sábado, novembro 24, 2012
choque
delirado por N. Ferreira às 8:10 AM 3 delírios
quinta-feira, outubro 25, 2012
Transe literário
delirado por N. Ferreira às 2:47 PM 0 delírios
domingo, abril 22, 2012
os preços que a gente paga
delirado por N. Ferreira às 2:17 PM 0 delírios
Marcadores: reflexões
quarta-feira, abril 04, 2012
Crer ou não crer. Eis a questão.
delirado por N. Ferreira às 9:59 AM 3 delírios
Marcadores: reflexões
sexta-feira, março 30, 2012
Sobre voltar para casa
Supostamente, as pessoas que usam esse provérbio deveriam experimentar uma verdadeira tranquilidade ao chegarem em suas casas e verem ali, todos reunidos, os elementos de maior importância no estabelecimento de sua segurança: seus familiares, seus gatos, seu travesseiro.
Mas quando tudo na sua vida parece ter sido revirado de pernas pro ar, e nada mais se encontra onde normalmente estava, chegar em casa pode ser um martírio. Pode ser aquele período fúnebre onde cada roupa, cada bibelô, cada livro e cada item do seu armário te provoca uma sensação angustiante. As memórias se tornam inimigas: você reza por uma lobotomia parcial ou quem sabe por um bom pote de pílulas para dormir.
Quando nosso interior está bagunçado, nada mais se encaixa. A paz nunca vem de fora, dizem os mais sábios. E embora isso seja bem nítido no nosso dia-a-dia, não consigo evitar de perguntar: em termo de bem-estar pessoal, o que é voltar para casa?
É fácil se perder em lembranças do passado – tempos de outrora que não voltam mais, em que a declaração do Imposto de Renda era uma fábula, as multas de trânsito uma lenda urbana e os términos horrorosos de relacionamento eram coisas de filme. Sentimos saudades à vontade das épocas em que uma tarde de ócio em casa era um presente e, às vezes, até fruto de uma doença inventada pra mãe; sentimos falta de passar horas no telefone com as amigas. Sentimos falta inclusive das amigas – estas que hoje são casadas e não podem te atender por estarem lavando roupas.
Em tempos em que a realidade é dura e madura – contas, carnês-leão, fraldas e plano de saúde conjunto – é inevitável pensar em quantas coisas fomos perdendo pelo caminho. Talvez boa parte dos sonhos, boa parte das nossas ilusões. Os projetos de glória pessoal que vão intimamente perdendo o brilho, quando você de repente percebe que outras coisas ocupam esta prioridade com uma rapidez assombrosa.
Voltar para casa, no sentido literal, pode ser assustador, e não saber que casa é essa, no sentido figurado, às vezes leva ao desespero. Às vezes essa casa foi um abraço; às vezes, os pratos quadrados que se sonhou ter em casa um dia. Mesmo um filme monótono na sexta-feira a noite pode ser um lar em tempos de solidão, naquelas noites em que o tempo começa a esfriar e você subitamente sente necessidade de aconchego.
O drama da vida adulta é o fato de jamais poder vivenciá-la duas vezes. Perde-se oportunidades pelos caminhos. A casa a qual retornamos de repente nos lembra, dolorosamente, de todas as coisas que não fazem parte deste quadro-cenário ao qual acostumamos a chamar de lar. Como um script perfeito, vagamos neste palco sabendo exatamente onde encontrar cada copo, cada corpo, cada lembrança. E quando não encontramos, esta ausência dói e nada mais pode ser feito a não ser se reincorporar nesse cenário como se aquele espaço vazio simplesmente não existisse.
delirado por N. Ferreira às 3:21 PM 0 delírios
Marcadores: reflexões
quarta-feira, fevereiro 29, 2012
O casulo da dor
Temos muitas maneiras de lidar com a dor e encontrar prazer e conforto. Mas todas se baseiam na mesma coisa: o medo de encarar o desprazer.
Se precisamos ter tudo sob o nosso controle, é porque queremos evitar qualquer tipo de desprazer. Se nós compreendermos tudo, se pudermos ser espertos de encaixar tudo numa espécie de ordem e sentido, numa completa intelectualização, então talvez possamos não nos sentir ameaçados.
Todas as filosofias e sistemas religiosos da história da humanidade são variações do mesmo tema: táticas para lidar com este medo básico da dor. E somente quando estes sistemas falham é que encaramos a tarefa de praticar (o zen). E estes sistemas invariavelmente falham. Porque eles não são baseados na realidade.
Precisamos abrir mão de nossa escravidão a qualquer sistema de evitação da dor e perceber que não podemos escapar do desconforto apenas correndo mais rápido ou tentando mais intensamente. Quanto mais rápido corremos da dor, mais nossa dor nos assola. E quando aquilo do que dependemos para dar sentido à nossa vida não funciona mais, o que faremos?
Para nos tornarmos borboletas, o primeiro passo é perceber que não podemos mais nos manter larvas. Precisamos enxergar além do nosso Deus de conforto e segurança. Temos que entrar no casulo de dor para retornarmos ao absoluto que, diferentemente do que é relativo, abarca tudo que existe, inclusive o sofrimento, a dor e o desconforto.”
delirado por N. Ferreira às 4:49 PM 3 delírios
Marcadores: reflexões
sexta-feira, fevereiro 17, 2012
É carnaval.
Não é adequado usar nenhuma fantasia.
Quando estou longe de você, todas as máscaras caem e só
sobra a hesitação constante: pra qual lado seguir? É fácil dizer que devemos
pagar os preços por aquilo que lutamos, quando sabemos exatamente onde queremos
chegar. Mas se torna extremamente difícil aceitar as consequências de uma
atitude em relação à qual se desconhece os motivos.
Será que consegue entender?
Consegue entender que, a partir do momento em que deixei de
te culpar, não sobrou mais ninguém para responsabilizar a não ser eu mesma?
Esta eu pequena, tão insatisfeita, que sente que incomoda tanto toda vez que
deseja alguma coisa, esta eu que sente que não tem direitos, que não pode ficar
insatisfeita, esta eu que fica infeliz quando sente que não pode entristecer.
Esta eu permanentemente sob cobranças.
Como te explicar que uma parte de mim deseja mais do que
tudo renunciar a este projeto ambicioso de tentar me apaziguar antes de mais
nada, para encontrar a paz junto ao seu lado, enquanto meu outro lado, este
mesmo ambicioso me pune me lembrando, a cada beijo que eu te dou, que não era
isso que eu tinha me proposto?
Como explicar que longe de você eu sofro, mas ao seu lado
sofro também, por detestar a imagem que vejo refletida no espelho? Por
visualizar uma eu tão fraca, tão instável, alguém que simplesmente não suporta
o próprio vazio a ponto de ter vontade de simplesmente sumir do mapa sem deixar
vestígios! É possível compreender isso?
Como poderia te pedir para esperar? Como posso pedir para
você algo que eu não consigo executar? E me apego em textos, em palavras, mesmo
sabendo que estas não dizem nada e perdem a força diante da imagem que passa
veloz na minha frente de um você deitado debaixo dos meus lençóis. Como posso
te pedir serenidade, diante do caos que se transformou a minha mente?
Como posso te explicar que na sua imagem vejo muitas, muitas
coisas, que sinto muitas, muitas coisas, dentre elas a esperança de um futuro
brilhante, em que nós juntos iluminamos um ao outro? Como posso te explicar que
vejo o futuro em você, mas não o vejo em mim, a cada dia que passa e que sinto
as lágrimas corroerem meus olhos e descerem lentas até a ponta do meu rosto,
molhando os papéis em que planejei escrever?
Como posso esperar qualquer coisa, qualquer palavra,
qualquer som, qualquer sorriso, se não vejo o brilho necessário dentro de mim?
Me sobra a esperança de desatar estes nós, chegar à raiz do
problema, ao fio da meada, ao xis da questão. E penso poder te entregar esta
fórmula, e juntos resolvermos esta difícil equação de cabeça e peito abertos,
de olhos pareados, mãos dadas com dedos cruzados apontando o futuro.
“Naturalmente vazio, maravilhosamente brilhante.”
delirado por N. Ferreira às 4:40 PM 2 delírios
Marcadores: pra você
quarta-feira, fevereiro 08, 2012
"Coisas que não podemos esquecer" - sobre perda
As verdades e as mentiras não disputam mais pelo mesmo espaço. Luz e sombra conversam tranquilamente no sofá.
delirado por N. Ferreira às 10:16 AM 0 delírios
Marcadores: reflexões
terça-feira, janeiro 31, 2012
ORAÇÃO PELAS MENTES ANSIOSAS
Ó grande e compassivo Buda!
Minha mente assemelha-se a um emaranhado de fios, e a menos que ela se desembarace e desvencilhe, não conseguirei libertação!
Minha mente assemelha-se a um barco à deriva, e a menos que ela encontre um porto seguro, afogar-me-ei num mar de sofrimentos.
Ó Buda! Rogo a ti: por favor, afasta-me destas preocupantes condições; e guia-me pelo caminho da libertação.
Sei que todos os erros são por mim acarretados; e que todo carma e preocupação são por mim suscitados. Faltam-me, no entanto, determinação para emendar-me e motivação para arrepender-me; e assim, equivoco-me ao contemporizar, perdendo o bom senso e desperdiçando meu precioso existir.
Ó Buda! rogo para que me assistas com teu grandioso poder.
De hoje em diante, abandonarei minha estreiteza de espírito; de hoje em diante, eliminarei o vício da impaciência; de hoje em diante, desenvolverei o espírito da cooperação; de hoje em diante, levarei uma vida de otimismo.
Ó grande e compassivo Buda! Tantas são as pessoas que neste mundo, vivem tão ansiosas e confusas e, por conseguinte, perdem como eu, a noção de risco lamentando-se pelos irremediáveis erros cometidos.
Ó Buda! rogo por tua perene e imensa bênção para que possamos: subjugar Mara² que reside na profundeza de nossas mentes; eliminar nossos vícios de acomodação enegligência; reforçar nossa tolerância e paciência ao professar os teus preceitos; apreender teu meio hábil de aquietar corpo e mente; cultivar a concentração meditativa e prajña³; aumentar nossa coragem para sermos diligentes e não esmorecer; desenvolver bondade amorosa, compaixão, alegria e equanimidade; eliminar os três venenos existentes em nós, por incontáveis eras.
Ó grande e compassivo Buda, peço, por favor:
______________________________
² Māra: O demônio para o budismo. Tecnicamente um deus (deva). Māra é o inimigo do Buda que constantemente tenta aviltar seus ensinamentos com o objetivo de impedir que os seres possam vir a atingir o nirvana, estado no qual eles estariam fora do alcance da sua malignidade.
³prajñā (sânscrito: “sabedoria”): a mais sublime forma de sabedoria; compreensão intuitiva do vazio de todos os fenômenos e da não-dualidade; o mais elevado dos seis paramitas (perfeições). A realização da sabedoria prajñā costuma ser equiparada à conquista da iluminação e é um dos objetivos essenciais da natureza búdica.
delirado por N. Ferreira às 3:56 AM 1 delírios
Marcadores: reflexões
quinta-feira, janeiro 26, 2012
Naipe de Água, as Emoções...
delirado por N. Ferreira às 6:07 AM 0 delírios
Marcadores: delírios
quinta-feira, janeiro 19, 2012
Tenho me esforçado para obter o entendimento correto sobre a situação, mas acho que não estive, desde o princípio, com o peito aberto para o que poderia descobrir.
Sinto perceber que estive pré-disposta, e agora é necessário reconhecer que não tenho sentido exatamente o que havia imaginado.
Embora seja cedo demais para afirmar, é ao mesmo tempo muito tarde já para admitir: surpreendi a mim mesma. Tenho em mim muitas coisas que me eram desconhecidas – o romantismo, a poesia, as lágrimas sobre uma família.
Se o que hoje chamo de amor seria uma forma de apego, talvez seja esta uma lição prática. Preciso encontrar a coragem para este improviso inesperado e de última hora, e a serenidade para entender que, improviso que é, não existe certo, não existe errado, não existe gabarito ou crivo de correção que possa julgar e condenar um ato que, em última análise, jamais deixará de ser um ato de amor.
delirado por N. Ferreira às 5:34 AM 0 delírios
Marcadores: delírios
sábado, janeiro 14, 2012
SDS
delirado por N. Ferreira às 1:53 PM 4 delírios
Marcadores: delírios
sexta-feira, janeiro 13, 2012
Perda
O medo e a culpa passaram a ser guardiões constantes deste período forçosamente triste em que voluntariamente me submeti. A dúvida, a incerteza, e a vontade de sentir a felicidade plena que um dia nos acompanhou foram as forças motrizes desta atitude que, aos olhos de tantos, pareceu tão descabida.
No meu íntimo, gritam as vozes enlouquecidas da esperança de que tudo sirva a um bom propósito, de que o sofrimento valha a pena, de que a distância faça se acurar a saudade latente que já vinha manifesta nos últimos tempos... saudade dolorida que se sente junto; saudade de algo que se encontra ao seu lado; saudade como se tivesse ido embora esta presença constante.
Pois, afinal, se esta perda se fez mesmo em sua presença, não estaria nos poupando a nossa ausência? Não preservaria este pano em frangalhos a evitação de mais uma disputa?
Oro ao deuses que preservem este amor, que nos poupem das amarguras dos casais que já não se amam – que mantenham o amor aceso dentro das almas muito mais do que no corpo, pois estas sim são companheiras eternas.
Quanto ao corpo, o corpo hoje adormece solitário, sob as luzes azuladas do televisor, enquanto chega às narinas o aroma conhecido da única peça de roupa que escondi entre os lençóis – um último refúgio que dê sentido a todo este caos, um abrigo em meio à dor que, de tanto tentar evitar, acabou por se instalar bem no centro, no âmago, no doloroso íntimo do meu coração.
delirado por N. Ferreira às 6:13 PM 0 delírios
Marcadores: pra você