quinta-feira, dezembro 13, 2007

Ao Mestre, com carinho




São Paulo, 13 de dezembro de 2007.


Querida Ana Maria,

É com um misto de alegria e tristeza que encaro o final do semestre letivo. Alegria por ter vivido bons momentos na companhia de todos da NANE, tristeza por ter de me despedir.

É extremamente difícil descrever com palavras a satisfação que foi conhecê-los – vocês da equipe docente e todos os alunos – e mais difícil ainda pensar que pessoas que estiveram tão presentes no meu dia-a-dia serão, de agora em diante, lembranças boas de um período muito especial.

Nesta carta simples, feita às pressas, gostaria de expressar todo o meu contentamento, todo o meu agradecimento, e deixar aqui algumas palavras sobre a vivência ao lado de todos vocês.

Eu costumo dizer que são os princípios de uma pessoa que determinam a força de seu caráter; nada mais verdadeiro se aplicaria a você, querida professora Ana Maria. Sua força e determinação são valores raros hoje em dia, e pelo pouco que posso dizer a seu respeito, acredito faltarem profissionais como você por aí. Não apenas pelo conhecimento pedagógico e pelo trabalho que você desempenha com maestria – o que falta atualmente neste mundo, principalmente, é carinho e amor por uma população tão especial (em ambos os sentidos da palavra) como nossos meninos e meninas da NANE.

Ao seu lado obtive uma experiência bastante diferente de toda a história escolar que eu tinha conhecimento: ensinar não se faz apenas por meio de livros, mas por meio de afeto e compreensão.

A maneira como fui acolhida por todos da escola, mas principalmente por você, Ana Maria, me dão a certeza de que todas as crianças que aí estudam sairão pessoas melhores, mais desenvolvidas e prontas para enfrentar um mundo tão difícil como o nosso.

Ao pensar na forma como você conduz o trato com cada uma das crianças, com ternura e ao mesmo tempo respeito e firmeza, fico extremamente feliz. Me deixa bastante feliz saber que são tratadas com dignidade e igualdade, e que recebem muito amor na escola. Às vezes penso que a escola moderna se transformou num palco repressor, carregado de hostilidade e de competições, e ver uma realidade tão bonita e diferente como a da NANE me traz alguma paz de espírito.

Querida Ana, que você jamais mude seu jeito de ser professora. Que continue a ter tanto a ensinar quanto a aprender – em relação a isso, tenho bastante confiança em você e acredito que você está 100% preparada para continuar a conduzir as intervenções junto ao R. A maneira como você compreendeu o raciocínio por trás das ações que propus, e a forma sempre coerente como as executa, me deixa tranquila e confiante de que este menino está nas melhores mãos que poderia estar.

Sentirei falta de todos vocês!

Do jeitinho tímido e ambivalente da J., essa princesa são especial. Das coisas engraçadas que o M. diz, das idiossincrasias do K., P. S. e demais meninos. Do afeto do “pateta” do L. G., por quem me apeguei demais; da introspecção da D., da agitação alegre do P. C. Da ternura do G. C., sempre com alguma coisa para contar.

E da carência e da euforia do R., que talvez tenha sido meu grande professor nestes poucos meses que passei ao seu lado, e de quem jamais me esquecerei.

Da mesma forma que sempre lembrarei de vocês com amor e carinho, espero ter podido contribuir com vocês em algo além do que ser “a moça do caderninho” – essa sairá de férias, mas a Ana Paula pessoa, indíviduo, dotada de um coração, estará sempre com vocês.

Espero poder visitá-los no próximo semestre – sabemos que a vida nos leva a rumos inesperados e que nem sempre podemos fazer aquilo que planejamos. As tentativas de visitá-los com certeza ocorrerão, portanto não pensem que se livraram de mim tão cedo!

No mais, apenas obrigada. Faltam-me as palavras.

Um Feliz Natal, um Ano-Novo maravilhoso cheio de muitas e ótimas surpresas, e espero que mantenhamos contato, de acordo com o que a vida há de preparar para nós todos.

Um grande beijo,

N.

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