Outro dia li numa revista meio-intelectual-meio-de-esquerda (“Psique”, do grupinho psico) um artigo super in hoje em dia. O nome do artigo já dizia tudo: “COM OS DIAS CONTADOS”.
O artigo me desconcertou. Me deixou meio em pânico, meio aliviada, meio confusa, meio desconfiada, meio aflita.
Dizia ele (o artigo) que os sintomas típicos da paixão (calores e calafrios arrebatadores, taquicardia, vontade de ver o tempo todo, apetite sexual intenso – esse foi o melhor – mensagens de amor o tempo todo, fantasias de futuro e tudo aquilo mais que estamos acostumados a sentir quando nos apaixonamos) são, na verdade, frutos de um desequilíbrio neuroquímico inerente à condição de paixão, que, segundo a Psicologia Evolutiva, nada mais é do que sinais clássicos que fazem o animal manter-se perto do parceiro, o suficiente para procriar a espécie.
Até aí, tudo bem. A palavra “paixão” vem do latim pathos, que significa doença. Que estar apaixonado causa uma certa doença, isso todos nós sabemos. Quem mais, senão os apaixonados, fazem uma série de coisas idiotas que pessoas normais não fazem? Como por exemplo, ficar imaginando como seriam os futuros filhos, mandar mensagens no celular a cada 2 horas, escrever bilhetes de amor ou só falar na pessoa o dia todo.
Bom... ainda segundo este mesmo artigo, esse desequilíbrio neuroquímico (definição: alteração quantitativa e qualitativa da emissão/secreção de hormônios e neurotransmissores, tais como adrenalina, noradrenalina e mais outra porrada de nomes complicados) tende a se estabilizar em, no máximo, 24 meses, donde decorre a supressão TOTAL da maioria destes sintomas.
Em outras palavras: A PAIXÃO DURA, NO MÁXIMO, 2 ANOS.
Terminei de ler o artigo meio branca, meio verde, meio amarelada. Tava inquieta. Quer dizer que paixão dura 2 anos? E depois? O que fazer? Procurar outra pessoa?
Ok, aí vocês me dizem que o que sustenta uma relação não é a paixão. E disso eu já sei, “é o amor!” muitos diriam. Que lindo. Eu juro que também acho. E como um grande amigo já me disse, não se pode tentar basear tudo em fatos científicos.
O problema é que eu, enquanto psicóloga, sou uma cientista. E outro problema é que eu não acredito em amor no sentido romântico da palavra, mas no amor transferencial, projetivo. Amamos aquele no qual depositamos diversas características faltantes em nós, ou desejadas, ou ilusórias. Amamos o que existe de nós mesmos (real ou imaginários!) no outro.
Me peguei lembrando no discurso dos padres em casamentos: “Fulano e Fulana estão aqui hoje para contrair matrimônio...” CONTRAIR matrimônio? Mas contrair... não se usa essa palavra quando se refere a doenças?
Que enrascada! E aí?
É contigo, Beto... socorro.
2 comentários:
mas, calma..e agora, eu não vou mais poder dizer "amo!" pr'aquilo que eu sou apaixonada?
xiii...preciso arranjar outra palavra ASAP!!! i'm looooooost!
Pois é menina! Pão, pão, queijo, queijo. Ou melhor, amor é amor, paixão são outros 500 (ops, outros 24 meses).
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