quarta-feira, setembro 08, 2010

(des)equilíbrio

De vez em quando eu sinto vontade de gritar. Gritar assim bem alto, que é pro mundo inteiro perceber que alguma coisa ainda acontece aqui dentro. Mas sendo de raiva, alegria, tristeza ou inconformismo, eu me contenho bem a tempo de só gemer bem baixinho, às vezes em forma de risinhos ridículos para comemorar grandes feitos, às vezes apenas um sorriso para oficializar a serenidade, vez em quando um suspiro de resignação, um bufo de raiva perfeitamente controlada. Era pra ser assim? O equilíbrio então é isso? Não ser frio, nem mesmo quente, ser morno a ponto de realmente quase vomitar? Eu, que sempre defendi os meios-termos, o bom-senso e os tons de cinza, assim num quê de solicitude, acabei por me conformar em não celebrar as grandes conquistas, nem espernear os grandes revezes. Como me disseram uma vez, o certo talvez seja ser egoísta: me refestelar em banquetes, nem aí para quem passa fome; sofrer minhas agruras como se fossem as piores sobre a face do planeta; me sentir a pessoa mais importante não apenas do meu universo, mas de todos os existentes – tudo isso sob o falso pretexto do altruísmo: eu mesma feliz ajuda o mundo a ser feliz. Talvez seja simplesmente saudade dos dramas, talvez seja minha dificuldade de ficar em paz com a paz, talvez seja só a vontade de gritar que se tem de dominar a partir da meia-noite, embora eu o faça sempre. Pode ser simplesmente vontade de viver intensamente, mas hoje, e somente por hoje, eu tenho que admitir: esse coisa de equilíbrio nunca durou muito pra mim. Me sinto apenas e tão somente uma versão entendiante de mim mesma.

4 comentários:

sarges disse...

Muitas vezes creio que somo feito para isso:movimento! Uma fulga constante de qualquer situação definitiva,acabada!
Creio que a Paz perpétua é nosso maior ideal, nosso e do kant! Gostei dos seus escritos, os encontrei por acaso no google=)desculpa a ousadia! Sou Marcelo Sarges de Carvalho dos Santos. Um abraço e até a próxima leitura!=)

Anônimo disse...

Acho que você escreveu como quem grita, gritou como quem escreve e se saiu maravilhosamente bem nos dois. Contudo, se tudo isso está no seu peito, é peso demais. Grite o mais alto que puder, porque a vida te dá poucos presentes. Se você quer algo da vida, tem que roubar "antonio Abujamra). Boa sorte !

Luli disse...

Nana,
eu tb tenho tédio diante do equilíbrio, mas entediada e em paz é melhor do que cheia de emoções e perturbada.
Vejo que não fui só eu quem se ausentou da blogosfera... vc tb. Saudades de vc, vou te ligar nesse finde.
bjs!

sindrominha disse...

oi amei o seu texto, visite o meu blog de textos pessoais, obrigado.