segunda-feira, junho 03, 2013

Lacuna

Começam a desaparecer as suas marcas em mim. E muito antes que suas manchas amarelem e por fim se desvaneçam, minhas lembranças se embaraçam e te carregam, pouco a pouco, para longe de mim. Você foi, e agora 200 e tantas milhas e muitos lapsos de memória moram entre nós, como se não houvessem bastado os 7 mares, os 3 anos e agora estes poucos dias que nos separam. Quase nada sobrou – agora mal me lembro do timbre da sua voz, me fogem todos os detalhes e, em pouco tempo, tudo terá sido perdido. Nessa lacuna entre passado e futuro, sobrou somente a gratidão pelo tempo, que apesar de em muito breve apagar o nosso encontro, nos foi generoso: te deu o grisalho dos seus cabelos, uma história linda para eu contar, e a remota lembrança do seu cheiro que, ainda hoje, eu sinto por toda parte.

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