Há alguns meses atrás, tive uma epifania e decidi me engajar, de todas as formas possíveis, em mudar o mundo. Tá, pode parecer impossível, mas eu realmente resolvi que queria fazer alguma coisa a respeito, pelo menos fazer a minha parte e plantar uma sementinha de melhoria no mundo.
Eu pensei assim: se uma pessoa pode fazer algum bem, imagine 10? Imagine 100? E se TODO MUNDO fizesse uma, umazinha só, boa ação por dia? Bom, eu ia fazer alguma coisa e pronto, só precisava saber o que.
Ajudar no um-a-um me parecia pouco, até porque como psicóloga isso é o mínimo esperado, não é nada extra e tampouco surte um efeito em grande escala. Eu queria atingir várias pessoas de uma vez. De repente,
plim!, descobri exatamente o que queria fazer. E hoje, orgulhosamente, eu anuncio que a parte I da intervenção social que eu planejei foi iniciada!
A idéia é na verdade muito simples: imagine que você vai comprar um livro em busca de algo para se inspirar, se distrair, ou de algo que te ajude de alguma forma. Aí você compra o livro e pans, encontra dentro dele um papelzinho escrito à mão: “
Querido leitor: quem não sabe o que procura não reconhece quando encontra. Você sabe o que procura?”.Num outro livro, você pode encontrar algo diferente: “
Querido leitor: a mudança pode levar algum tempo. Portanto, comece AGORA! Nunca é tarde demais.” Ou “
Querido leitor: se você continuar fazendo o que faz, terá sempre os mesmos resultados. Quer resultados diferentes? Faça algo diferente!”
No verso dos bilhetes há uma mensagem curta: “
Gostou? Passe pra frente!”Bolei mais ou menos 15 frases inspiradoras diferentes, todas convidando o leitor a uma reflexão rápida a respeito da felicidade e da qualidade de vida. Munida da certeza de que, dos 150 papeizinhos no meu bolso, ao menos 1 surtiria o efeito desejado, me convenci de que isso já era o bastante para que eu fosse à Livraria Cultura colocar o plano em prática.
Confesso que não foi fácil Os vendedores são extremamente simpáticos e queriam me ajudar o tempo todo, portanto foi difícil ficar sozinha por tempo suficiente para enfiar no meio das páginas do livro o bilhetinho-inspiração. Admito, teve hora que bateu um cagaço de ser pega, não consigo nem imaginar se isso é algum crime, se estava infringindo alguma norma e o que poderia ocorrer caso fosse flagrada.
Mas o risco valeu a pena... em mais ou menos 1 hora, consegui distribuir cerca de 20 bilhetinhos, o que é consideravelmente pouco mas também é o bastante pro teste-piloto. A média de 3 minutos por bilhetes é meio estatística mesmo, pois enquanto que nos lançamentos foi bem complicado pelo tanto de gente ao redor, na seção esotérica e de auto-ajuda foi baba.
Agora algumas dúvidas surgem: deveria eu colocar os bilhetes num tipo específico de livro? Será que isso tem a ver? Ou será que os best-sellers são melhores, pois atingem a massa mais rapidamente? O bilhete ser escrito a mão é realmente tão importante quanto eu achei a princípio, ou isso pode ser otimizado em função do tempo? Penso que outras questões irão surgir...
Outros 120 bilhetinhos estão prontíssimos aguardando sua vez, que deve ocorrer ainda neste final de semana. Novas frases estão sendo formuladas, mas é fato que uma só andorinha faz um verão bem meia-boca. Se 5 pessoas fizessem isso ao mesmo tempo, numa tarde de sábado, em uma hora 100 bilhetinhos seriam distribuídos, pra mais. Se cada pessoa resolvesse fazer algo semelhante na livraria do bairro, o movimento cresceria ainda mais. Isso poderia realmente se tornar revolucionário.
Fica aqui então o convite pra quem quiser ajudar a plantar sementinhas de amor e de cuidado para com o próximo. A ajuda vai ser bem-vinda não só pra mim, que não tenho como passar muito mais que uma hora na livraria, mas pra todo mundo que ler o bilhetinho e for tocado de alguma maneira.
Que a generosidade vai e volta, isso nem se discute. É simplesmente a lei da vida: faça o bem, e receberá o bem. Mas o ato de fazer o bem, de fazer algo em direção à mudança produz uma sensação de bem-estar incrível. Eu me senti maravilhosamente bem enquanto voltava pra casa, e de quebra ajudei uma fóbica a subir de elevador no último andar do meu prédio.
Contagiou. Não precisei de mais nada. Somente aquilo me fez feliz.
Bora?