segunda-feira, outubro 18, 2010

Jogos na terceira idade




Semana passada, fui dar um role na Argentina e visitar uma amigona minha em Buenos Aires. E embora a viagem tenha sido muito boa, não, este post não é para contar as minhas desventuras pelas calles argentinas. Esse post é pra falar de algo triste: a solidão da velhice.

Fomos num Casino lindo em Puerto Madero. A idéia era tirar onda. Enfiamos nas maquininhas 2 pesos cada uma (cerca de 1 real), só pra puxar a alavanquinha e ver as figurinhas rodarem. Perdi meus pesos em menos de 10 segundos, mas eis que ouvi um som de moedinhas caindo na maquina do lado. Não, não foi sorte das amigas.

Uma senhorinha, toda enrugadinha e usando óculos, ganhava vários pesos e juntava as moedinhas. A princípio sorri, feliz pela sorte dela, até ver o maço de notas que ela tirou do bolso pra novamente enfiar na maquininha. Era óbvio que aquele mulher estava perdendo mais do que ganhando.

De repente parei pra observar o salão no qual estávamos e o que vi me chocou. Monte e montes de velhinhos, como os que eu via entrar no Bingo Angélica quando este ainda existia e o jogo era permitido no Brasil, sozinhos em suas maquininhas, vendo as figuras rodarem e enfiando notinhas no lugar indicado. As alavancas eram puxadas sistematicamente, as moedinhas enfiadas compulsivamente, os olhares apáticos vidrados no visor: BAR, BAR, BAR. Dias depois, visitamos outra casa de jogos em Tigre e a cena se repetia.

Fiquei deprimida com a cena. Não é que eram grupos de velhinhos se divertindo juntos. Eram indivíduos, solitários, gastando suas economias ou aposentadorias, com rostos longe de parecerem felizes, funcionando no piloto automático. A mais pura ausência de vida humana, o retrato mais fiel da solidão de quem não encontra mais lazer na vida social, nas relações humanas, e se ensimesma no vício atordoante de ouvir o tilintar das moedinhas.

Cadê a família dessa gente? Cadê os filhos destes pais? Onde estão seus amigos?

Fiquei pensando na falta de iniciativas sociais que incluam a terceira idade ou que pelo menos prestem atenção neste setor da sociedade que está sofrendo a falta de reforçadores intrínseca ao envelhecimento. Cadê os programas destinados aos idosos? Os Centros de Convivência? As facilidades culturais?

Parece que a Argentina, na qual o jogo ainda é permitido, acha mais fácil empurrar os velhinhos pra dentro destas casas sem janelas onde o tempo não corre. É mais fácil do que criar alternativas criativas e saudáveis, o velhinho ali dnetro não enche o saco de ninguém, nem da família, nem do Estado, e deixa as calças ali.

Acho que Serra e Dilma, qualquer que fosse, ganhariam uma eleitora de abordassem esse tipo de questão. O que vi naquele Casino só me fez decidir uma coisa: cultivar a família, as amizades, e se todos morrerem antes de mim, é melhor tratar de descolar um bom e saudável hobby solitário.

3 comentários:

Edilson disse...

Realmente querida, o Estado pouco se preocupa com as pessoas, e não só as da terceira idade. Aquele princípio estatal de "intervenção mínima" só se aplica ao bem-estar das pessoas, no mais, ele adentra com voracidade. Eleição, acho que estamos juntos então, é NULO neles! Não pensem que votar nulo lhes retira o direito de cobrar de seus governantes, apenas quer dizer que nenhuma das opções lhe agrada, muito menos o sistema político instituído nas terras brasilis. Aqui NÃO SE FAZ POLÍTICA, SE FAZ PARTIDARISMO.

Beijo grande

Prevent Senior disse...

Minha cara amiga infelizmente esse é o mundo em que vivemos, os nossos idosos estão jogados, não tem atenção da familia menos ainda do governo, quem viu pelo menos um pouco do horário político, a de concordar comigo que em nenhum momento ninguém falou sobre o idosos, sabe por que?
Por que ninguém tem interesse essa é a verdade!!!

Um grande abraço parabéns pelo post...


Prevent Senior

Ana disse...

Eu vi isso lá no Uruguai também. Um monte de velhinho jogando os tubos pra tentar se divertir. Me veio à cabeça o que farão os velhinhos menos afortunados. Devem ficar em frente a tv assistindo esses programas horríveis que passam nas tardes durante a semana.
Por isso que a gente ter que ter sempre um plano B! rs
beijos