Ultimamente, tenho sido rondada pelas doenças. Muitos à minha volta estão com alguma doença relativamente grave, de necessidade cirúrgica, complicadas. Uma delas tem batido cartão no meu cotidiano: pessoas que conheço vêm sofrendo com câncer.
Tem estado em todo lugar: parentes, pacientes, parentes de pacientes, conhecidos. Pessoas famosas. Políticos. Roteiristas de novelas. Médicos. Parece que ter câncer é quase como que ser fiscalizado pela Receita: volta e meia acontece e você não estava preparado pra isso.
O câncer aparece e te dá um murro na boca. Invariavelmente, a sombra da morte rodeia o doente. Só de falar o nome já provoca arrepios e imagens mentais sombrias: quimioterapia, cabelos caindo, funeral. Vômito.
Difícil segurar essa barra sozinho, e por mais que existam pessoas pra apoiar, parece que não faz a menor diferença: quem tem câncer se sente na roleta-russa. Uma destas pessoas que citei, com câncer tireoidiano, resolveu não contar pra ninguém que está doente, apesar do bom prognóstico. Os pais e irmão sabem, mas ela se recusa a contar para os amigos e amigas. Outra pessoa que conheço, com câncer na garganta, também adotou a mesma medida e guardou segredo da informação. O câncer é a imagem da fragilidade, ninguém quer se sentir assim tão vulnerável, ninguém quer ser alvo de pena que, invariavelmente, aparece.
Com tanta gente assim doente ao meu redor, é inevitável que eu mesma não reconheça em mim um certo temor da morte. Para ficar doente, basta ser humano. Para correr risco de morte, basta estar vivo. Para adoecer, basta se expor ao sol, comer alimentos não tão saudáveis, basta fumar um cigarro, respirar o monóxido de carbono da 23 de maio. Basta que existamos sem nos cercar de tantos cuidados que deixem nossa vivência a cada dia mais pesada, a cada dia mais mortal.
E se eu adoecesse?
Teria arrependimentos, medo da morte, desejos de voltar no tempo? Teria eu tranqüilidade de que vivi minha vida plenamente, realizando todos os desejos que um dia tive? Estaria eu com a consciência tranqüila de que cada minuto foi vivido com legitimidade, com autenticidade, com vontade? E quanto aos familiares e amigos? Eu contaria que estou doente? Pediria ajuda? Me despediria do meu companheiro? Faria um testamento? Ou apenas esperaria o futuro certeiro, em relação ao qual muito pouco poderia ser feito, já que a crença em níveis superiores me leva a compreender o início e o fim dos ciclos?
Vida e morte, saúde e doença . Confiança e receio.
Medo.
Tem estado em todo lugar: parentes, pacientes, parentes de pacientes, conhecidos. Pessoas famosas. Políticos. Roteiristas de novelas. Médicos. Parece que ter câncer é quase como que ser fiscalizado pela Receita: volta e meia acontece e você não estava preparado pra isso.
O câncer aparece e te dá um murro na boca. Invariavelmente, a sombra da morte rodeia o doente. Só de falar o nome já provoca arrepios e imagens mentais sombrias: quimioterapia, cabelos caindo, funeral. Vômito.
Difícil segurar essa barra sozinho, e por mais que existam pessoas pra apoiar, parece que não faz a menor diferença: quem tem câncer se sente na roleta-russa. Uma destas pessoas que citei, com câncer tireoidiano, resolveu não contar pra ninguém que está doente, apesar do bom prognóstico. Os pais e irmão sabem, mas ela se recusa a contar para os amigos e amigas. Outra pessoa que conheço, com câncer na garganta, também adotou a mesma medida e guardou segredo da informação. O câncer é a imagem da fragilidade, ninguém quer se sentir assim tão vulnerável, ninguém quer ser alvo de pena que, invariavelmente, aparece.
Com tanta gente assim doente ao meu redor, é inevitável que eu mesma não reconheça em mim um certo temor da morte. Para ficar doente, basta ser humano. Para correr risco de morte, basta estar vivo. Para adoecer, basta se expor ao sol, comer alimentos não tão saudáveis, basta fumar um cigarro, respirar o monóxido de carbono da 23 de maio. Basta que existamos sem nos cercar de tantos cuidados que deixem nossa vivência a cada dia mais pesada, a cada dia mais mortal.
E se eu adoecesse?
Teria arrependimentos, medo da morte, desejos de voltar no tempo? Teria eu tranqüilidade de que vivi minha vida plenamente, realizando todos os desejos que um dia tive? Estaria eu com a consciência tranqüila de que cada minuto foi vivido com legitimidade, com autenticidade, com vontade? E quanto aos familiares e amigos? Eu contaria que estou doente? Pediria ajuda? Me despediria do meu companheiro? Faria um testamento? Ou apenas esperaria o futuro certeiro, em relação ao qual muito pouco poderia ser feito, já que a crença em níveis superiores me leva a compreender o início e o fim dos ciclos?
Vida e morte, saúde e doença . Confiança e receio.
Medo.
6 comentários:
Não só o câncer "oferece" todos esses medos relatados por voce, mas toda ameaça à vida nos remete a esta ou aquela angústia. Passar por momentos desta natureza não é fácil, nem para quem está dentro dele, nem para quem "assiste". Uns sabem lidar melhor, já outros...
Ainda assim acredito que compartilhar da notícia do fato para com as pessoas queridas e próximas deve ser feito, pois, fica mais fácil de lidar com o problema, fica mais fácil de lutar, fica mais fácil de vencer. Outro detalhe importantíssimo nessa de comunicar é que também a pessoa, ainda que tacitamente, pede: "conto com voce"! E essa ajuda pode ser de qualquer forma. Nestes, ainda há separação do "joio do trigo", porque o que tem de "amigo" que corre, não é brincadeira.
Beijo.
Isso é mesmo uma loucura, né?
Parece que você acaba caindo num abismo, onde não há voltas e a única certeza é de que vai chegar ao fim.
Sei lá.. até me arrepiou ler seu post, pois somente quando temos algo muito próximo, paramos pra pensar um ummilhãodecoisasaomesmotempo!!!
Beijosss
Acho que eu nunca responderia que sim às suas indagações. Todo dia acordo e penso em tudo que ainda quero fazer: um mochilão, um filho, um apartamento só meu, uma carreira espetacular. Realizações pessoais e profissionais são infindáveis...
Agora, eu acho que o percursso até aqui foi bem divertido. Não me arrependo de (quase) nada :)
Beijos,
Querida, como é bom ler o que escreve! Me oxigena as membranas cerebrais.
Tenho também, dois amigos que estão na mesma situação.... curiosamente este ano tem o sinonimo de renascimento... de semente... o cancer, parece me um confronto direto com sua alma profunda!
na doenca conhecemos a nós mesmos.. a força do nosso interior.. a força motriz que guia nossas celulas, nosso cérebro, e desafia toda a racionalidade que se pode ter quando pensamos em morte.
o medo deve ser expurgado de nossas mentes pois o cancer e/ou qualquer outra doença é fruto de uma vida vivida e não precavida. ter os pés fincados em sua essencia é por hora, admitir baixas mas saber que pode-se enfrenta-la sem tanta pena e dor.
temos tantas doencas não aparentes que perduram por séculos como racismo, preconceito e egoismo. temos doenca da alma... que, quem sabe, não esteja sendo questionada e interpelada por o CANCER... que nasce sem muito porque, pois VIVE dentro da gente...
a morte vem para dar certeza... pois é só olhando pra ela que se pode de fato saber quem é de verdade...
amanhã tem e eu vou!
Nem me fale!
Viver a vida hoje, da maneira mais simples é o que vale, o que conta.
Certeza é a da morte, enquando isso aproveitá-la da melhor maneira.
Amo
maninha, gostei do moço! :)
bom fim de semana!
bj
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