“Achei o final babaca demais, tudo deu certo, que graça tem nisso?”
Foi a partir de uma discussão sobre literatura e cinema com algumas amigas que me peguei a pensar no quão viciadas em drama parecemos estar. Amores impossíveis se tornaram fascinantes, e lágrimas um bom produto final. Um simples filme para crianças só fica bom se sua reviravolta for triste, e os clássicos do cinema estão cheios de romances sofríveis. Finais felizes se tornaram obsoletos.
Pensei em Romeu e Julieta, um romance lendário e absolutamente trágico, sempre um sucesso. Pensei em Love Story, outro grande filme, com Jenny sendo leucêmica. Pensei em Titanic e seu final catastrófico. Pensei em Cidade dos Anjos, Ghost e no amor impossível entre Molly e seu finado Sam, apenas um fantasma – este marcou minha adolescência, com meus hormônios a vapor e muitas lágrimas para chorar. Recentemente, um filme do gênero foi lançado, “E se fosse verdade?”, considerado um filminho “sessão-da-tarde”, bobinho e água com açúcar. Motivo? Um final feliz demais. Shrek ia bem, até a princesa descobrir que também era uma ogra, e transformar um amor improvável em um par mais que perfeito. Suas sequências foram consideradas inferiores ao primeiro filme (como quase sempre acontece), assim como Fiona, que teve de se rebaixar à condição de ogra e abrir mão de seu sangue-azul. Praticamente o oposto de A Bela e a Fera. Tudo feliz demais.
Quantas vezes já estive na tradicional situação do “está tudo bem demais, há algo errado nisso”? Estranhamos quando não há problemas, e chamamos trabalhos confortáveis de desmotivadores, reduzimos relacionamentos saudáveis a simples rotinas, e sentimos falta de fortes emoções, desafios, ou um bom e velho frisson. Mas afinal, de que emoção estamos falando? Por que insistimos em dizer que um final feliz é previsível, se o que de menos previsível existe na vida real são os finais felizes?
Será que nos acostumamos tanto com as dificuldades afetivas de nossas vidas modernas que passamos a considerar finais felizes absolutamente utópicos e inatingíveis? Ou será que a dificuldade vem justamente do fato de considerarmos os finais felizes um pouco demais para nós, e então criamos problemas? Será que os homens estão certos quando dizem que estamos tentando fazer tomada virar focinho de porco? Em que momento o romance se perdeu e os dramalhões tomaram conta? Somos realmente viciados em rejeições e problemas? Pensando em finais felizes e amores impossíveis, ogros e fadas, amor entre primos ou desigualdade social, no que se refere aos relacionamentos, não pude evitar de me perguntar: nós precisamos de drama para fazer nossas relações funcionarem?
Praticamente todos os meus amigos homens evitam ligar para uma mulher no dia seguinte, mesmo que tenham realmente gostado de conhecê-la. Motivo? Correm o risco de serem vistos como bobos. Preciso concordar com eles: em algum momento entre Adão & Eva e Pitt & Jolie, as mulheres passaram a gostar do improvável. Canso de ver mulheres por aí inventarem motivos para discutir a relação, sem pensar que talvez pela própria relação suas perguntas possam ser respondidas. Também vejo montes de mulheres desprezarem homens incríveis justamente por eles estarem interessados nelas. Eu mesma me encanto com amores idealizados e totalmente impossíveis, tenho gosto por um bom canalha e uma certa pena dos bonzinhos, como se a meta final fosse um coração partido e uma linda história para contar. Este sim, um Grand Finale!
Afinal, qual o problema com os finais felizes? Será que nos borramos de medo de que um dia aconteça conosco, e então, desesperadas, tenhamos que dizer “Sim, eu aceito” e aí encarar todas as agruras de uma vida feliz? Ou somos simplesmente histéricas, incapazes de aceitar nossa própria falta, e assim, ficaremos sempre procurando, procurando, procurando, e achando apenas aquilo que um dia, fatalmente, viremos a perder, para então recomeçar a busca, nos arrependendo pelos erros do passado e desejando voltar no tempo?
Odeio dizer isso, mas tem horas em que ser mulher me cansa. Os finais felizes me cansam, mas o drama tem me cansado mais ainda.
E é por isso que, a partir de agora, vou tomar menos champagne e mais cerveja, ver menos romances e mais comédias, vou assistir menos filmes e mais futebol, que embora também seja dramático, tem pelo menos um lado bom: há sempre uma nova chance de final feliz quando um novo campeonato recomeça. Corta!
Foi a partir de uma discussão sobre literatura e cinema com algumas amigas que me peguei a pensar no quão viciadas em drama parecemos estar. Amores impossíveis se tornaram fascinantes, e lágrimas um bom produto final. Um simples filme para crianças só fica bom se sua reviravolta for triste, e os clássicos do cinema estão cheios de romances sofríveis. Finais felizes se tornaram obsoletos.
Pensei em Romeu e Julieta, um romance lendário e absolutamente trágico, sempre um sucesso. Pensei em Love Story, outro grande filme, com Jenny sendo leucêmica. Pensei em Titanic e seu final catastrófico. Pensei em Cidade dos Anjos, Ghost e no amor impossível entre Molly e seu finado Sam, apenas um fantasma – este marcou minha adolescência, com meus hormônios a vapor e muitas lágrimas para chorar. Recentemente, um filme do gênero foi lançado, “E se fosse verdade?”, considerado um filminho “sessão-da-tarde”, bobinho e água com açúcar. Motivo? Um final feliz demais. Shrek ia bem, até a princesa descobrir que também era uma ogra, e transformar um amor improvável em um par mais que perfeito. Suas sequências foram consideradas inferiores ao primeiro filme (como quase sempre acontece), assim como Fiona, que teve de se rebaixar à condição de ogra e abrir mão de seu sangue-azul. Praticamente o oposto de A Bela e a Fera. Tudo feliz demais.
Quantas vezes já estive na tradicional situação do “está tudo bem demais, há algo errado nisso”? Estranhamos quando não há problemas, e chamamos trabalhos confortáveis de desmotivadores, reduzimos relacionamentos saudáveis a simples rotinas, e sentimos falta de fortes emoções, desafios, ou um bom e velho frisson. Mas afinal, de que emoção estamos falando? Por que insistimos em dizer que um final feliz é previsível, se o que de menos previsível existe na vida real são os finais felizes?
Será que nos acostumamos tanto com as dificuldades afetivas de nossas vidas modernas que passamos a considerar finais felizes absolutamente utópicos e inatingíveis? Ou será que a dificuldade vem justamente do fato de considerarmos os finais felizes um pouco demais para nós, e então criamos problemas? Será que os homens estão certos quando dizem que estamos tentando fazer tomada virar focinho de porco? Em que momento o romance se perdeu e os dramalhões tomaram conta? Somos realmente viciados em rejeições e problemas? Pensando em finais felizes e amores impossíveis, ogros e fadas, amor entre primos ou desigualdade social, no que se refere aos relacionamentos, não pude evitar de me perguntar: nós precisamos de drama para fazer nossas relações funcionarem?
Praticamente todos os meus amigos homens evitam ligar para uma mulher no dia seguinte, mesmo que tenham realmente gostado de conhecê-la. Motivo? Correm o risco de serem vistos como bobos. Preciso concordar com eles: em algum momento entre Adão & Eva e Pitt & Jolie, as mulheres passaram a gostar do improvável. Canso de ver mulheres por aí inventarem motivos para discutir a relação, sem pensar que talvez pela própria relação suas perguntas possam ser respondidas. Também vejo montes de mulheres desprezarem homens incríveis justamente por eles estarem interessados nelas. Eu mesma me encanto com amores idealizados e totalmente impossíveis, tenho gosto por um bom canalha e uma certa pena dos bonzinhos, como se a meta final fosse um coração partido e uma linda história para contar. Este sim, um Grand Finale!
Afinal, qual o problema com os finais felizes? Será que nos borramos de medo de que um dia aconteça conosco, e então, desesperadas, tenhamos que dizer “Sim, eu aceito” e aí encarar todas as agruras de uma vida feliz? Ou somos simplesmente histéricas, incapazes de aceitar nossa própria falta, e assim, ficaremos sempre procurando, procurando, procurando, e achando apenas aquilo que um dia, fatalmente, viremos a perder, para então recomeçar a busca, nos arrependendo pelos erros do passado e desejando voltar no tempo?
Odeio dizer isso, mas tem horas em que ser mulher me cansa. Os finais felizes me cansam, mas o drama tem me cansado mais ainda.
E é por isso que, a partir de agora, vou tomar menos champagne e mais cerveja, ver menos romances e mais comédias, vou assistir menos filmes e mais futebol, que embora também seja dramático, tem pelo menos um lado bom: há sempre uma nova chance de final feliz quando um novo campeonato recomeça. Corta!
3 comentários:
pois é.
eu tbm queria saber.
sabe que me enche o saco oscilar entra a montanha russa e a roda-gigante.
eu quero a montanha encantada!!!
pois é.
eu tbm queria saber.
te amo.
vc e carô me inspiraram.
vai lá.
Querida, adorei a sua visita. Agora tbm seu o teu caminho e vou passear por aqui sempre.
Mas linda... To sempre confusa, os dramalhões me escolhem ou eu escolho os dramalhões?
Hum... Acho até que a gente os cria mesmo.
Ser homem é tão mais fácil, como vc disse, eles tomam uma "cerva" e assistem ao futebol e naquela hora nada de sexo!!... Simplesmente porque o time está jogando e não porque eles se desinteressaram e não gostam mais da gente...
Aff... Que difícil! Como eu sofro! Rsrs...
BJOS
Carô
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