Esta semana, motivada pela sensação de que algo deveria ser feito sobre minhas oscilações emocionais, meti as caras e fui a uma palestra oferecida pela Casa de Dharma, com o Venerável Monge Banthe Buddharakkitha (foto). Não sou budista, mas sendo simpatizante, me interessei pelo tema: O Cultivo das 10 perfeições. Sem saber meditar e não fazendo a menor idéia das diferenças entre o Budismo Theravada e o Budismo Chinês, lá fui eu na palestra na maior expectativa.
A idéia era fascinante: uma vida feliz envolve necessariamente 10 características, e é necessário se adotar uma determinada postura em relação a cada uma delas. O raciocínio é muito simples: cultivando cada item e mantendo a postura correta sobre eles, o resultado produzido é felicidade. Acreditei piamente: alguém já viu monge deprimido? Ansioso? Com compulsão alimentar?
Neste primeiro dia de palestra, fiquei absolutamente encantada, a começar pela figura do Banthe. A Renata já tinha me dito pra eu atentar pra postura destes monges theravada, e de fato fiquei impressionada: era a imagem da tranqüilidade, era uma pessoa realmente FELIZ. Senti uma extrema paz e confiança vindo dele, alguém que eu realmente gostaria que estivesse dentro da minha vida, da minha casa, do meu círculo de amigos. Alguém em quem me espelhar.
Foram abordadas 4 perfeições: generosidade, ética, renúncia e sabedoria. Tendo como base a idéia de que a felicidade real está no momento presente, e que nosso sofrimento advém dos desejos excessivos ou inapropriados (donde vem a expectativa, e por conseqüência, a frustração), começou a fazer todo o sentido do mundo o que de fato acontece aqui dentro de mim.
Ser generoso faz bem e traz satisfação, alegria, tranqüilidade e então felicidade. Felizes, estamos concentrados e aptos a continuarmos felizes. Mas doar não é o mesmo que abandonar – a generosidade está ligada à renúncia, e não apenas de bens materiais. Quando renunciamos ao material, estamos renunciando à cobiça, à ilusão de que nossa felicidade está fora de nós, nas coisas que possuímos.
Também é necessário renunciar a alguns sentimentos – abrir mão da raiva e dos sofrimentos que nós mesmos criamos! E é claro que determinados sofrimentos advém de fatores externos, mas cabe a nós, novamente, decidir cortar ou manter tais fatores nocivos em nossa existência.
No fundo no fundo, tudo acontece apenas dentro de nós. E dentro de nós está a escolha de existir neste mundo de maneira ética e sábia. Ser sábio é perceber as coisas em seus detalhes, é refletir sobre os conhecimentos, é deixá-los penetrar nossas mentes como a chuva penetra a terra fértil. É agir corretamente não por medo da punição, mas por entender que, na lei da vida, tudo o que fazemos fatalmente se voltará contra nós, o que não tem nada a ver com a tranqüilidade e felicidade.
Fiquei absolutamente encantada com a palestra e realmente motivada a aprender mais sobre o assunto. Ter percebido minha dificuldade em me conectar com o presente, esquecendo passado e parando de me pré-ocupar com o futuro, me fez acordar para a MINHA mais Nobre Verdade: ser feliz só vai depender de mim, e está mais do que na hora de eu me responsabilizar por esta missão.
PS: Este post não teve a intenção de propagandear nada: os links e elogios são por conta própria e foram colocados na intenção de espalhar o Dharmma por aí – mais um dos passos do caminho da felicidade :)
PS2: No fim da semana vai acontecer a segunda parte da palestra. Volto aqui e conto tudo.
6 comentários:
Olá, Nana
Obrigado pelo desabafo, foi sensível e sincero.
Ainda vejo que falta isso nas pessoas: encontrar-se numa tristeza, antes de se perder em uma alegria. Olhar nos olhos da multidão que viu você se dar mal, para depois compartilhar apenas com um, quando se der bem. Essas coisas.
Me dar bem é reconhecer em você, as proximidades emocionais, bem como essa identificação transparente. Foi minha individualidade que me impediu de te dizer isso antes. Terrível mania.
Então te copio, por hoje, obrigado: por existir.
É isso aí. Somos imperfeitos, e aí está uma das nossas dificuldades, pois, mesmo sabendo o caminho que devemos tomar muitas vezes relutamos (por inúmeros fatores: teimosia, falta de compreensão real dos fatos, etc.), bom é ouvir o que vem de dentro, sem deixar as interferências externas atrapalharem; somos nós, com nós mesmos, e cada qual, no fundo, sabe o que há de se fazer. Voce está no caminho certo.
Gostei do momento Dharmma... a dica veio em boa hora.
Demais, Nana! Para nós, pessoas cheias de expectativas e extremamente ansiosas, acho que cai como uma luva.
Aguardando a parte 2!
Beijos, querida!
PS: vou fazer a propaganda do texto no meu twitter! Uhuuu!
É isso aí pessoal menos drama, MAIS DHARMA!
BEM MAIS DHARMA!!!
monge lindooooo =)
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