quinta-feira, julho 11, 2013

Antagonia

Um braço seu me conforta, enquanto o outro se torna puro castigo. Nesta briga entre hemisférios esquerdos e direitos, existe um empate inegável entre nossos impulsos angelicais e macabros. Tudo entre nós traz luz e escuridão, confirmando o equilíbrio de uma situação tão particular - nas palavras, poesia e palavrões; na vida, liberdade e apego. Nos ideais, honra e hedonismo, e na pele, como não podia deixar de ser, o amor e a libertinagem. Nos opostos que contém, em si, o seu exato reverso, se faz essa mistura preciosa de abnegação e possessividade, de teoria e prática, de razão e emoção, de eu e você, e assim nos encontramos no exato ponto médio da reta espectral que envolve a nós dois. No silêncio ensurdecedor do seu olhar, mora o caos calmo da minha própria conduta, refletida com primor e com tanta, tanta generosidade, no brilho da sua retina. Somos apenas e tão somente os pólos opostos de um mesmo imã. Céu e terra se fundem por fim num êxtase inédito e invisível aos olhos alheios: os 7 mares nunca uniram com tanta maestria esses nossos mundos, que de antagônicos em suas idiossincrasias, passaram a ser tão poeticamente equivalentes. 

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