terça-feira, dezembro 05, 2006

Não sirvo mais pra balada! ( ou "do porquê de eu amar a Blockbuster e seu Dia de Sofá")

As pessoas são realmente engraçadas.
Outro dia, contrariando meus instintos, me aventurei numa balada com uma amiga, em plena sexta-feira, em plena Vila Madalena. Eu já tinha jurado a mim mesma algumas dezenas de vezes não sair mais aos fins de semana, ainda mais na Vila Madalena. E como eu sou uma das últimas pessoas a quem eu escuto, lá fui eu.
Arranjar uma roupa foi um tormento, como para todas as mulheres. Especialmente porque estou naquela fase 'meio de emagrecimento' quando suas roupas antigas não ficam mais legais, mas você ainda não chegou 'lá' pra comprar novas. De qualquer forma, escolhi algo básico, mas que me destacasse - eu estava mesmo precisando levantar um pouquinho a auto-estima, mas agora pensando, preferia ter ido de pijamas.
Pra começar o transtorno, minha amiga acabou se envolvendo na maior confusão, só porque não quis pagar 5 reais a mais e entrou sob o nome de outra menina da lista, e acabou por se dar mal quando lhe pediram os documentos. Ela, com o RG dentro do bolso, acabou tendo que dizer que não tinha levado (um absurdo, vamos combinar). O segurança pediu a ela o número do RG, ela teve que mentir e dizer que não sabia de cor. Acabou gerando o maior auê, e até resolver demorou uns 40 minutos. Eu soltando fogo pelas ventas, o sapato machucando meu dedinho.
Ao entrarmos, ela me diz, despreocupadamente, que era mesmo irônico - ela sabia de cor até mesmo o número do título de eleitor e da Previdência Social! Ahn?
Lá dentro, o que eu já esperava. Temperatura ambiente de mais ou menos 40°, um pessoal bem feio se resfolegando na pista de dança ao som de uma bandinha maomeno que tocava Jota Quest. Peço um mojito que, num copo entregue meio molhado, escapa dos meus dedos e se espatifa no chão em mil pedaços. Morro de vergonha, mas depois percebo que ninguém sequer reparou, de tão alto que estava o som. Mas quando minha amiga começa a contar das desventuras sexuais com o namorado (...), todos escutam muito bem, a cada "transar", "pau" e "boquete" que ela falava. É... as pessoas são engraçadas!
Festa estranha, com gente esquisita... eu não tô legal! Não suportando mais as cotoveladas que a mulherada siliconada me dava a cada "vou deixaaaaar... a vida me levaaaaar" que o vocalista gordinho cantava, resolvi me refugiar na outra pista. Ah, black, perfeito! Ideal pra dar uma rebolada, relaxar um pouco e curtir a baladinha dentro da minha "bolha". Então 2 idiotas pegam no meu cabelo, um terceiro faz "sssssssssss" no meu ouvido. Ahn?? Tenho enjôos de estômago, comento com minha amiga, que me apóia integralmente - "são uns palhaços mesmo!" (sic)
Uma vez na pista, dançando timidamente frente ao número impressionante de homens por metro quadrado, percebo um cara que devia ser meio retardado acenando para mim de dentro de um camarote completamente vazio, agitando pulseirinhas coloridas e sorrindo. Ahn? Digo '"não, muito obrigada" e ele vem com um copo de whisky, me oferecendo e dizendo que era um copo especial pra 'mulher mais elegante da noite'. Agradeço novamente (e eu lá tenho cara de Cinderela?), e passados 2 minutos o vejo fazendo a mesma coisa, com outra palhaça que - Meu Deooosss!! - aceita tanto o copo quanto o 'ingresso VIP'. Ahn? Pff... as pessoas são mesmo engraçadas!
Meu pé já doía, já tinha tomado a 4ª água da noite (após a quebra do mojito, desisti do álcool), já tinha escutado minha amiga falar do namorado maravilhoso e extremamente sensual pelo menos durante umas 2 horas, quando de repente a escuto dizer "Olha ali meu paquerinha!" (sic). Ahn? Ela tinha um paquerinha? Ah...
Anuncio a ela que em 10 minutos estou saindo fora, ela concorda e... quando olho novamente, lá está ela aos beijos com O Paquerinha. Ahn? E o namorado-maravilhoso-e-sensual? As pessoas são engraçadas...
Decido ir pagando minha comanda enquanto ela 'conhece melhor' o tal mocinho, e no caminho para o caixa, escuto horrorizada "Pow, morena, tô maluco pra agarrar você e pegar nessa sua bundinha..." (sic) Ahn??? Morena? Bundinha? QUEM É VOCÊ?
- "Tenta, meu bem, e você realmente vai ver estrelas"
- "Nossa, gata, você fala assim eu piro!"
- "Vai pirar muito mais na hora que eu enfiar a mão na sua cara"
- "Que mal humorada! E você nem é assim tão gostosa! Devia ter ficado em casa, aí!"
- "Ahn?"
De fato. Devia ter ficado em casa. Pego minha bolsa e saio ultrajada rumo à fila, que leva mais de 25 minutos. Dali a pouco chega minha amiga: "Aonde você foi parar???" . Digo à ela que estava fugindo de um maníaco que primeiro quis me pegar e depois me falou horrores, dá pra acreditar?? Não é bizarro?!
Ela faz aquela cara de "Ah, normal", e entra na fila. Pergunto d'O Paquerinha. Ela diz "Tá lá ué, beija gostoso".
- Ele pegou seu telefone?
- Não, magina!
- Ahn? Ele nem pediu?
- Pediu. E eu não dei. Imagina se vou dar meu telefone prum desconhecido!
- Mas você acabou de beijar o desconhecido.
- Exatamente. Troca-se saliva, não contatos.
- Ahn?
As pessoas são mesmo engraçadas...
Chega minha vez de pagar, entrego a comanda. 39 reais. Ahn? 1 mojito e 4 águas, 39 reais? Saco o cartão do banco, já pensando em quanto era mesmo o limite do meu LIS... a mocinha do caixa agradece com cara de poucos amigos, e me diz, com uma voz robótica e cansada de quem já havia dito aquilo pelo menos umas 30 vezes: "Boa noite, espero que você tenha se divertido".
Ahn?
Nunca mais saio aos fins de semana. Juro!

3 comentários:

Flavia Melissa disse...

entrada prá balada: 25 reais.
mojito com rum nacional: 15 reais.
água sem gás, meio quente: 4 reais.
passar a balada com cara de perplexidade: não tem preço!

e viva as sextas-feiras no sofá, no máximo em algum tatame, se empanturrando de sashimis!

Anônimo disse...

Realmente balada já não tá mais com nada! Vale mais um bar tranquilo ou mesmo a casa de quem você já conheça e possa trocar idéias sem som alto pra atrapalhar.

Anônimo disse...

Ahn? Não sai mais?
Ah ta... você é engraçada!!
hihi