quinta-feira, dezembro 04, 2008

Invisível


E foi quando dezembro chegou, trazendo os ares quentes de verão, que tudo entre nós congelou. Suas mãos tornaram-se tão distantes e nenhum calor emanou de seu corpo novamente. A sua figura tornou-se invisível.

Sobraram apenas resquícios do que foi de nós dois. Os seus abraços transformaram-se em palavras, sem ordem, sem sentido, sem qualquer significado. Viramos amontoados de letras, números numa página de caderno, rostos em branco e preto na nossa coleção de memórias. Por quanto tempo permanecerão os detalhes, antes de serem cobertos pelos cheiros e toques de terceiros? Em alguns segundos haverá pouco, muito pouco a ser lembrado.

Se acaso nossos olhos se cruzarem na noite e novamente brilharem, saberemos que já não há convites a serem recusados. Não haverão papéis a serem cumpridos. Um lampejo de rancor transpassará o meu olhar – não se preocupe, são apenas os rastros deixados pela sua ausência, do nosso crime não restaram evidências, contra nós não existe qualquer tipo de prova.

A completa limpeza dos nossos terrenos denuncia a nossa cumplicidade – um meio sorriso de canto, um olho aberto e um fechado. Deu certo: ninguém, graças a Deus, saiu machucado.

Um comentário:

Marcello Fiore disse...

so... this is a happy ending?