quarta-feira, julho 21, 2010

Tamally Maak



É com o coração apertado e com os olhos querendo vazar que hoje escrevo estas linhas. Impossível converter em palavras tantos sentimentos, tantas saudades, tantas vivências. São sons, cheiros e fotos que despertam em mim sentimentos que nunca antes experienciei, como a saudade da sensação de familiaridade inexplicável que senti em terras egípcias.

Quase como se eu já tivesse passado por lá, quase como se estivesse voltando pra casa. A novidade, misturada ao conforto. Estar à vontade num lugar absolutamente estranho, e nem por isso menos conhecido. Os cheiros não me importavam, o trânsito não me aborrecia. O calor castigando a pele e apesar disso, se sentir renovada. A areia entrando nos olhos e você não se importar de fechá-los. Uma língua estranha soando surpreendentemente bonita aos ouvidos.

Estar de volta chega a ser dolorido, não pelo retorno à realidade, mas pela impossibilidade de construir esta realidade num novo cenário. A utopia da união de uma vida amada em terras brasileiras, com a magia e as sensações das terras desérticas. Me revolta pensar que tantos acreditam que somos tão diferentes, ocidentais e orientais, sem enxergar a beleza das nossas semelhanças. A maravilha das nossas mesmas origens, nossas crenças tão parecidas, nosso amor ao próximo expresso de maneiras tão singulares, e ao mesmo tempo, exatamente as mesmas.

Estar no lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas – acho que isso é plenitude. Perceber a existência como algo tão divino, tão absurdamente lindo, que todos os problemas se tornam insignificantes. O toque dos derbaks e dos snujs, os chamados dos minaretes, tudo isso se torna tão maior, que tenho certeza que este sentimento se chama amor.

Hoje tenho certeza – meu coração ficou no deserto, e minha alma no fundo do Nilo. Tamally Maak, sempre com você. Quero voltar e nunca mais partir, quero viver em meio a Ahmeds, Mohammeds, Bassams, Mostafas... quero não mais ser Aziza, sequer Ana ou Paula, mas apenas Ser, ser tão eu mesma quanto o Egito me permitiu.

Que estas lágrimas que brotam sejam como o Nilo foi durante tantos séculos: uma época de cheias tornando a terra fértil, aguardando farta e tão esperada colheita...

5 comentários:

Marcela Marson disse...

Lindo!

Ana Cris disse...

Nana,
Que lindo!!!!Posso dizer que você transmitiu em palavras todo sentimento envolvido nesta viagem. Que bom que pude compartilhar estes momentos com você! NanaCris

H. Machado disse...

Bem vinda de volta! Estamos contigo.

Um abraço, daqueles.

raul bele disse...

Opa!!
Bom ter noticias novamente.
Reviravoltas.. suspiros... e também voltei a escrever e progredir...

saudades maninha!!
aproveite tudo que a vida tem de melhor!! pq ela é bOA. boa demais!!

Anônimo disse...

Surpreendente encontrar alguém que entende a minha angústia. É tão difícil resolver esse paradoxo terra amada x terra desejada. Eu queria tanto entender porque isso acontece comigo.
PS: Essa é minha musica favorita. Inclusive foi por ela que encontrei seu blog.