem ter uma recíproca verdadeira, e sim novas pessoas que queiram se inserir em minha vida com sinceridade.

Quero ser menos apegada, mas não apenas por redimensionar o valor das coisas – quero finalmente compreender que o que existe fora de mim é efêmero e breve, e que a única questão que realmente importa é a que se passa aqui dentro.

Quero, mas quero muito mesmo, amar do jeito certo, livre de paranóias, de ansiedades, de desconfianças. Quero amar com o coração, não com a cabeça. Quero amar verdadeiramente, e não através da insegurança. Quero um amor livre, fértil e maduro, ao lado de quem eu escolhi para me complementar.

Quero uma mente disciplinada que me conduza à felicidade, quero um corpo saudável que me carregue pela vida, quero uma alma limpa de rancores.

E quero, acima de tudo, jamais deixar de me surpreender com as coisas, pois é o espanto da vida que me motiva, a cada dia, a continuar em frente.

Feliz 2010!

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Apego

Sonhava que abria caixas, guardadas num armário velho há muito, muito tempo. Dentro delas materiais escolares, produtos de papelaria, apontadores, grampeadores, tesouras. Vários deles, repetidos, empoeirados.

O desejo: escolher apenas um de cada e me desfazer dos outros.

O sentimento: a angústia de não conseguir me desvencilhar de coisas antigas que carregam história.

Alguém então diz: não é preciso jogar fora, basta eleger um a ser usado e retornar o resto ao armário. A existência de um não significa, necessariamente, o fim da existência do outro. Uma história não precisa excluir todas as outras.

O desejo: escolher o mais útil, o mais funcional e também o mais bonito.

O sentimento: a angústia de não conseguir eleger, entre todas as coisas antigas e carregadas de história, a que mais tivesse significado para mim.

Moral da história: certos esqueletos devem permanecer para sempre dentro de seus armários...