Eu já estava esquecendo como dói estar sem alguém que você gosta. Fechada no meu castelo de autonomia emocional, quase não lembrava mais como era sentir saudade. Saudade – não falta. Falta é aquilo que você sente quando qualquer um poderia aliviar a sua dor. A falta é um buraco em que todo mundo cabe. A saudade tem um formato específico, único, em que apenas um único individuo se encaixaria perfeitamente. Qualquer outra coisa ficaria desconfortavelmente inadequada ali. Na saudade nos lembramos de coisas esquecidas. Um cheiro, uma frase, uma piada que fosse, uma palavra que sempre servia. Na saudade você repensa quantos defeitos poderia relevar em nome daquele único abraço – não o abraço de qualquer pessoa, não um abraço aleatório. O amor não admite genéricos – não há espaço pra esconder o sol com a peneira. E o amor não perdoa: faz com que você se lembre, cada vez mais nitidamente, de tudo o que abriu mão quando resolveu que a solidão era melhor do que as rusgas. O que sobra é a paciência amarga de não tomar atitudes precipitadas: tentar fazer com que ao menos este sofrimento não seja em vão. Que ele construa um castelo no lugar onde antes houve uma cabana. Hoje você sofre pela tapera que ali deixou um buraco, mas se mantém mais forte que a dor imaginando o futuro mais brilhante. Futuro sem genéricos. Futuro em que ambos voltam a se encaixar perfeitamente, como chave e fechadura, sem espaço que sobre pra me lembrar de que, afinal de contas, não consigo jamais aceitar nada que não seja a felicidade em si.
nós e garganta
Há 12 anos
4 comentários:
Amiga: Não sei o que dizer além de: SE PRECISAR: CHEMA! Ok?!
Beijos mil
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