domingo, fevereiro 22, 2009

Implacável

Às vezes a gente luta muito pra esquecer alguma coisa.

E, de repente, a gente lembra. Parece que tomou um soco. Assim, vindo do nada, com a guarda baixa, inocência rara de que se está protegido. A memória ataca.

Difícil pensar no que poderia ter sido. No que poderíamos ter feito. No que poderíamos ter tido. Difícil pensar que a felicidade pode ter escapado pelos vãos dos dedos sem que nos apercebêssemos disto, iludidos que estávamos com a idéia da estabilidade.

Mas não - o tempo não para, o mundo gira, as coisas mudam. Os sentimentos, a despeito do que possam dizer, costumam ser volúveis, e inesperadamente, apenas a memória é estável e firme o suficiente para resistir à passagem do tempo.

O que poderia ter sido. Ter feito. Ter tido. Tic-tac, tic-tac. Poderia ter sido diferente? Ou o destino era certeiro, independente do caminho utilizado para chegar até aqui? Teria sido possível pegar uma tangente, um atalho no meio dessa minha história, e mudar o fim deste período?

As dúvidas pulam, as pulgas plantadas atrás de minhas orelhas. As dúvidas: ter sido, ter feito, ter tido. Se eu pudesse. Se eu tivesse podido. Tic-tac.

Sem choro nem vela - não pude, não fiz, não tive.

A vida segue. Implacável. Bola pra frente.

Um comentário:

Luli disse...

Pois é... o NEXT, vem sem ok mesmo...

Adorei o texto, congratulation again. Bjs