Pois é, quem ainda não sabia que eu sou volúvel?
Ontem de madrugada cheguei em São Paulo odiando mais do que nunca a mesma cidade que me encantou alguns dias atrás. E a sensação de estar de volta a Gothan City não passou nem perto de ‘estar em casa’. Pelo contrário, é como se eu estivesse viajando e chegando num lugar onde eu não queria estar. E a de ter deixado meu verdadeiro lar para trás.
Já há alguns anos penso em sair de São Paulo, e me mudar de mala e cuia pra Ilhabela, cidade onde praticamente nasci e vivi toda a minha infância. A cidade mais pacata do mundo fora de temporada, e a que, na verdade, guarda meu coração, além da maioria das minhas histórias e amores.
Certas coisas de fato não têm preço, e viver uma vida colorida é uma delas. Ter qualidade de vida no seu cotidiano, outra. Criar seu filhos (imaginários, por enquanto) num lugar mais seguro e bonito, outra maior ainda. Viver junto à Mãe Terra... ah...
Às voltas com este pensamento, me pego imaginando uma vida ideal. Acordar, ter um trabalho honesto e que me traga tranqüilidade financeira. Nada de mais, nunca fui materialista, apenas ganhar o suficiente para poder pagar minhas contas e poder tomar uma coisinha de vez em quando. Poder caminhar a beira do mar quando enfim o descanso pudesse ser aproveitado, curtir uma praia aos fins de semana, ou um frio e chuva batendo nas árvores a 2 metros de mim. Poder ver algumas estrelas no céu de vez em quando. Receber os amigos e oferecer meu lar, minha casa, minha cidade, para aqueles que a valorizam.
Na realidade, em palavras, isso não parece nada de mais. É impossível traduzir em palavras a mudança que se dá em mim estando aqui e estando lá. A irritação, a tensão, o nervosismo, o mau humor que me dominam cada vez que estou ‘sampando’. E a leveza de espírito quando estou lá.
Diversas vezes as pessoas me perguntam se eu conseguiria mesmo viver em um lugar tão pacato... e eu própria me questiono sobre como seria abrir mão de certas coisas que só mesmo a cidade grande proporciona: vida social intensa, cinema na esquina de casa, Mc Donald´s em cada bairro. Mas isso é muito? Qual a escala de valores que as pessoas usam para definir o que é bom mesmo e o que é meramente circunstancial?
São dilemas básicos, que podem ser traduzidos em uma simples confrontação: natureza menos luxo pode resultar em felicidade?
O que você escolheria? Uma prancha nova ou um PlayStation de Natal para seus filhos?
Um quintal macio e verde com tatus-bola ou um playground de areia com um trepa-trepa?
Uma noite de amor no Harmony, com ofurô aquecido, ou numa praia meio mambembe, com teto solar natural?
Tem todo o lance do apego à minha família... consigo eu viver sem ver as carinhas de minha mana e minha mãe todos os dias? Consigo me limitar a vê-las de fim de semana? 200 km separam o litoral de nossa capital... consigo eu atravessar essa distância em virtude de um sentimento que, a princípio, bateria todo santo dia de meu Deus? Ou será que aí sim eu valorizaria as pessoas queridas que tenho ao meu redor, ao invés de às vezes trata-las como cachorros, simplesmente por estar irritada com o fato de não respirar muito bem nessa metrópole maluca?
Muitas questões, poucas respostas, ações menos ainda.
Pé no freio, vida real, pois por enquanto o semáforo encontra-se vermelho.
Alô, Nana, tem alguém aí? Ou seu espírito gnomo, como a sábia Marli definiu, já está lá novamente?
Muitos desejos, poucas realizações, coragem menos ainda.
Vai crescer? Ta difícil? Quer moleza senta na gelatina...
A vida é uma só, e somos responsáveis por toda a felicidade ou tristeza que dela advém... seja ela referente à uma cidade especial, um relacionamento traumático, uma mudança de emprego. Falta coragem? Pra ser feliz?
Eu estou fazendo a minha escolha.
E você? Quando vai fazer a sua?
2 comentários:
Escolhas... sempre implicam em tantas alternativas... ou nem tantas assim, mas sempre em diversos prós e contras e por aí vai. Também penso em sair de São Paulo cada vez que encontro um trânsito de matar... mas volto a realidade e vejo que, pelo menos neste momento, é impossível...
Se eu já fiz a minha escolha? Acho q faço parte dela a cada dia, a cada pequena batalha contra eu mesma...
Bjocasssss e boa sorte nas escolhas!!!
Do amor ao ódio. Muitas atitudes precisarão ser tomadas.
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