Ele, sempre em meios tão difíceis.
Um dia, estavam juntos.
E não se pode dizer que as circunstâncias eram favoráveis – ela, recém-coração-partido; ele apostou suas fichas.
A primeira música tocou, a segunda era parecida com a anterior. E durante algum tempo, estavam sintonizados. Não totalmente. Ela tinha medo – e ele, pressa. Mas quando estavam juntos, tudo corria bem. Ou quase, porque às vezes ela se sentia um pouco desinteressante. Sim, ela tinha seus complexos. Complexos que transformavam sua cabeça em algo complicado demais, abstrato demais, subjetivo demais, sempre demais. Apaixonada demais, talvez. O suficiente pra fechar os olhos e fingir naturalidade. E, verdade seja dita, ele não ajudava muito.
Ela andava sempre em muitas companhias. Talvez estivesse sendo meio superficial – quem pode dizer? Era apenas uma garota comum, tentando preencher seus vazios. Mas ela gostava do seu cheiro e do seu toque – dormia embalada por lembranças extremas, confusas, intensas.
Um dia, ela reconheceu o quanto poderia ser feliz ali. Poderia ficar ali pra sempre. Mas o relógio dele nunca se comprometeu a parar. E como se fosse apenas uma página, ele a virou. Havia cansado de caminhar. Ela se colocou a correr, ele se sentou à sombra à espera de um fôlego que ela ainda questionava: “viria?”
Não sabia se viria, mas ele pediu paciência. Ela não tinha, era um pouco mimada, talvez até demais. Agora que estava caminhando ao seu lado, não suportava a idéia de parar. Havia gostado de andar. Dá pra levantar e andar, fazendo o favor?
Não, não dá mais.
E de repente, escureceu. O sol se pôs e naquela noite a Lua nem apareceu, cansada que estava. Talvez tenha chovido também, mas ela não reparava porque seus olhos já estavam úmidos.
A imagem dele ficou presa em sua retina, mas seu cheiro desapareceu. Ela perguntava por que. A resposta estava dentro de si.
Então ela se deitou, acendeu um cigarro e esperou pela última e derradeira caminhada.
De volta. De volta pra casa.