quarta-feira, janeiro 16, 2008

2008, still alive!


Dizem por aí que o que se planta, se colhe.

Nada nesta vida poderia ser mais verdadeiro... 2008 começou trazendo para mim todo o resultado final de uma abertura emocional que eu julgava nem existir mais. Todo o produto de uma somatória longa, um processo, uma equação de escolhas, decisões, sacrifícios e separações. E o saldo final, graças a Deus, se revelou positivo.

Se dizem que a cada segundo somos a evolução do segundo anterior, sinto hoje que certas coisas estão em pleno processo de evolução. Talvez eu esteja simplesmente contagiada pela febre do Ano-Novo, Vida Nova, mas o fato é que certas coisas começaram a mudar.

Me sinto mais corajosa... embora em alguns momentos eu trema de pânico. As crises de ansiedade têm sido cada vez mais frequentes, cada vez mais intensas, mas tenho aprendido a aceitá-las como momentos que trazem o novo, trazem reflexões, descobertas sobre mim mesma. A cada taquicardia eu percebo um medo diferente, e com ele, algo novo que assumiu novos valores, significados, importâncias. Um mundo ainda desconhecido se abre a cada palpitação e a cada gota de suor que eu sinto escorrer pela minha espinha, quando pensamentos corrosivos se manifestam e eu percebo o que há de valioso atualmente na minha vida.

O puro medo da perda. A perda do mínimo que se espera, do mínimo que se tem, do mínimo que se realmente valoriza quando percebo que no fundo, nada jamais teremos a não ser nós mesmos. O extra. O lucro. O medo da perda.

Fico aqui divagando... se eu não tivesse sacrificado um grande amor... se não tivesse dado a cara a tapa... se eu não tivesse ido naquela bendita festa... se não tivesse aberto a mente e o coração pra maré de coisas que nos inunda o tempo todo mas que geralmente secamos internamente com a aridez de nossas desilusões, de nossas frustrações, de nossas mágoas... onde eu estaria? Em que penumbra estaria me escondendo? No mesmo e antigo medo de sofrer? Na comodidade do conhecido, do reconhecido, do que achamos estar falsamente, mas muito falsamente mesmo, garantido?

Não se trata de merecer ou não certas coisas... se trata de se abrir para o novo e receber quem te bem quer como se fosse uma experiência única e livre de idéias pré-concebidas. Fácil? Jamais. Um treino constante. Um mantra: assertividade, disponibilidade e tranquilidade. 7 dias por semana. Uma luta.

Houveram vezes, há muito tempo atrás, em que achava que vivia só para morrer. Não eram apenas pensamentos fúnebres de uma mente adolescente. Era o pedido de ajuda de alguém arrasada por uma violação de sua infância, alguém que se julgava para sempre condenada a sentir dó de si mesma, que queria às vezes juntar um monte de comprimidos e enfiar goela a baixo, e não fazia por medo.

Certos pensamentos e crenças não somem facilmente. Ainda sou assombrada por certos fantasmas, sem rosto, sem nome, só com cheiros e barulhos. Ainda sofro às vezes com isso, a morte às vezes não me parece assim tão ruim. Mas decidi, de agora em diante, a acrescentar cada vez mais farinha na mistura que me faz ser uma pessoa cada vez mais forte, cada vez melhor, cada vez mais útil e aberta a qualquer tipo de emoção, qualquer tipo.

A antiga criança, a sofrida e suicida, há muito tempo não aparece. Deixou somente um cheiro de insegurança no ar. De paranóia e de certa melancolia. Aprendo com esses resquícios todos os dias. E me sinto renovada e disposta a aceitar o que a vida pode me oferecer.

Pois, se no momento em que julgava que apenas uma cerveja gratuita me faria feliz, encontrei tanta coisa boa, e um coração aberto para me deitar, o que não encontrarei daqui em diante?

Como dizia Lennon, a vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro. Meu futuro é agora, e meu lugar é aqui – ainda viva!

4 comentários:

Anônimo disse...

Que bom que voltou a escrever! Acompanho seu blog desde o ano passado, e o abro todos os dias. Tenha força e seja o raio de sol mais forte para cada dia de calor. Abraços, Haroldo Machado

Ricardo Pereira disse...

estávamos todos com saudade

Unknown disse...

Nossa!!! Adorei o tom catártico de suas palavras.
Sensível e ao mesmo tempo direto, às vezes, quase cruel...
Lindo! Que venha 2008!
Beijo,
Ana

Unknown disse...

SIMPLESMENTE PlenO. SIMPLESMENTE INTENSO, SIMPLESMENTE NANA. BEIJOS... PRECISAMOS CONVERSAR.