quinta-feira, maio 14, 2009

Fight Fever! OSSU!

A filosofia do passe-pra-frente é uma das características marcantes que as artes marciais de origem oriental têm. Um dá para o outro o que um dia recebeu, e isso significa que eu tive o super maior mega blaster apoio da minha equipe de kickboxing no dia do evento na K@2.


Convidados Seiwakai: Renan, Du, Eu, Rodolfo, Thiago, Rafa e Tecchio.
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Eu estava ULTRA nervosa neste dia, cheguei na academia sozinha e o pessoal nem tinha chegado ainda. E porque Deus é bom pra caramba comigo, bem nesse momento recebi a ligação do meu queridíssimo Juneca, que está sempre por dentro da minha vida “atlética”. Ficamos ali papeando então, ele me desejando boa sorte do seu jeito super técnico-metódico-juneca-é-mala, mas é meu mala querido e isso que diminuiu minha ansiedade em pelo menos 50% (e olha que ele nem sabe disso).
Quem vê acha que eu tava suuuuuussa...
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O pessoal então chegou e todo mundo fez questão de me tranqüilizar e de tentar me deixar segura. Logo vi algumas meninas por ali, com bandagens nas mãos... e ficava tentando adivinhar com qual eu lutaria. E de repente, não mais que de repente, sensei Rato me avisa que vou lutar contra um cara. O dono da academia achou que mulher com mulher daria jacaré, e que iríamos acabar nos machucando. Mulher não leva na boa, é verdade, a rivalidade feminina é intensa pra caramba... o fato é que a partir daí, fiquei tão mais nervosa que tudo se guardou na minha memória sob o formato tênue dos flashes.
Pra cima!!
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Eu me alongo. Me aqueço. Rodolfo sobe no ringue, dá um coro. Fotos. Vejo o Eder Jofre sentado ali no canto, meu estômago embrulha. Vejo meninas no ringue lutando contra homens, acho ridículo, fico com medo, tomo água. Tomo mais água, meu estômago dá pancadas na minha parede do tórax, meu coração reclama, sinto falta de alguém estar ali pra me apoiar. As meninas me apóiam e amenizam essa solidão.


Olha o braço do cara!
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Sensei me chama, me bota as luvas, entro em pânico e não demonstro. “Não vai chutar, hein”. Não vou chutar, não vou chutar, e essa galera toda olhando? Subo no ringue, cumprimento o maluco, o cara tem braços da grossura das minhas coxas, faz piada sobre eu não chutá-lo. Meu irmão, essa não é minha praia, mas eu juro que vou segurar as perninhas. O sino toca, a platéia se apaga, quero matar o cara. Acerto um, dois, três, tomo um, cinco, nove. O joelho sobe pra dar um hiza geri, abaixo a perna a tempo, tomo um direto no rosto. Ouço de longe a voz do sensei implorando por mais defesa. So sorry.

Apesar disso, deu pra fazer alguma coisa.

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Quando a luta acaba, e começo a ouvir os comentários, parabenizações, piadas sobre minha quase-joelhada, não sei se me sinto aliviada, orgulhosa ou humilhada. Minha baixa auto-estima suplica que eu enfie a cabeça na privada, mas meu espírito vence a disputa e fico ali com a galera vendo todo mundo mandar benzaço: Ligeirinho, Du, Renan, Tecchio, todo mundo abalou aquela academia.

Vacilou? Toma na testa.
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No fim do dia, eu acabei chorando e me sentindo mal, mas hoje dá pra ver, consultando aqueles flashes, que foi só a ansiedade e a adrenalina. A exposição. Foi a insegurança. No geral, e sensei concorda, fiz um ótimo trabalho. A raiva do cara ter decido o cacete em mim é mágoa projetada: eu fui agressiva, ele respondeu à altura. Chega de ser protegidinha.

O fofo do Eder Jofre assinou minha luva, me chamou de simpática e cantou o melô: Nana, neném, que o bicho vai pegar! (ele não me conhece...)

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Passado quase um mês desse evento, ainda olho as fotos com alguma emoção. Eu tava apavorada, mas não fugi da raia, e pra quem é portadora de um transtorno de ansiedade, isso é uma puta conquista. Em julho tem um campeonato e até lá vai ser mais expectativa.

Equipe Seiwakai: thank you all guys!!

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Sensei faz questão que eu me inscreva. Tem colocado a maior fé em mim. Em meio às implicâncias e às pegadas de pé, mostrou uma puta confiança e me deixou dando aula pra duas alunas novas da academia, que nem sabiam dar um soco. E depois que passei o treino pra elas, me parabenizou.
“Você leva jeito pra coisa. E tem mesmo que passar pra frente a ajuda que um dia te deram. É isso aí.”

É isso aí, sensei, passando pra frente.

É isso aí!

2 comentários:

Luli disse...

Meu, depois de tomar uma na cara vc posa com sorrisinho? Qto macha vc é, amiga? Tô com orgulho....
PARABÉNS!

Edilson disse...

Mandou bem hein!!! Parabéns. Sabia que voce ia dar show. Prá cima delas!

Beijo