domingo, novembro 02, 2008

na luz da manhã que nos espera


Houve sintonia – ninguém poderia negar isso. Afinal, já estávamos sendo esperados. Admito, tudo era um jogo importante de sedução – que sentido existe em uma situação como essa se não pairar sobre nossas cabeças o medo de perder a oportunidade?

Foi um portal que se abriu e nós aproveitamos a brecha, entramos de cabeça, perdemos a cabeça nesta outra dimensão. Vasculhamos esse mundo encantado do qual ninguém sai ileso – o mundo dos sentidos oferece tantos perigos e nem nos damos conta disso, na penumbra dos quartos e nas nossas andanças por aí todos os gatos parecem ser pardos e nós arriscamos fichas, roupas, beijos e vidas nesta roleta russa passional.

Acontece que seus olhos são outros olhos, e seu sorriso é um outro sorriso. Houve sintonia, quem há de negar?, mas quando a janela for aberta e a claridade invadir o recinto, todas as formas estarão definidas, todas as cores estarão muito vívidas, e nossos olhares já terão voltado a ser obscenamente cotidianos. Houve sintonia, quem há de negar, mas sob a luz da manhã que nos espera, tudo se torna frustrantemente real demais.

Um comentário:

Flavia Melissa disse...

e quando foi que a realidade virou apenas uma segunda opção?