Freqüentemente é assim: a gente busca, busca, busca, e quando acha, percebe que ainda tem uma porção de coisas a serem buscadas.
Na polêmica da vez, da validade da paixão, não foi diferente. A resposta de todo o imbróglio acabou gerando novas perguntas, excelentemente bem feitas pelo meu querido amigo, e, caramba, de difícil resolução. Vamos a elas.
1 (da credibilidade do artigo) – a pesquisa foi feita segundo as normas internacionais de pesquisa, numa das maiores universidades do planeta. Sim, creio que é absolutamente crível! De credibilidade duvidosa é mesmo o que está por detrás da minha aflição: meu choro quando vou a casamentos nunca é pela noiva, mas sim porque me pego pensando que talvez eu jamais me case. Porque temo que, por mais que a intenção na hora de dizer o “sim” seja sempre boa, seja sempre a de ficar juntos até que a morte nos separe, eu não consiga cumprir a promessa (na verdade, a promessa não seria a de “tentar”? Porque, afinal de contas, ninguém prevê o futuro?). Seria mais uma maneira de fugir da realidade? Será que eu deveria colocar os óculos alla Jackie O. e dizer “não não, é para sempre sim senhor, divórcio é uma alucinação que milhares de casais têm todos os anos!” ??
2 (da possibilidade de se apaixonar várias vezes pela mesma coisa) – acho que isso se torna fácil em se tratando de motos, que não falam, não peidam e nem têm ciúmes. As motos não implicam com suas idiossincrasias cotidianas, não se tornam maçantes com o passar do tempo, não te privam de uma série de coisas. Além do mais, acontece o processo inverso: você não se cansa de amar o motociclismo, assim como eu não me canso de gostar de estar com alguém. Mas você pode cansar da velha motinho e trocar por uma melhor. Por uma mais potente, sem arranhões na pintura, com muito mais cilindradas, ou que seja apenas aquela especificamente ideal pr'aquela fase da sua vida. Não seria a verdade... hm... que na verdade... hm... praticamente tudo é substituível?
3 (da complementaridade das pessoas, ou do mito da “metade da laranja”) – taí uma coisa que eu sempre critiquei, não-romântica que sou. Metade da laranja? Tampa da panela? Alma gêmea? Bah! Bobagem. Já pensou em como fica, se sua metade da laranja simplesmente apodrecer ou for embora? Quer dizer que amar é ser apenas meia pessoa? Fodeu, né?
Não me venha com xurumelas! Amar não é completar, é COMPLEMENTAR. Amar é somar, e não dividir. Para amar (definições a seguir), temos que ser laranjas inteiras, panelas com tampa, um ser uno e indivisível. Não é sensato colocar a cargo de um outro ser humano a responsabilidade por nossa felicidade, e, em minha humilde opinião, é precisamente esse o erro da maioria dos casais que não dão certo: a falta de individualidade, de auto-suficiência, de completude, a excessiva expectativa que colocam em cima de seus parceiros, como se a única forma de felicidade estivesse ali, naquela pessoa. Então os anos passam, as pessoas deixam de estarem apaixonadas (ou de se complementarem) e vão embora, e tudo o que fica é um grande vazio. Não pensem que é fácil ser completo hoje em dia, mas creiam: o amor saudável, não patológico, ideal, é aquela grande laranjada, feita a partir de duas laranjas inteiras. No strings attached.
4 (da sustentação de uma relação a longo prazo) – seria o amor que sustentaria uma relação? Depende tanto! Tenho um amigo, ele provavelmente vai ler isso aqui (e vai ficar puto, portanto não citarei nomes). Esse amigo namora uma menina super recalcada, mas boazinha. Ela o ama, ele já nem tanto. Ele reclama horrores dela, está sempre infeliz, mas continua com ela. O que sustenta a relação? A insegurança. O medo de ficar só. Tenho outro amigo, esse aí é cachorro de carteirinha. Ainda está na fase da paixão. Namora há menos de dois meses. Não se pode dizer que ele a ama (ainda), mas se um dia chegar a amar e permanecer fiel a ela (coisa que duvido), será por tudo, menos por amor. Será por acreditar que deve completar Bodas de Ouro, como ele mesmo me disse. Será porque é um menino religioso, que tenta a todo custo ser legal (e nem sempre consegue) e tem um superego do caralho em construção (o que não o impede de fazer cachorradas). Torço pra que ele seja diferente, mas, na boa, não é por amor. Amor a Deus, só se for... O que sustenta a maioria das relações: comodismo, insegurança, conservadorismo, conformacionismo, superego, criação, MEDO. Quantos casais vocês conhecem que já não sentem tudo aquilo pelo parceiro, há anos já não trepam como gostariam, há anos não se sentem “completos” e nem mesmo um friozinho no estômago sentem mais e... continuam juntos, num amor mais fraternal do que carnal? Conheço dúzias. Recentemente, amiga minha terminou com o namorado. 8 anos de namoro. Dizia que amava o cara mais que a si mesma (ó o erro aí...). Chorou durante exatos 15 dias úteis. Tomou antidepressivos, vontade de morrer. Parou de comer. Foi realmente preocupante. Passados 15 dias? Está dando mais que chuchu em cerca. Feliz. E que venha o próximo. A fila anda. O amor também.
5 (da definição romântica e científica do amor) – essa aí é difícil. Milhares de homens já pereceram na vã tentativa de responder a essa milenar questão. Pelo que escrevi acima, discordo que amar seja se apaixonar infinitamente pela mesma pessoa/coisa. Como já disse, não sou romântica. Sou mulher, mas não sou Pollyana. Amar? Amar é projetar, e transferir, é utilizar. Sim, UTILIZAR, vocês não leram errado! A gente ama por conveniência, por aquela pessoa conseguir suprir nossas necessidades naquele momento. Amar é troca. É uma mão lavar a outra. Costumo dizer que temos sim “almas gêmeas”, uma por fase da vida. As pessoas nos servem. Quando mudamos de fase, geralmente elas não nos servem mais. É cruel! Mas é a realidade! Tiremos os óculos: 2 pessoas jamais conseguem mudar exatamente ao mesmo tempo, da mesma maneira, pra que continuem se completando ad eternumm. Quando isso acontece... surgem as brigas, as diferenças de interesses, a apatia, a falta de amor. O desamar. E passamos pra próxima. Já não aconteceu com vocês? Já aconteceu comigo. Ainda “amo” aquela pessoa, ou melhor, os momentos legais que ele me proporcionou. De certa forma, ainda o amo. Mas ele não cabe mais na minha vida (às vezes me pergunto se algum dia coube, ou se era pura insegurança...). Ele já não proporciona as coisas que me faltam. O amor não foi suficiente pra que permanecêssemos juntos. A gente ama e desama, como amamos uma roupa, e no próximo verão, amamos outra. Depende do peso que adquirimos naquele ano. Depende da “tendência” (de novo?) do momento. Depende do quanto mudamos naquele período de tempo. Amar é momentâneo, carinho sim é eterno. Amar é passageiro, respeito fica. Amar é fugaz, tanto quanto o sexo (mas convenhamos: uma mulher que ama um homem ruim na cama ficará com esse homem menos tempo do que a que não ama um que a faz ver estrelinhas!).
Em tempo (como diz meu querido): falo aqui do amor romântico, amoroso, carnal. Amor familiar, de amizade, aí são outros 500. Tema pra outro post.
Pois como li em algum lugar:
“E assim a vida vai,
Resolvendo seus dilemas.
Plantando nas soluções
A raiz de outros problemas...!”
Na polêmica da vez, da validade da paixão, não foi diferente. A resposta de todo o imbróglio acabou gerando novas perguntas, excelentemente bem feitas pelo meu querido amigo, e, caramba, de difícil resolução. Vamos a elas.
1 (da credibilidade do artigo) – a pesquisa foi feita segundo as normas internacionais de pesquisa, numa das maiores universidades do planeta. Sim, creio que é absolutamente crível! De credibilidade duvidosa é mesmo o que está por detrás da minha aflição: meu choro quando vou a casamentos nunca é pela noiva, mas sim porque me pego pensando que talvez eu jamais me case. Porque temo que, por mais que a intenção na hora de dizer o “sim” seja sempre boa, seja sempre a de ficar juntos até que a morte nos separe, eu não consiga cumprir a promessa (na verdade, a promessa não seria a de “tentar”? Porque, afinal de contas, ninguém prevê o futuro?). Seria mais uma maneira de fugir da realidade? Será que eu deveria colocar os óculos alla Jackie O. e dizer “não não, é para sempre sim senhor, divórcio é uma alucinação que milhares de casais têm todos os anos!” ??
2 (da possibilidade de se apaixonar várias vezes pela mesma coisa) – acho que isso se torna fácil em se tratando de motos, que não falam, não peidam e nem têm ciúmes. As motos não implicam com suas idiossincrasias cotidianas, não se tornam maçantes com o passar do tempo, não te privam de uma série de coisas. Além do mais, acontece o processo inverso: você não se cansa de amar o motociclismo, assim como eu não me canso de gostar de estar com alguém. Mas você pode cansar da velha motinho e trocar por uma melhor. Por uma mais potente, sem arranhões na pintura, com muito mais cilindradas, ou que seja apenas aquela especificamente ideal pr'aquela fase da sua vida. Não seria a verdade... hm... que na verdade... hm... praticamente tudo é substituível?
3 (da complementaridade das pessoas, ou do mito da “metade da laranja”) – taí uma coisa que eu sempre critiquei, não-romântica que sou. Metade da laranja? Tampa da panela? Alma gêmea? Bah! Bobagem. Já pensou em como fica, se sua metade da laranja simplesmente apodrecer ou for embora? Quer dizer que amar é ser apenas meia pessoa? Fodeu, né?
Não me venha com xurumelas! Amar não é completar, é COMPLEMENTAR. Amar é somar, e não dividir. Para amar (definições a seguir), temos que ser laranjas inteiras, panelas com tampa, um ser uno e indivisível. Não é sensato colocar a cargo de um outro ser humano a responsabilidade por nossa felicidade, e, em minha humilde opinião, é precisamente esse o erro da maioria dos casais que não dão certo: a falta de individualidade, de auto-suficiência, de completude, a excessiva expectativa que colocam em cima de seus parceiros, como se a única forma de felicidade estivesse ali, naquela pessoa. Então os anos passam, as pessoas deixam de estarem apaixonadas (ou de se complementarem) e vão embora, e tudo o que fica é um grande vazio. Não pensem que é fácil ser completo hoje em dia, mas creiam: o amor saudável, não patológico, ideal, é aquela grande laranjada, feita a partir de duas laranjas inteiras. No strings attached.
4 (da sustentação de uma relação a longo prazo) – seria o amor que sustentaria uma relação? Depende tanto! Tenho um amigo, ele provavelmente vai ler isso aqui (e vai ficar puto, portanto não citarei nomes). Esse amigo namora uma menina super recalcada, mas boazinha. Ela o ama, ele já nem tanto. Ele reclama horrores dela, está sempre infeliz, mas continua com ela. O que sustenta a relação? A insegurança. O medo de ficar só. Tenho outro amigo, esse aí é cachorro de carteirinha. Ainda está na fase da paixão. Namora há menos de dois meses. Não se pode dizer que ele a ama (ainda), mas se um dia chegar a amar e permanecer fiel a ela (coisa que duvido), será por tudo, menos por amor. Será por acreditar que deve completar Bodas de Ouro, como ele mesmo me disse. Será porque é um menino religioso, que tenta a todo custo ser legal (e nem sempre consegue) e tem um superego do caralho em construção (o que não o impede de fazer cachorradas). Torço pra que ele seja diferente, mas, na boa, não é por amor. Amor a Deus, só se for... O que sustenta a maioria das relações: comodismo, insegurança, conservadorismo, conformacionismo, superego, criação, MEDO. Quantos casais vocês conhecem que já não sentem tudo aquilo pelo parceiro, há anos já não trepam como gostariam, há anos não se sentem “completos” e nem mesmo um friozinho no estômago sentem mais e... continuam juntos, num amor mais fraternal do que carnal? Conheço dúzias. Recentemente, amiga minha terminou com o namorado. 8 anos de namoro. Dizia que amava o cara mais que a si mesma (ó o erro aí...). Chorou durante exatos 15 dias úteis. Tomou antidepressivos, vontade de morrer. Parou de comer. Foi realmente preocupante. Passados 15 dias? Está dando mais que chuchu em cerca. Feliz. E que venha o próximo. A fila anda. O amor também.
5 (da definição romântica e científica do amor) – essa aí é difícil. Milhares de homens já pereceram na vã tentativa de responder a essa milenar questão. Pelo que escrevi acima, discordo que amar seja se apaixonar infinitamente pela mesma pessoa/coisa. Como já disse, não sou romântica. Sou mulher, mas não sou Pollyana. Amar? Amar é projetar, e transferir, é utilizar. Sim, UTILIZAR, vocês não leram errado! A gente ama por conveniência, por aquela pessoa conseguir suprir nossas necessidades naquele momento. Amar é troca. É uma mão lavar a outra. Costumo dizer que temos sim “almas gêmeas”, uma por fase da vida. As pessoas nos servem. Quando mudamos de fase, geralmente elas não nos servem mais. É cruel! Mas é a realidade! Tiremos os óculos: 2 pessoas jamais conseguem mudar exatamente ao mesmo tempo, da mesma maneira, pra que continuem se completando ad eternumm. Quando isso acontece... surgem as brigas, as diferenças de interesses, a apatia, a falta de amor. O desamar. E passamos pra próxima. Já não aconteceu com vocês? Já aconteceu comigo. Ainda “amo” aquela pessoa, ou melhor, os momentos legais que ele me proporcionou. De certa forma, ainda o amo. Mas ele não cabe mais na minha vida (às vezes me pergunto se algum dia coube, ou se era pura insegurança...). Ele já não proporciona as coisas que me faltam. O amor não foi suficiente pra que permanecêssemos juntos. A gente ama e desama, como amamos uma roupa, e no próximo verão, amamos outra. Depende do peso que adquirimos naquele ano. Depende da “tendência” (de novo?) do momento. Depende do quanto mudamos naquele período de tempo. Amar é momentâneo, carinho sim é eterno. Amar é passageiro, respeito fica. Amar é fugaz, tanto quanto o sexo (mas convenhamos: uma mulher que ama um homem ruim na cama ficará com esse homem menos tempo do que a que não ama um que a faz ver estrelinhas!).
Em tempo (como diz meu querido): falo aqui do amor romântico, amoroso, carnal. Amor familiar, de amizade, aí são outros 500. Tema pra outro post.
Pois como li em algum lugar:
“E assim a vida vai,
Resolvendo seus dilemas.
Plantando nas soluções
A raiz de outros problemas...!”
3 comentários:
amei o comment e super apóio (para variar!). cansei de dificultar as coisas, povo. momento confesso de verdade!
quanto mais a gente faz teoria de tendência, jackie O. listras, microspcópio, pesquisas cientificas e tudo o mais...a gente não sente muito bem as coisas. chega de sala de espera: que venham as consultas reais!
e só para constar, continuo dizendo não as marmitas requentadas (mas se vc colocar o mesmo alimento - que eu goste - num prato mais bacana e der um tapa, te juro que encaro!).
Ok, concordo com vcs que a especulação demasiada é prejudicial, mas escutchaaaa... ENTÃO PRA QUE SERVE ESSE BLOG? Se não pra especular, deliberar, refletir, elaborar, produzir?
Ora, façam-me o favor, os senhores são piores do que eu!
Só queria saber:
o que vc acha do amor incondicional?
Nao estou falando so dos amores citados ao final do texto como o fraterno, etc...
Concordo que existam varias almas gemeas, mas acredito que é possivel amar para sempre e sempre!! vc nao?!?
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