- Eu simplesmente adoro desfilar com ela na frente de outras mulheres. A sensação é incrível.
Foi assim que meu amigo Téo*, 30 anos, bonitão, descreveu o estado atual de sua relação com a gatinha da vez. Ela tinha 6 anos a menos, era bonita e - ao contrário de todas as outras mulheres que o Téo havia ficado após ter saído de um relacionamento de 6 anos – era inteligente e gente fina.
- Mas acho que ela ficou meio puta quando eu disse isso.
- Você disse isso para ela?
- Disse, mas a intenção era outra. Queria dizer que não tava no climinha pegação, que preferia estar com ela em vez de estar com as menininhas.
- E é claro que ela não entendeu assim.
- Claro. Ficou nervosa, achou que eu estava fazendo dela um troféu. Foi uma cagada, eu admito. Ela quase chorou, você acredita? Acho que ela tem aqueles complexos e tal, de ser vista só como uma bundinha bonita.
- Talvez ela goste mesmo de você.
- Acho que foi vaidade.
Péra lá! De quem ele estava falando? A vaidade era dela por ter quase chorado, ou a vaidade era dele por desfilar por aí?
- E você se explicou.
- Expliquei, lógico.
- E ela não acreditou, lógico.
- Lógico. Disse que eu era quem nem os canalhas que ela tinha conhecido.
- Você foi mesmo um filho da puta.
- E não é disso que vocês gostam?
Ouch! Confesso: quase desliguei o telefone. Era tão, mas tão nítido que aquilo fazia parte da necessidade de auto-afirmação do Téo que não era preciso um pingo de Psicologia pra perceber. Super ok, eu sabia que o Téo ainda nutria um amor recolhido pela ex, e esta era a primeira tentativa mais séria de esquecê-la. Além de estar com o coração estraçalhado, o Téo era um homem inseguro. Ele precisava provar sua virilidade, esquecer da bota que tomara da ex. No fundo, no fundo, ele queria era causar um ciuminho na garota. Eu entendia tudo isso, mas assim que desliguei o telefone e abri a primeira cerveja, não consegui sossegar.
Mais tarde, me peguei pensando no Téo e na coitada que estava saindo com ele, e então me lembrei do cara fantástico que conheci no inverno passado: carro bacana, profissão respeitável, gentil e educado. E no máximo 10cm de instrumento, o que me confirmou a teoria de que o que importa não é o tamanho da varinha, mas a mágica que ela produz – o sexo era melhor do que muito pintão por aí. Aí me lembrei porque não tinha dado certo: o filho da puta tinha namorada.
Pensando em troféus, desfiles e em auto-afirmação, não pude evitar de me perguntar: precisam os caras emocional e/ou fisicamente desfavorecidos fazer um “esforço extra” para se destacarem e se sentirem seguros? Precisam eles ser abutres no trabalho, ogros no futebol, machistas na cama? Me veio, na hora, a imagem mental de um HD externo: algo fora de si, um apêndice, a confirmar sua capacidade de “armazenamento”. Um falo. Um grande pinto externo.
Mulheres bonitas a tira-colo? Pau-externo.
Músculos? Pau-externo.
Carro do ano? PAU-EXTERNO.
Mas e se esse “HD externo” transformar o cara, internamente, em um mau candidato? Não seria trocar seis por meia dúzia? No caso do Téo, aquilo o tinha transformado em uma perfeito babaca. Me imaginei na situação da mocinha: eu continuaria saindo com um cara que me dissesse aquilo? Só se estivesse muito apaixonada.
Então eu me lembrei de como também tinha adorado aparecer com outro cara na frente do bonitão da praia, e tive que admitir para mim mesma que eu também tinha lá meus HD´s... foi um choque perceber que eu também desfilava, com ou sem carnaval. Adorava estar com um cara e sentir que ele tinha um ciuminho, motivado ou não. Afinal, eu também sou uma grande insegura.
Seria o grande problema ficar dependente dessa função externa? Não seria desejável que todos nós deixássemos de precisar disso em algum ponto da relação, em que finalmente nos sentíssemos seguros, possuidores de tudo o que precisamos ter para fazer alguém feliz? Afinal, não seria esse tipo de padrão o que Freud chamara, lá no comecinho do século XX, de histeria??
__________________________________________________________
Mais tarde, naquela mesma noite, eu voltei a ligar para o Téo, meio que para me redimir da culpa por tê-lo chamado de filho da puta. E garanti para ele que, se encontrasse com a mocinha, faria o filme dele.
Porque em um momento ou em outro, todo mundo precisa de um HD extra. E desde que na hora H se passe as coisas para o papel, tudo estará a salvo. Na pior das hipóteses, é só não falar nada pra gatinha.
E nem pro bonitão da praia!
Foi assim que meu amigo Téo*, 30 anos, bonitão, descreveu o estado atual de sua relação com a gatinha da vez. Ela tinha 6 anos a menos, era bonita e - ao contrário de todas as outras mulheres que o Téo havia ficado após ter saído de um relacionamento de 6 anos – era inteligente e gente fina.
- Mas acho que ela ficou meio puta quando eu disse isso.
- Você disse isso para ela?
- Disse, mas a intenção era outra. Queria dizer que não tava no climinha pegação, que preferia estar com ela em vez de estar com as menininhas.
- E é claro que ela não entendeu assim.
- Claro. Ficou nervosa, achou que eu estava fazendo dela um troféu. Foi uma cagada, eu admito. Ela quase chorou, você acredita? Acho que ela tem aqueles complexos e tal, de ser vista só como uma bundinha bonita.
- Talvez ela goste mesmo de você.
- Acho que foi vaidade.
Péra lá! De quem ele estava falando? A vaidade era dela por ter quase chorado, ou a vaidade era dele por desfilar por aí?
- E você se explicou.
- Expliquei, lógico.
- E ela não acreditou, lógico.
- Lógico. Disse que eu era quem nem os canalhas que ela tinha conhecido.
- Você foi mesmo um filho da puta.
- E não é disso que vocês gostam?
Ouch! Confesso: quase desliguei o telefone. Era tão, mas tão nítido que aquilo fazia parte da necessidade de auto-afirmação do Téo que não era preciso um pingo de Psicologia pra perceber. Super ok, eu sabia que o Téo ainda nutria um amor recolhido pela ex, e esta era a primeira tentativa mais séria de esquecê-la. Além de estar com o coração estraçalhado, o Téo era um homem inseguro. Ele precisava provar sua virilidade, esquecer da bota que tomara da ex. No fundo, no fundo, ele queria era causar um ciuminho na garota. Eu entendia tudo isso, mas assim que desliguei o telefone e abri a primeira cerveja, não consegui sossegar.
Mais tarde, me peguei pensando no Téo e na coitada que estava saindo com ele, e então me lembrei do cara fantástico que conheci no inverno passado: carro bacana, profissão respeitável, gentil e educado. E no máximo 10cm de instrumento, o que me confirmou a teoria de que o que importa não é o tamanho da varinha, mas a mágica que ela produz – o sexo era melhor do que muito pintão por aí. Aí me lembrei porque não tinha dado certo: o filho da puta tinha namorada.
Pensando em troféus, desfiles e em auto-afirmação, não pude evitar de me perguntar: precisam os caras emocional e/ou fisicamente desfavorecidos fazer um “esforço extra” para se destacarem e se sentirem seguros? Precisam eles ser abutres no trabalho, ogros no futebol, machistas na cama? Me veio, na hora, a imagem mental de um HD externo: algo fora de si, um apêndice, a confirmar sua capacidade de “armazenamento”. Um falo. Um grande pinto externo.
Mulheres bonitas a tira-colo? Pau-externo.
Músculos? Pau-externo.
Carro do ano? PAU-EXTERNO.
Mas e se esse “HD externo” transformar o cara, internamente, em um mau candidato? Não seria trocar seis por meia dúzia? No caso do Téo, aquilo o tinha transformado em uma perfeito babaca. Me imaginei na situação da mocinha: eu continuaria saindo com um cara que me dissesse aquilo? Só se estivesse muito apaixonada.
Então eu me lembrei de como também tinha adorado aparecer com outro cara na frente do bonitão da praia, e tive que admitir para mim mesma que eu também tinha lá meus HD´s... foi um choque perceber que eu também desfilava, com ou sem carnaval. Adorava estar com um cara e sentir que ele tinha um ciuminho, motivado ou não. Afinal, eu também sou uma grande insegura.
Seria o grande problema ficar dependente dessa função externa? Não seria desejável que todos nós deixássemos de precisar disso em algum ponto da relação, em que finalmente nos sentíssemos seguros, possuidores de tudo o que precisamos ter para fazer alguém feliz? Afinal, não seria esse tipo de padrão o que Freud chamara, lá no comecinho do século XX, de histeria??
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Mais tarde, naquela mesma noite, eu voltei a ligar para o Téo, meio que para me redimir da culpa por tê-lo chamado de filho da puta. E garanti para ele que, se encontrasse com a mocinha, faria o filme dele.
Porque em um momento ou em outro, todo mundo precisa de um HD extra. E desde que na hora H se passe as coisas para o papel, tudo estará a salvo. Na pior das hipóteses, é só não falar nada pra gatinha.
E nem pro bonitão da praia!
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*Nome fictício, pra não acabar de vez com o filme desse anjo...
3 comentários:
hahaha... e quem nunca se sentiu inseguro que atire a primeira pedra...
((eu que não vou atirar é nada, viu?))
E quando marcamos o jantar?!
Beijos, querida!
"Seria o grande problema ficar dependente dessa função externa? Não seria desejável que todos nós deixássemos de precisar disso em algum ponto da relação, em que finalmente nos sentíssemos seguros, possuidores de tudo o que precisamos ter para fazer alguém feliz?"
Esse trecho realmente deixou-me muito pensativa...
Será que, se no momento em que não dependêssemos mais de uma função externa, a paixão continuaria existindo?
Sei (de carteirinha, aliás) que um dia sempre a paixão acaba, mas fiquei me perguntando se não era justamente nesse momento em que não tentamos expor nossos HD's...
Adorei, Nana!
Beijos lindos!
Ana
De fato nossa HD externa deve ter sido o que fez a frase "Desculpe-me as feias mas beleza é fundamental"...
Pobres mortais que somos imersos em corpos hostis que nao levaremos daqui...
Te amo amiga morro de saudades!!
Bjoos
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