Eu já li sobre o amor dos poetas, sofrido e romântico, traduzido em rimas simétricas e nas redondilhas perfeitas que saem de suas penas. O amor platônico, ideal, inatingível, pelo qual ninguém nunca passou incólume, a dor em forma de versos. O poeta ama ao seu próprio sofrimento.
Já li sobre o amor dos piratas por seus baús repletos de moedas de ouro, por seus tesouros escondidos no fundo do mar, por suas naus fortes e resistentes, pela donzelas sequestradas em alguma terra longínqua. O pirata ama verdadeiramente, mas seu maior amor é sempre a liberdade, a aventura e as descobertas.
Já vi o amor infantil de uma criança por seus ursinhos, a ponte entre seu mundo interno e a realidade externa. Choram as crianças por seus brinquedos e chupetas, e perdem todas as suas certezas quando estes lhes escapam. O amor de uma criança é sinceramente voltado para a segurança e para o conforto.
Já presenciei o amor de um músico pelos seus instrumentos. Este ama ao som como se este fosse a única coisa capaz de preencher seus vazios e pudesse compreender sua melancolia. Todo músico é melancólico por natureza, e tem um quê de tristeza que se traduz em seu amor sempre focado em seus próprios porquês.
O amor de um adolescente pelo seu professor preferido é talvez a forma mais bela e sutil de querer alguém. O jovem ama suas próprias aspirações, seu próprio futuro projetado na figura daquele que o ensina a coisa que mais irá amar ao longo de sua vida: o próprio viver, com seus erros e acertos.
O amor materno é sempre incondicional, inabalável, eterno. Ama a mãe aos seus filhos com devoção, um amor pelas próprias realizações representadas pelo fruto de seu ventre sagrado, que jamais se esgota. Ao pai cabe amar condiconalmente, sua devoção é limitada – rege um amor racional, construído com base na objetividade de suas regras e valores morais. Assim amam os homens: com ressalvas.
Amam-se os irmãos como amam a si próprios: espelhos que são, oriundos na mesma fonte, amarão ao outro o que falta em si mesmos. O amor fraterno é basicamente projetivo, competitivo, acirrado. Amam o que vêem refletido de si mesmos no outro que os refletem.
Já li, refleti, observei e presenciei o amor de muitas formas. Já fui poeta, já vi a música, agi como um pirata age, e amei a melodia confusa da alma humana. Projetivamente ou não, amo meus irmãos muito mais que a mim mesma. Amei ursinhos, chupetas, guitarras e moedas de ouro, já escrevi poemas doloridos e canções melosas.
Ora sou mãe dedicada, ora pai limitado, ora sou criança buscando por tesouros e até professores perdidos. Na maioria das vezes sou simplesmente humana, simplesmente mulher, talvez filha ingrata ou irmã invejosa. Porém sempre humana, demasiado humana.
Amo. Amo aos livros, aos poemas, amo a melancolia e meus vazios interiores. Amo meus brinquedos e minha família de forma (in)condicional. Amo meus sofreres, minhas seguranças e meus versos, tão tortos sobre linhas estreitas. Mas amo, seja lá que amor for este.
Já li sobre o amor dos piratas por seus baús repletos de moedas de ouro, por seus tesouros escondidos no fundo do mar, por suas naus fortes e resistentes, pela donzelas sequestradas em alguma terra longínqua. O pirata ama verdadeiramente, mas seu maior amor é sempre a liberdade, a aventura e as descobertas.
Já vi o amor infantil de uma criança por seus ursinhos, a ponte entre seu mundo interno e a realidade externa. Choram as crianças por seus brinquedos e chupetas, e perdem todas as suas certezas quando estes lhes escapam. O amor de uma criança é sinceramente voltado para a segurança e para o conforto.
Já presenciei o amor de um músico pelos seus instrumentos. Este ama ao som como se este fosse a única coisa capaz de preencher seus vazios e pudesse compreender sua melancolia. Todo músico é melancólico por natureza, e tem um quê de tristeza que se traduz em seu amor sempre focado em seus próprios porquês.
O amor de um adolescente pelo seu professor preferido é talvez a forma mais bela e sutil de querer alguém. O jovem ama suas próprias aspirações, seu próprio futuro projetado na figura daquele que o ensina a coisa que mais irá amar ao longo de sua vida: o próprio viver, com seus erros e acertos.
O amor materno é sempre incondicional, inabalável, eterno. Ama a mãe aos seus filhos com devoção, um amor pelas próprias realizações representadas pelo fruto de seu ventre sagrado, que jamais se esgota. Ao pai cabe amar condiconalmente, sua devoção é limitada – rege um amor racional, construído com base na objetividade de suas regras e valores morais. Assim amam os homens: com ressalvas.
Amam-se os irmãos como amam a si próprios: espelhos que são, oriundos na mesma fonte, amarão ao outro o que falta em si mesmos. O amor fraterno é basicamente projetivo, competitivo, acirrado. Amam o que vêem refletido de si mesmos no outro que os refletem.
Já li, refleti, observei e presenciei o amor de muitas formas. Já fui poeta, já vi a música, agi como um pirata age, e amei a melodia confusa da alma humana. Projetivamente ou não, amo meus irmãos muito mais que a mim mesma. Amei ursinhos, chupetas, guitarras e moedas de ouro, já escrevi poemas doloridos e canções melosas.
Ora sou mãe dedicada, ora pai limitado, ora sou criança buscando por tesouros e até professores perdidos. Na maioria das vezes sou simplesmente humana, simplesmente mulher, talvez filha ingrata ou irmã invejosa. Porém sempre humana, demasiado humana.
Amo. Amo aos livros, aos poemas, amo a melancolia e meus vazios interiores. Amo meus brinquedos e minha família de forma (in)condicional. Amo meus sofreres, minhas seguranças e meus versos, tão tortos sobre linhas estreitas. Mas amo, seja lá que amor for este.
Um comentário:
Demasiada exxxxxessssessssivamente humana mesmo.... noto... mas,,,, extremamete amorosa com suas palavras, maravilhosamente bem rabiscadas .. beijos Nana.....
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