quinta-feira, fevereiro 07, 2008

O Carnaval finalmente acabou. Não foi preciso usar nenhuma máscara.

Então, esta sou eu: 25 anos pré-feitos, sem emprego, sem um real no bolso, e uma dívida enorme para com a minha mãe. Algo que, certamente, não poderei pagar tão cedo. Tenho uma profissão que não me serve para nada neste momento, um título de especialização que jamais sai. Uma família fragmentada, um coração doído.

Sem emprego, sem dinheiro, sem muitas perspectivas pro futuro. Um namorado lindo que adoro e com o qual me sinto bem, com quem dou as melhores risadas, mas que ultimamente quase não vejo. Ando anestesiada.

Desconfio de tudo e de todos. Acho que alguém quer me fazer mal. Não conto meus segredos com medo deles serem revelados. Não acredito mais nos meus amigos, em Deus, em mim mesma. Olho as pessoas na rua com medo que elas descubram meu mais novo rótulo: Depressão Ansiosa. E, infelizmente, minha consciência aponta: Nana, você está enlouquecendo.

As crises de ansiedade se intensificaram. Tem dias que passo o tempo todo com taquicardia, dor no estômago, os joelhos bambos. De repente, de um minuto pro outro, rio maniacamente. Pego uma cerveja, fumo um maço inteiro de cigarros. Estas oscilações preocupam minha terapeuta; não sei o que me preocupa mais, os honorários dela ou a sua opinião a meu respeito: Sertralina ajudaria bastante, disse ela nesta mesma tarde. Recuso-me a ser medicada. Nem mesmo na Medicina acredito mais.

Me assusto com minha inversão de valores: minha mãe, subitamente, virou a pessoa que mais admiro na face da Terra. Jamais imaginei que pensaria assim. Por um lado, é reconfortante – elimina a idéia de que podemos prever as catástrofes do futuro. Por outro, me arrepio diante da imprevisibilidade da vida.

Finalmente acabou o Carnaval. Caíram-se todas as máscaras. Chega de euforia desmedida. De bundas perfeitas balançando ofensivamente dentro da minha TV. Começa agora aquele período insuportável que vai do Carnaval até o Ano-Novo.

As águas de março se adiantaram este ano. Chove também aqui dentro. A saudade aperta... e um grito na garganta se sufoca quando vejo uma pequena planta nascer entre as rachaduras do asfalto da violenta São Paulo.

Se Deus existir e estiver me vendo, só peço que entenda.

2 comentários:

Unknown disse...

Tenho certeza de que entenderá...seja lá o que for "deus"...
Beijo, Linda!
Quando der, passa lá no meu cais!

Fernanda Rossinih disse...

"Andar com fé eu vou a fé não costuma falhar"...