As Leis Gerais do Comportamento afirmam há décadas: o ser humano se norteia, em suas atitudes, através das conseqüências. Em linhas gerais, isso é bem fácil de entender: se você se dá bem após fazer algo, é bem provável que faça esse algo novamente. Se você se deu mal, provavelmente não irá mais fazer a mesma coisa.
Essa relação entre comportamento e conseqüência se expande para além do nosso cotidiano – abrange sentimentos, pensamentos, fantasias. E é exatamente com base nesta linha de raciocínio que eu cheguei a uma triste conclusão: eu extingui meu hábito de fantasiar.
Ficar sonhando acordada sempre foi o que definiu a maioria dos piscianos que, como eu, esquecem de viver a vida real. Comigo, o processo se inverteu: eu simplesmente não consigo mais fantasiar quando o assunto em questão são os relacionamentos afetivos. A questão é que eu já tomei tanto na testa, já tive tantas conseqüências negativas após fazer mil fantasias sobre algo ou alguém, que esse meu comportamento acabou soterrado embaixo de um monte de mágoas que não me ajudam em absolutamente nada nesta vida. Mas eu simplesmente não concebo mais a idéia de engolir a seco fantasias e planos para o futuro.
É claro que todo mundo se fode uma vez ou outra, e eu nunca fui do tipo coitadinha-de-mim. Para mim é muito claro que eu sou diretamente responsável pela minha vida afetiva ter se tornado um vazio absoluto. Não ouso culpar os parceiros bola-da-vez, embora um ou outro tenha agido de maneira vergonhosa comigo – não, nenhum deles é culpado por eu ter reduzido a zero meus contatos amorosos.
A questão é: meu comportamento feminino foi tão “punido” (no sentido de ter sido consequenciado negativamente) que essa minha faceta simplesmente ficou lá pra trás, muito muito depois da Nana psicóloga, da Nana lutadora, da Nana amiga, irmã, filha, vizinha, consumidora de padaria ou cliente de salões de cabeleireiro. A Nana-Mulher, a que ama, que fantasia, que sonha e que deseja ficou simplesmente fora do jogo.
Segundo minha(s) terapeuta(s), essa é a hora em que eu devo finalmente acordá-la. Ok, o sono foi bom e necessário, muitas outras coisas ocuparam minha atenção durante este tempo, e está finalmente na hora desta questão voltar a fazer parte da minha agenda mental de compromissos comigo mesma: eu preciso voltar a sonhar. Porque como já dizia o Monteiro Lobato, tudo no começo é sonho ou loucura. Sem sonho não há vida.
Parte desta difícil tarefa tem consistido em eu praticar (sim, assim, no duro) o ato de flertar. Eu sei o quanto soa ridículo, mas pra mim uma simples paquerinha de balada é um verdadeiro martírio. Eu nunca sei o que fazer, o que dizer, pra onde olhar. Eu costumo me sentir patética e me torno imediatamente um poço de ansiedade. E é exatamente por isso que, em qualquer contexto que eu esteja, é sempre mais fácil virar amiga dos caras em vez de me colocar como mulher – é praticamente impossível ser rejeitada quando se exerce o papel de amiga. E é desta mesma forma que eu, automaticamente, me mantive fora do jogo amoroso durante aproximadamente dois anos.
É claro que houve um evento marcante (pra quem se perguntou: “o que houve dois anos atrás?”). Uma mega desilusão amorosa, atrelada a um transtorno de ansiedade bem foda, tratou de empurrar pros fundos da minha dignidade quase todos os meus traços românticos. E é fato que, depois daí, eu simplesmente criei amizades coloridas com romance zero – 0% de exposição, 0% de risco.
Mas tudo na vida se resume ao desafio que é saber quando se está atravessando aquela linha tênue que divide a auto-preservação do auto-boicote. Isso vale pro amor, pros empregos, pras famílias. Também é uma atitude de sabedoria saber parar de se esquivar de possíveis e hipotéticas conseqüências negativas, e se arriscar um pouco nas coisas. Como já dizia o Grande, hay que endurecer, però sin perder la ternura.
Este “se arriscar” pode até ser lido como “dar mole por aí só pra treinar ser mulherzinha de novo”. É claro que não é assim tão diretivo nem assim tão aberto. Mas é verdade que eu tenho tido bons resultados com meus “experimentos” – minha vida, digamos, “afetiva” tem ganhado algum movimento (mesmo que o “afeto” em questão tenha se resumido a um pegapracapá com um gatenho da outra academia), e é nessas e em outras que a velha e boa mulher que eu sou tem ganhado, lentamente, um pouco mais se espaço aqui dentro.
Continuo me sentindo gelada no que se refere ao amor e à paixão, e minha vontade de me relacionar enfrenta grandes resistências oferecidas pela minha eterna desconfiança. Ainda não consigo fantasiar coisinhas bonitinhas sobre alguém, mesmo depois de ganhar chocolates, receber ligações, mensagens fofas ou coisas do tipo.
Continuo recusando convites para sair e minha disposição em sair “flertando” arrisca a se reduzir a quase zero – eu vou forçando um pouco a barra. Se tornou extremamente difícil reativar meu comportamento de ser simplesmente mulher, mas a crença de que isso será possível novamente me mantém em movimento.
Por via das dúvidas, meus antigos planos de aprender dança do ventre estão sendo reavaliados. Tenho certeza que isso é algo que vai me ajudar a, como diz uma querida, “despertar a minha Deusa interior” – tem coisa mais feminina do que dança do ventre (além de celulite)?
Eu sei que tudo isso parece um pouco piegas e um tanto quanto melodramático. Afinal eu tenho apenas e tão somente 26 anos, ainda estou em idade altamente reprodutiva, tenho saúde e o mundo lá fora é grande demais pra eu dar por finalizada minha busca por uma história realmente legal pra viver.
Eu sei que sou um pouco trágica e que tenho tendência para as grandes cenas. E apesar de saber de tudo isso eu ainda procuro me entender e ouso encerrar a questão: quem nunca teve medo de sofrer que atire a primeira pedra, ou então que me ajude.
Essa relação entre comportamento e conseqüência se expande para além do nosso cotidiano – abrange sentimentos, pensamentos, fantasias. E é exatamente com base nesta linha de raciocínio que eu cheguei a uma triste conclusão: eu extingui meu hábito de fantasiar.
Ficar sonhando acordada sempre foi o que definiu a maioria dos piscianos que, como eu, esquecem de viver a vida real. Comigo, o processo se inverteu: eu simplesmente não consigo mais fantasiar quando o assunto em questão são os relacionamentos afetivos. A questão é que eu já tomei tanto na testa, já tive tantas conseqüências negativas após fazer mil fantasias sobre algo ou alguém, que esse meu comportamento acabou soterrado embaixo de um monte de mágoas que não me ajudam em absolutamente nada nesta vida. Mas eu simplesmente não concebo mais a idéia de engolir a seco fantasias e planos para o futuro.
É claro que todo mundo se fode uma vez ou outra, e eu nunca fui do tipo coitadinha-de-mim. Para mim é muito claro que eu sou diretamente responsável pela minha vida afetiva ter se tornado um vazio absoluto. Não ouso culpar os parceiros bola-da-vez, embora um ou outro tenha agido de maneira vergonhosa comigo – não, nenhum deles é culpado por eu ter reduzido a zero meus contatos amorosos.
A questão é: meu comportamento feminino foi tão “punido” (no sentido de ter sido consequenciado negativamente) que essa minha faceta simplesmente ficou lá pra trás, muito muito depois da Nana psicóloga, da Nana lutadora, da Nana amiga, irmã, filha, vizinha, consumidora de padaria ou cliente de salões de cabeleireiro. A Nana-Mulher, a que ama, que fantasia, que sonha e que deseja ficou simplesmente fora do jogo.
Segundo minha(s) terapeuta(s), essa é a hora em que eu devo finalmente acordá-la. Ok, o sono foi bom e necessário, muitas outras coisas ocuparam minha atenção durante este tempo, e está finalmente na hora desta questão voltar a fazer parte da minha agenda mental de compromissos comigo mesma: eu preciso voltar a sonhar. Porque como já dizia o Monteiro Lobato, tudo no começo é sonho ou loucura. Sem sonho não há vida.
Parte desta difícil tarefa tem consistido em eu praticar (sim, assim, no duro) o ato de flertar. Eu sei o quanto soa ridículo, mas pra mim uma simples paquerinha de balada é um verdadeiro martírio. Eu nunca sei o que fazer, o que dizer, pra onde olhar. Eu costumo me sentir patética e me torno imediatamente um poço de ansiedade. E é exatamente por isso que, em qualquer contexto que eu esteja, é sempre mais fácil virar amiga dos caras em vez de me colocar como mulher – é praticamente impossível ser rejeitada quando se exerce o papel de amiga. E é desta mesma forma que eu, automaticamente, me mantive fora do jogo amoroso durante aproximadamente dois anos.
É claro que houve um evento marcante (pra quem se perguntou: “o que houve dois anos atrás?”). Uma mega desilusão amorosa, atrelada a um transtorno de ansiedade bem foda, tratou de empurrar pros fundos da minha dignidade quase todos os meus traços românticos. E é fato que, depois daí, eu simplesmente criei amizades coloridas com romance zero – 0% de exposição, 0% de risco.
Mas tudo na vida se resume ao desafio que é saber quando se está atravessando aquela linha tênue que divide a auto-preservação do auto-boicote. Isso vale pro amor, pros empregos, pras famílias. Também é uma atitude de sabedoria saber parar de se esquivar de possíveis e hipotéticas conseqüências negativas, e se arriscar um pouco nas coisas. Como já dizia o Grande, hay que endurecer, però sin perder la ternura.
Este “se arriscar” pode até ser lido como “dar mole por aí só pra treinar ser mulherzinha de novo”. É claro que não é assim tão diretivo nem assim tão aberto. Mas é verdade que eu tenho tido bons resultados com meus “experimentos” – minha vida, digamos, “afetiva” tem ganhado algum movimento (mesmo que o “afeto” em questão tenha se resumido a um pegapracapá com um gatenho da outra academia), e é nessas e em outras que a velha e boa mulher que eu sou tem ganhado, lentamente, um pouco mais se espaço aqui dentro.
Continuo me sentindo gelada no que se refere ao amor e à paixão, e minha vontade de me relacionar enfrenta grandes resistências oferecidas pela minha eterna desconfiança. Ainda não consigo fantasiar coisinhas bonitinhas sobre alguém, mesmo depois de ganhar chocolates, receber ligações, mensagens fofas ou coisas do tipo.
Continuo recusando convites para sair e minha disposição em sair “flertando” arrisca a se reduzir a quase zero – eu vou forçando um pouco a barra. Se tornou extremamente difícil reativar meu comportamento de ser simplesmente mulher, mas a crença de que isso será possível novamente me mantém em movimento.
Por via das dúvidas, meus antigos planos de aprender dança do ventre estão sendo reavaliados. Tenho certeza que isso é algo que vai me ajudar a, como diz uma querida, “despertar a minha Deusa interior” – tem coisa mais feminina do que dança do ventre (além de celulite)?
Eu sei que tudo isso parece um pouco piegas e um tanto quanto melodramático. Afinal eu tenho apenas e tão somente 26 anos, ainda estou em idade altamente reprodutiva, tenho saúde e o mundo lá fora é grande demais pra eu dar por finalizada minha busca por uma história realmente legal pra viver.
Eu sei que sou um pouco trágica e que tenho tendência para as grandes cenas. E apesar de saber de tudo isso eu ainda procuro me entender e ouso encerrar a questão: quem nunca teve medo de sofrer que atire a primeira pedra, ou então que me ajude.
7 comentários:
Oi Nana,tenho acompanhado seu blog e seu post me lembrou um pouco de mim mesma há um tempo atrás.
Deu até vontade de escrever sobre isso.
abraço
Lembre-se do JAMÁS depois de "sin perder la ternura".
Sim, dança do ventre faz um mega bem pra saúde interior, física e espiritual... se joga.
Love you!
Oi Nana, obrigada por ter passado no meu blog :) gostei muito da visita.
Eu vivo fantasiando, vivendo no mundo da lua... É bom você manter os pés no chão, talvez fantasiar de uma maneira consciente... se isso for possível. A dança do ventre pode te ajudar a resgatar esse lado sedutor, ajudar você a ter mais confiança ao flertar.
Abraços,
L.J
Oi Nana,
E aí? Como foi de férias?
Hoje mesmo minha terapeuta me falou quase tudo que está nesse post! Fala a verdade... vocês combinaram? rsrs
Ela também falou que é hora de despertar esse lado e até mesmo recomendou que eu fosse tomar aula de dança. Mas não do ventre, obrigado.
Paquera em balada? Já fiz até post falando como também sou péssimo nisso né? Aliás, continuo esperando a ficha de inscrição pra legião dos desajustados!
Mas não é fácil mesmo soltar o que foi muito bem escondido na tentativa de se preservar. Eu sempre fui o cara que gostava de dar chocolate e mandar mensagens e agora me vejo deixando isso pra lá só pra não correr o risco de tomar mais um tombo...
Se dançar ajuda, acho que preciso de um curso intensivo!!
Beijo
Oi Nana...
Como disse, sempre leio seus delírios...A D O R O!!
Garotinha Inspirada! Os homens deveriam estar caidinhos aos seus pés!
bjo
Amanda
Deka,
Adorei o que vc escreveu relativo ao texto! Volte sempre!
Lu,
Jamás, jamás e jamás!
LJ,
Acho que fantasiar de maneira consciente realmente seria o caminho, e olha que eu estou tentando! E tentaaaando! Creio que, conmforme as experiências puderem se mostrar positivas, isso irá voltar a ser possível :)
Leo,
Vamos fundar o clube dos desajustados! Aí a gente pode ser destrambelhado à vontade que todo mundo vai achar lindo! Ah, e by the way, é mega legal homens que dançam (ok, não dança do ventre, apoiado...).
Amandinha!
Que delícia ler seu coment, vc devia fazer mais isso! Já quanto aos homens estarem caidinhos... só se for de sono. Tô boring, amiga, mas tô lutando contra, eu juro!!!
Beijocas a todos
Postar um comentário