segunda-feira, abril 06, 2009

Canalhas VS Bonzinhos


O senso comum diz: toda mulher adora um canalha. Todos os dias vemos por aí mulheres fantásticas sendo magoadas, geralmente por homens de pouco conteúdo ou de caráter duvidoso. Não demora muito para aquele encontro fantástico naquele bar bacanésimo se transformar numa mesa de quatro amigas onde se choram pitangas e outros tipos de frutas.

Os comentários tendem a serem os mesmos: ela é tão inteligente, bonita e boa pessoa que não deveria sofrer pelo canalha. Mas se esta é a verdade, o que eles estavam fazendo juntos? Onde estão os bonzinhos do mundo no momento em que uma mulher fabulosa decide abrir seu coração?

Será que as mulheres gostam mesmo de um bom sacana?

Minha amiga Helena* tem certeza disso. Um homem pode perdê-la em menos de 10 minutos se reunir, numa mesma frase, as palavras “relacionamento”, “filhos” e “religião”. Diz ela que curte mesmo é um bom ateu safado que, por não acreditar em nada, também não tem medo de nada nem sofre pressões de nenhum tipo.

Meu amigo Otávio* sempre me diz que ligar para a mulher no dia seguinte tem sido, nos últimos tempos, uma verdadeira polêmica. Isso porque enquanto muita mulher acha esse cuidado indispensável, tem um monte de outras que considera esse ato antiquado e bonzinho demais. Meu amigo ficou tão confuso que, juro, broxou no último encontro – tudo pra não se deparar com o problema do dia seguinte.

Eu sempre fui chegada num bad boy, apesar de ter plena consciência de que estar com eles não conduz a lugar nenhum, com exceção, muito provavelmente, do motel mais próximo. Por outro lado, estar com um canalha dá uma inflada no ego, porque no fundo, no fundo, a gente sabe que o canalha não passa de um troféu: ele geralmente é bonito e gostoso, masculino ao extremo, e não nos dá trabalho. É a derradeira conquista.

Nos últimos tempos, andei fazendo um esforço sobre-humano pra me livrar dos canalhas e prestar atenção nos bonzinhos. Desde médicos poligâmicos, passando por atletas burros e mentirosos, chegando a caiçaras arrogantes, meus últimos anos de solteira foram polvilhados de perfeitas fugas de paixões arrebatadoras por homens que não valiam um real. E eu realmente tentei gostar dos bonzinhos, muito embora eles nunca tivessem sido muito atraentes para mim.

Até um bonzinho se revelar um canalha e me machucar feio, e eu descobrir, como quem acha a fórmula mágica pra alguma equação cabeluda, que os bonzinhos e canalhas estão sempre se mascarando por aí, disfarçados dentro de nós sob a roupagem maldita da expectativa. Não é o cara que é canalha ou bonzinho, mas nós que os julgamos safados ou legais de acordo com as nossas expectativas.

E é por isso que um amigo meu que eu juro que é bonzinho é chamado de canalha por qualquer outra mulher que o conheça: eu sei exatamente o que esperar dele, e não peço nada além do real. Ele me satisfaz, e não me frustra – é bonzinho. Mas ele arrasa o coração de quem espera dele muito mais do que ele pode dar – e vira canalha.

Canalhas e bonzinhos habitam, ocultamente, o coração de todo ser humano, sendo este homem ou mulher. Todos possuímos, dentro de nós, potencialidades para sermos bacanas ou escrotos, e somente a gente mesmo pode julgar as motivações para uma ou outra atitude.

Portanto, mulheres, antes de taxarem o próximo marmanjo de canalha ou de bonzinho demais, consultem suas expectativas, suas escolhas e suas experiências anteriores: o canalha só é canalha mesmo com aquela que procura no outro aquilo que ele não pode lhe dar.

3 comentários:

Marcela Marson disse...

Concordo em partes.
Acho que o canalha, vem de caráter.
Vc conhece de longe pessoas sem esse adjetivo indispensável. Aí vai de topar entrar nessa (furada) e aí depois não reclamar,"ai, ele é um canalha", já sabendo que seu caráter é duvidoso.
Expectativas, todos vamos ter.Afinal, não conhecemos e começamos a tentar desvendar aquela pessoa, como ela deve ser, como se comporta, o que ela pensa... antes do encontro. Aí quando "fantasiamos" tudo, chega a verdadeira hora "h", o encontro em si... e as vezes não é nada daquilo, ou tinha alguma a ver com o que vc imaginou, mas na verdade o ser humano é uma caixinha de surpresas e dificilmente, mesmo em anos conheceremos o verdadeiro eu. Sim, as características mais fortes, mas as pessoas mudam, ciclicamente.

Mas, acho que se o canalha foi com uma canalha, será com assim com todas as outras... sua característica mais forte! rs (isso em um relacionamento homem/mulher. Na amizadade ele pode ser diferente, não sendo mulher dele, tá ótimo!)

Basta já percebendo... cair fora.

Ricardo Pereira disse...

Na verdade é tudo uma questão de você pintar o outro da maneira que quiser. Por exemplo você encontrou qualidades que lhe atraem no sujeito que definiu como bad boy, qualidades que você também pode encontrar naquele que é bonzinho. Até porque dizer que 'geralmente' o bad boy é bonito e gostoso, masculino ao extremo, é a mesma coisa que nada. Porque 'geralmente' não mede coisíssima nenhuma. Da mesma forma que dizer que os bad boys são assim, os bonzinhos são assado. Quando revemos nossa história temos a tendência a justificar nossos erros, você por exemplo entende que errou ao se envolver com bad boys, mas para justificar isso 'pintou' o bad boy da maneira que lhe atrai e justificou-se dizendo que os bonzinhos nunca foram atraentes para você. Ironicamente seu texto deixa claro que nem você acredita nessa divisão, aliás divisão que não existe mesmo, portanto foi você que definiu quem são os bad boys e quem são os bonzinhos, e não os bad boys e os bonzinhos, para solucionar um problema que entende neste artigo é seu. É a mesma coisa que uma mulher dizer que prefere homens inteligentes. Ela definiu na cabeça dela o que seria um homem inteligente e pode dessa forma namorar um tapado, pois o que ela considera inteligência na maioria das vezes é algo com o qual ela pode lidar e não inteligência de fato. Provavelmente os bonzinhos nunca serão canalhas, caso contrário não seriam bonzinhos, seriam canalhas, um julgamento errado, precipitado, os tornou bonzinhos. Seria melhor uma cisão entre os desonestos e os honestos e aí independe do sujeito ser bad boy ou não. A maioria dos bad boys, por exemplo, são bad boy de fachada, as academias estão cheias deles, mas no fundo são pessoas honestas, tão boazinhas quanto os bonzinhos. Um homem bom pode ser bonito e gostoso, masculino ao extremo, você por exemplo pintou um bonzinho como um sujeito sem sal porque 'geralmente' para você, eles são assim. E 'geralmente' como eu disse acima não significa nada. E você pode ser tomada como base apenas para você e não para todas as mulheres existentes. Você mesmo admite que dizer que todas as mulheres adoram um canalha é um senso comum. A questão deveria ser outra será que a mulher que adora um canalha não seria ela uma 'canalha' também? E as mulheres que preferem os bonzinhos seriam 'boazinhas'? Acho mais provável, além de ser mais justo com elas mesmas, senão fica a impressão de que as mulheres adoram uma canalha porque são boazinhas demais.

Luli disse...

Eu, particularmente, amo encontrar pessoas "boazinhas" que respeitam os outros, que conhecem o que são senimentos... enfim, detesto os que sempre querem levar vantagem em tudo, que não possuem valores. Infelizmente, ter valores está fora de moda, e gente de bom coração fazendo o que não presta por não ter os tais valores. São eles que limitam o comportamento que pode ou não ser lastimável.

De resto, whatever o rótulo de bonzinho ou bad boy.