segunda-feira, novembro 10, 2008

da prepotência humana


Dentre os maiores males que enxergo no Homem, creio ser a prepotência o pior deles. É nela que se origina toda a sorte de atitudes defensivas, arrogantes e, arrisco dizer, divinatórias, que envenenam a alma do ser humano – não crê o Homem saber de tudo o que lhe cerca? Não crê o ser humano ser tão mais do que tudo ao seu redor? Não crê o bicho homem poder adivinhar o futuro e ‘já saber o final da história’ com ares altivos? Das previsões do futuro – geralmente catastróficas – decorre todo um espectro de sentimentos diametralmente opostos, e o homem é tomado por insegurança, pessimismo, desesperança. E se refugiam os homens em suas mentes, em sua razão, em sua lógica. Nada existe de mais prepotente do que a crença do homem de que o que o diferencia do restante dos animais é a sua inteligência e a capacidade de raciocínio.

Para aqueles que julgam-se seres racionais e superiores, tenho apenas uma coisa a dizer: Prepotentes! São tão bicho quanto qualquer macaco ou mariposa – a diferença entre homens e outros animais inside não no raciocínio, mas na capacidade de controlar suas paixões.

Para os que consideram a mente a grande ferramenta do Homem, tenho algo a dizer: Tolos! Pois se é justamente na mente que nascem nossos maiores demônios – os do coração, com o tempo, transformam-se em virtudes. Tolos! Pois é no coração e na alma que brotam nossos maiores guerreiros, que irão decepar a cabeça de nossos dragões mentais.

Para aqueles que julgam a razão uma técnica conveniente de se defender de perigos, tenho algo a dizer: Covardes! Esquecem que a razão serve única e exclusivamente para balizar vossas emoções, para mais nada. A razão é uma forma de ser conivente com atos desesperados e arranjar grandes desculpas pros arroubos do coração – ilude-te a razão criando grandes explicações. A razão é uma cúmplice.

Olha para teu coração e saúda o mestre de tua vida: é o coração tal qual um cavalo selvagem. Não se lhe põe grilhões, não se impõe a ele estribos, não se penduram nele selas. Só se galga este cavalo se for em pelo: não existe domínio, existe um suave controle, existe uma aliança. Para esta parceria, aviso: se necessita coragem. Se necessita valentia e força de caráter – jamais se pode enganar um coração e sair ileso.

Prepotentes, reafirmo!, aqueles que tentam, como grandes débeis mentais, colocar correias em seus corações. Pois se não é justamente o medo contido neles que os impele a tal atitude patética? Pobres coitados iludidos aqueles que se congratulam por ter nas mãos um par de rédeas sem perceber que elas estão atreladas a nada, galopam a favor do vento rumo ao abismo da resignação. Suas mãos podem ser firmes; o espírito, valente, mas de nada te serve a valentia se não tiveres a consciência de tua eterna sumissão aos desejos de tua alma.

Larga tuas rédeas! Liberta-te de amarras! Não é nada, senão sua razão, que te prende a uma vida viciada em sofrimentos e medos do futuro.

Abandona-te à sorte de tua alma! Confia na completa loucura de teu coração. As paixões são efêmeras como o segundo – nada, de bom ou ruim, dura o bastante para ferir o espírito.

Os prazeres de uma alma liberta superam as dores de uma mente aprisionada. Finca tua consciência no solo, vigia a natureza de tuas emoções, utiliza a razão somente para distinguir o bem do mal, e lembra-te que podes controlar, mas jamais dominar um espírito selvagem.

Do resto se encarrega o acaso. Há de se contar com um bocado de sorte na vida.

Percebe-te livre das ilusões, e terás todo o universo em teu peito.

7 comentários:

Fernanda S. disse...

Estava pensando sobre este assunto neste final de semana (não por mero acaso ou coincidência, me dão motivos pra isso), mas jamais escreveria tão bem como vc fez.

Certo dia alguém me aconselhou a agir sempre com o coração, pois deste vem a pureza e beleza do sentimento de querer ou não fazer algum coisa. Acabei seguindo. Acabei me ferindo, mas nem sempre. Há vezes em que o coração é compreendido e outras tantas não... nessas a gente se fere, mas aprende a não ser mais tola!

Adoro demais!

Beijocas

Anônimo disse...

Amém!

xD

Flavia Melissa disse...

cacetadanocaralho, deixa eu respirar e ler de novo.

Marcello Fiore disse...

que paulada na moleira amore...

Anônimo disse...

Linguagem imperativa sempre com maior força.
Parabéns pelo texto, realmente é uma "paulada"
Abraços

ALZE disse...

Alze

Poderia até dizer ser uma verdade absoluta se acreditasse no unico,mas mesmo assim digo que o texto representa uma verdade incontestável, HOMENS, SERES, cadê o AMOR???

Abraços


Obs: Pensem o "HOMEM NÃO MORRE PELO QUE ENTRA PELA BOCA MAS MATA PELO QUE SAI"

Unknown disse...

Não sei se choro ou se rio, mas a vida deve ser vivida na vida que a vida vive. A vida para ser vivida necessita de um ato sem ser fato, não ato de ator, nem fato de fazer, mar de ser. Ser o que o outro às vezes pensa que nós sejamos. 'nós mesmos', sem parecer ser, mas de fato ser. Ser o que você é e não ser o que o outro quer. Assim, a vida será vivida na vida que a vida vive.Lourival Silva