quarta-feira, novembro 12, 2008

o absurdo da nossa intimidade


Com a mão pousada sobre a tua jugular, eu me pergunto que punhado de vida é essa que habita o teu corpo. Devem haver sonhos por trás destes olhos fechados, deve haver tanta mágoa, tanta alegria, tanto sentimento que eu não tenho acesso. Neste momento eu te desconheço – de teu sei só o nome, o teu sexo e o endereço. O número do seu apartamento, eu acho que era isso, as cores do seu quadro se opõem às minhas, mas a escuridão esconde as nossas diferenças.

Após orgasmos e chocolates o meu coração acredita em qualquer coisa, inclusive nas poucas semelhanças que existem entre nós – se você gosta de palavras chulas, eu mais ainda, mas existe um abismo de diferenças entre nós que somente nossa matéria consegue vencer. Apesar disso, a nossa completa incoerência permite o absurdo de toda esta nossa intimidade. Se foram as risadas em meio às nossas cãimbras eu não sei te dizer, não sei dizer se é o teu peito cheirando a sabonete e balas de iogurte que deixa rastros no meu ombro na manhã seguinte, não sei por que os meus cabelos estão mais frequentemente presos.

Nada disso faz sentido, mas faz todo o sentido do mundo quando estamos ali - ali, com a minha mão pousada na sua jugular, sentindo o pulsar da vida que corre em você, eu cedi à sede vampiresca que se abateu sobre mim e joguei fora qualquer resquício de sanidade mental - se devemos ou não estar juntos agora podemos pensar depois, eu acho que concordo com o que ouvi certo dia, a coerência é o último refúgio dos sem imaginação.

3 comentários:

Flavia Melissa disse...

ah, mas prá que pensar?
o que é bom é bom e pronto.
e ponto.

Anônimo disse...

Eu nao sei o que seria da minha vida sem este blog e o da tua irmã. meu dilema se resume em um amor insano. humm deixa pra lá. beijos moça.

Fernanda S. disse...

que delícia, hein?!?!!
ai, ai, ai