Odeio as comparações – as considero injustas, desnecessárias e absolutamente descabidas. Afinal, qual a lógica em se comparar coisas que, simplesmente por não serem a mesma coisa, dispensam comparações?
Ok, existe sentido em comparar preços, quilos, tons de azul, alturas e até quantidades. Dimensões que englobam as mesmas grandezas: quantos quilos, mais ou menos centímetros, quantos reais etc. É algo mensurável, é digno de uma comparação.
Mas e quanto às comparações ditas qualitativas? Uma coisa é medir o desempenho de um aluno, outra coisa é afirmar, arrogantemente, que ele é melhor ou pior que o coleguinha da mesa ao lado. Melhor pra quem? Melhor sob que perspectiva? Melhor como? O que é melhor??
É totalmente frustrante se sentir comparada, e mais frustrante ainda se sentir compelida a se comparar a algo. Quando se trata de pessoas, qualquer comparação é tendenciosa – não existe uma unidade de valor, cada ser é único. E isso pode (ou não) ser melhor (ou pior) para uma (ou outra) pessoa. Nesse sentido, pode-se chamar de comparação? Ou de preferência? Perspectiva? Ponto de vista?
E daí se meus cabelos são igualmente compridos? E daí se gosto do mesmo tipo de música que outra pessoa, se gosto da mesma flor ou tipo de biquini? E daí se sou mais ou menos bonita? Mais ou menos inteligente?
Não, não venham me rotular partindo do princípio que sou mais ou menos divertida ou mais ou menos profunda, serei sempre diferente de tudo o que qualquer pessoa um dia poderá supor. Apenas eu mesma.
O grande problema das comparações é esse atributo de qualidade embutido nelas – e, como eu já disse, a cobrança pela superação que acabamos sentindo. E eu me sinto tipo apostando uma corrida com um fantasma que eu nem nunca vi, não conheço as características mas me cobro por ser melhor. E como poderia, se a sensação é a de sair largando 3 metros atrás, simplesmente por ter havido uma tentativa de comparação?
E daí se meu sobrenome não é italiano ou se não tem um popstar na minha família? E daí se, ao contrário do resto do mundo, eu curto um bom e velho controle de natalidade?
Eu fico muito puta, mas tipo assim, putona mesmo, quando ouço falar que eu sou “tipo fulana”, porque batalhei pra cacete pra construir uma identidade da qual eu me orgulhe. É simplesmente um ultraje alguém comparar alhos com bugalhos – a essência do ser humano, o que o faz tão especial, é sua capacidade de se diferenciar, de não se enquadrar em categorias, em serem absoluta e incondicionalmente subjetivas suas características mais marcantes.
É preferível que se admitam as preferências, tomem conta de seus sentimentos – se for pra comparar algo, que comparem sua inteligência com a de um chipanzé.
Não sou melhor nem pior, apenas diferente.