segunda-feira, janeiro 26, 2009

Caos

2 horas e meia depois de ter deixado para trás minha amada ilhota, reconheci, num piscar de olhos, que estava no inferno.


Foram outras 2 horas e 40 minutos para atravessar os 9km que separam a entrada de São Paulo da minha casa, trajeto este feito inteiramente pela Marginal do Tietê. O cenário, caótico, me embrulhou o estômago: um mar de carros se espalhava por todos os lados, sob um céu pesado e negro de chuvas.

Demorei o mesmo tempo que percorri 200km para atravessar o que era para ser o grande facilitador da vida urbana, não fossem os milhões, bilhões, trilhões de caminhões barulhentos, sujos, cuspindo fumaças negras em cima de mim, em pleno horário proibidíssimo para seu trânsito.

Outros carros se esmagavam como sardinhas em lata. Olhei ao redor, um grande estacionamento a céu aberto. Me senti sufocar. O estômago revirava. A irritação crescente dominava meus sentidos e a vontade era de gritar, chorar, me indignar contra a realidade em que vivia. A claustrofobia me alcançou: não havia para onde ir, por onde sair, nenhuma outra alternativa. Estava presa. Meu coração absolutamente ressentido.

Me lembrei, em poucos segundos, do meu velho e abandonado projeto de deixar esta cidade cinzenta, e me perguntei: por que? Por que ainda estou aqui? O que me prende? O que afinal eu quero do meu futuro?

As pessoas se xingavam. As buzinas quebraram minha cabeça. O cheiro fétido parece ainda estar em mim. A tristeza era geral.

Onde fomos parar? Que tipo de vida é essa, em que as pessoas passam o dia trabalhando até desenvolverem uma úlcera, viciadas no próprio tédio, e quando vão para casa, enfrentam uma verdadeira viagem, na qual morrem lentamente pelo excesso de monóxido de carbono?

Que tipo de vida é essa oferecida pelo nosso mundo, ou pela merda do nosso governo, que me pune pela falta de documentos, mas que fecha os olhos para a verdadeira horda de transgressores engravatados que legislam sobre nossas cabeças, todos os dias?

Por fim, que tipo de vida leva a grande massa do nosso país, que perde a saúde tentando ganhar a vida, sustentar a família, construir algum patrimônio, fazer algum dinheiro, para depois, anos mais tarde, gastar todo este dinheiro para recuperar a saúde?

É um completo contrasenso, esse não pode ser o mundo que sonhamos em viver, não pode ser esta a vida com que contamos, não podem ser estes os valores que defendemos. Este não é o mundo que planejei para mim, esta é a extinção, desculpem, não aguento mais, vou vomitar.

2 comentários:

Isabela Guerra disse...

Você tem noção do quanto SINTO isso???
Pra que?? por que??? E agora ainda a única alternativa...
Até quando?????

Saudades fiota...
Beijos mil..

Toma um ENO e bora pra luta até decidir o que fazer...

Priscila Rocha disse...

O que tá fazendo aí ainda?
Volta pra cá...

Pessoas mal educadas, poluição visual, sonora e ambiental... você é um paradoxo na Babylon amore!

Saudades!
Por acaso seus planos de sair daí era pra vir pra ilhota? Pois venhaaaaaaa!

EU TE AMO BITCH!
AUDIOSLAVE ASSSSSSHOLE!!! UHU!