Acordo cansada e a cabeça gira.
É de novo domingo.
A casa está silenciosa, lembro que estou sozinha, todos viajando – um silêncio incômodo está sobre mim. Perambulo pela casa um pouco perdida, meio sem saber o que fazer, meio sem saber o que falar. Não tem ninguém – falar o que, para quem?
Checo os sinais. Não, não é a ressaca por ter bebido demais no sábado à noite.
É o “troço” chegando, meu velho conhecido, minha amiga melancolia.
Então já faz 2 horas que acordei e não emiti um único som, minha garganta está seca e meus cabelos cheirando a cigarro, o quarto está de pernas pro ar.
O que foi que aconteceu? – e não consigo me lembrar.
A cabeça gira de novo, por que bebi tanto assim??, e no momento odeio os domingos.
Me percebo sensível, vulnerável, às beiras do choro sem motivo e sem explicação. Este será uma dia delicado, propício a fazer muitas merdas, e penso em ligar pra alguma amiga. Mas não quero falar. Penso em cozinhar alguma coisa, cozinhar sempre me acalma, mas detesto comer sozinha.
Arrumo o quarto como há muito não fazia, acho que se passaram horas mas foram apenas 15 minutos, minha vida afinal não anda tão bagunçada, e o relógio continua me olhando impiedoso e eu tenho medo dele. Preciso ocupar o tempo, preciso me distrair, não deixar o troço entrar. Preciso encontrar um meio de me proteger. Penso em minhas atividades de resgate.
Ir ao cinema? Com esse frio não.
Ler as pilhas de textos que tenho pra ler? Sobre doença mental não. Nem sobre qualquer outra coisa.
Dialogo comigo mesma, onde foi que você se meteu? Como pôde ter chegado a esse ponto? Não respondo, com medo de mim mesma.
Repasso mentalmente uma dúzia de vezes os acontecimentos de ontem, em algum lugar está a resposta de porquê acordei assim. Alguma imagem, algum som, algum comentário. Alguma solução pra algum problema escondido.
Levanto, me sento, levanto novamente, começo a me desesperar enquanto acendo o décimo cigarro. É um dia de resgate, penso até em chamar o SAMU, alguém precisa me ajudar. Preciso recuperar o controle, não posso me deixar levar.
Ligar pra terapeuta? Não.
Fazer hidratação no cabelo? Não.
Assistir algum dos mil filmes do Woody Allen que estão aqui em casa? Definitivamente não.
O que acontece comigo?
Percebo os sinais: não, não estou tendo uma crise de ansiedade. Não vou ficar menstruada, não é a ressaca nem um momento de evolução.
Sou simplesmente eu e eu mesma, frente a frente, cara a cara, e um momento de redenção: preciso olhar para dentro de mim mesma, não dá mais pra evitar, essa criança aqui dentro acordou chateada e precisa de colo. Só eu posso lhe dar.
Estou com você. Pelo menos por hoje.
Sim, estou com você neste domingo, me dá sua mão, esquece os porquês. Hoje sou eu e você.
Ligo o computador, boto tudo pra fora, um vômito literário.
Amanhã é segunda, tudo vai ficar bem.
É de novo domingo.
A casa está silenciosa, lembro que estou sozinha, todos viajando – um silêncio incômodo está sobre mim. Perambulo pela casa um pouco perdida, meio sem saber o que fazer, meio sem saber o que falar. Não tem ninguém – falar o que, para quem?
Checo os sinais. Não, não é a ressaca por ter bebido demais no sábado à noite.
É o “troço” chegando, meu velho conhecido, minha amiga melancolia.
Então já faz 2 horas que acordei e não emiti um único som, minha garganta está seca e meus cabelos cheirando a cigarro, o quarto está de pernas pro ar.
O que foi que aconteceu? – e não consigo me lembrar.
A cabeça gira de novo, por que bebi tanto assim??, e no momento odeio os domingos.
Me percebo sensível, vulnerável, às beiras do choro sem motivo e sem explicação. Este será uma dia delicado, propício a fazer muitas merdas, e penso em ligar pra alguma amiga. Mas não quero falar. Penso em cozinhar alguma coisa, cozinhar sempre me acalma, mas detesto comer sozinha.
Arrumo o quarto como há muito não fazia, acho que se passaram horas mas foram apenas 15 minutos, minha vida afinal não anda tão bagunçada, e o relógio continua me olhando impiedoso e eu tenho medo dele. Preciso ocupar o tempo, preciso me distrair, não deixar o troço entrar. Preciso encontrar um meio de me proteger. Penso em minhas atividades de resgate.
Ir ao cinema? Com esse frio não.
Ler as pilhas de textos que tenho pra ler? Sobre doença mental não. Nem sobre qualquer outra coisa.
Dialogo comigo mesma, onde foi que você se meteu? Como pôde ter chegado a esse ponto? Não respondo, com medo de mim mesma.
Repasso mentalmente uma dúzia de vezes os acontecimentos de ontem, em algum lugar está a resposta de porquê acordei assim. Alguma imagem, algum som, algum comentário. Alguma solução pra algum problema escondido.
Levanto, me sento, levanto novamente, começo a me desesperar enquanto acendo o décimo cigarro. É um dia de resgate, penso até em chamar o SAMU, alguém precisa me ajudar. Preciso recuperar o controle, não posso me deixar levar.
Ligar pra terapeuta? Não.
Fazer hidratação no cabelo? Não.
Assistir algum dos mil filmes do Woody Allen que estão aqui em casa? Definitivamente não.
O que acontece comigo?
Percebo os sinais: não, não estou tendo uma crise de ansiedade. Não vou ficar menstruada, não é a ressaca nem um momento de evolução.
Sou simplesmente eu e eu mesma, frente a frente, cara a cara, e um momento de redenção: preciso olhar para dentro de mim mesma, não dá mais pra evitar, essa criança aqui dentro acordou chateada e precisa de colo. Só eu posso lhe dar.
Estou com você. Pelo menos por hoje.
Sim, estou com você neste domingo, me dá sua mão, esquece os porquês. Hoje sou eu e você.
Ligo o computador, boto tudo pra fora, um vômito literário.
Amanhã é segunda, tudo vai ficar bem.